Wednesday, 11 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1317

Eduardo Ribeiro

‘Demorou, mas esta semana arrisco afirmar (mesmo correndo os riscos das voltas que o mundo dá) de que as boas notícias estão de volta. Talvez fosse mais correto dizer que estão começando a voltar, já que entre a intenção e o gesto há ainda um abismo muito grande a nos atormentar – o gigantesco desemprego.

Mas vamos, então, às boas novas, para mostrar que não estamos aqui só para prosear.

A primeira boa nova vem da Editora Símbolo, empresa de porte médio do mercado editorial de revistas, sediada em São Paulo, que decidiu pisar fundo no acelerador e lançar ainda este ano mais de uma dezena de novos títulos, muitos deles filhotes de três de suas publicações consagradas: Atrevida, Corpo a Corpo e Chiques & Famosos. Na coluna de quarta-feira passada demos um pequeno insight do que a empresa estava preparando para esse ano, mas era ‘apenas a ponta do iceberg’. Para os que não leram, lembro que a Símbolo criou uma nova Divisão – Trabalho e Negócios -, chamando para dirigi-la a colega Laís Castro. De lá, vão nascer dois títulos ainda esse ano, um deles já anunciado, a revista Vida Executiva, focado nas mulheres que trabalham, que será lançada em 5 de maio. Laís já montou um pequeno núcleo editorial, no qual estão Ivonette Lucírio, editora-chefe, Andréa Bid, editora de Arte, e a repórter Juliana Nogueira.

Vem por aí três filhotes da Atrevida, sob o comando de Catarina Arimatéia, a diretora da Divisão de Publicações Multitemáticas da Símbolo. São eles a Atrevida Testes, com periodicidade mensal (revezando-se com a revista mãe, que também é mensal), a Fashion, semestral (que circulará no período de influência dos dois grandes eventos de moda do País) e a Vestibular, em forma de anuário. As três serão editadas por Sérgio Crusco, com Direção de Arte de Marisa Corazza.

Corpo a Corpo, que integra a Divisão Saúde, dirigida por Rosana Farias, também está dando cria. Serão lançadas, em seqüência, a Look, só sobre cabelo e maquiagem, que terá, em princípio, periodicidade trimestral; a Plástica, a ser lançada em junho, com periodicidade semestral; e a Fitness, bimestral, com lançamento programado para julho. E mais: a Divisão vai ter também um novo título, a revista Viva Saúde, que irá para as bancas em maio, com periodicidade mensal, sob o comando da editora Yara Achoa, colega que regressou à Símbolo especialmente para tocar o projeto, com direção de Arte de Mari Helena.

Raça Brasil, outro título tradicional da editora, está passando por uma reforma completa, em termos editoriais (ganhará mais páginas, puxando mais pelas matérias de comportamento e serviços), e já em abril volta a ser mensal, sempre sob o comando da editora-chefe Conceição Lourenço.

No núcleo das semanais, dirigido por Décio Piccinini, estão sendo preparados os lançamentos de três filhotes da Chiques & Famosos: Moda, Noivas e Gourmet, todas com periodicidade semestral, edição de Jacques Jesus e Direção de Arte de Rubens Tonelli.

Claro, são investimentos que se farão com base na nova realidade imposta ao mercado editorial pela crise sem precedentes que o afetou, o que significa equipes enxutas e muitos frilas. De todo o modo, temos aí ao menos meia dúzia de novos empregos gerados e certamente muito trabalho que será contratado dos colegas que hoje estão desempregados.

Outra boa notícia vem lá das bandas do Grupo Estado. Mais especificamente do Jornal da Tarde. O JT acaba de anunciar a criação da edição Fim de Semana do Jornal do Carro e com ela a criação de três vagas na equipe comandada por Lúcia Camargo Nunes, editora tanto do JC quanto do Auto&Acessórios (suplemento dominical do Estadão). Foram contratados os repórteres Mário Cursio (vindo da Editora Online) e Vítor Marques (de saída da Car Stereo Tuning) e já está na equipe a repórter Cinthia Rodrigues, formada pelo Curso de Focas, do próprio Estadão. Além disso, o jornal contratou o repórter Josmar Jozino para cobrir Polícia, área na qual atuou por cerca de nove anos no Diário de S.Paulo, de onde saiu há apenas alguns dias.

O que estaria levando o JT a fazer tais investimentos? Certamente uma aposta na retomada do crescimento econômico, o reequilíbrio nas suas contas e uma vontade danada de buscar a liderança no segmento popular, disputado palmo a palmo com o Diário de S.Paulo (Organizações Globo) e o Agora São Paulo (Grupo Folha).

Bem, os mais ranzinzas vão dizer que na verdade o JT está pegando o que jogou antes fora, em termos de emprego. Verdade, mas assim é o ciclo do mercado. Primeiro parou de demitir, depois estabilizou na baixa e agora voltou a contratar – e de forma vigorosa. E nada faz crer que vai parar por aí.

Imagino que logo logo tanto Diário quanto Agora terão de reagir, para não comer poeira. E aí os editores de ambos terão fortes argumentos para exigir das respectivas direções investimentos em equipe – a mais fundamental nessa guerra, sobretudo depois da visível queda de qualidade que atingiu todos os veículos nos últimos anos, fruto do encolhimento das equipes, Brasil afora.

Na última semana também falamos dos investimentos da Record no lançamento do novo programa jornalístico dominical, sob o comando do diretor Carlos Amorim e do editor-chefe Hélio Matosinho, mas não mencionamos os quatro editores que foram contratados para a equipe, além de outras confirmações. Fecharam com a Record e já estão trabalhando no novo núcleo os colegas Gilberto Lima (ex-Band, Globo e Canal 21), Valmeron de Bona (ex-Estadão, Globo e Band), Eduardo Acquarone (que esteve por larga temporada na CBS, em Miami, na equipe então dirigida por Marcos Wilson, e que nos últimos dois anos foi da Reuters) e Vanessa Kalil (ex-SBT e Cultura). Além deles, estão na equipe o produtor-repórter Afonso Mônaco, colega que já foi da Globo e da Band, e o coordenador de Produção Cristiano Teixeira (que esteve por cinco anos no Jornal da Band). Também quatro, dos cinco apresentadores, estão definidos: Lorena Calábria (atualmente no Multishow e ex-Cultura), Amália Rocha (ex-Band), Otaviano Costa e Nil Marcondes (o Jamanta, da Turma do Gueto).

Se não estamos diante da salvação da lavoura, ao menos temos aí ligeiros indícios de que a curva das oportunidades do mercado voltou a subir. E se as más notícias contagiam, o mesmo vale para as boas. A roda tende a girar no mesmo sentido. E isso poderemos conferir nas próximas semanas e meses. Como também na área de publicidade os sintomas são de melhora, tudo faz crer que realmente estejamos num processo de reversão de expectativas em relação ao mercado. Claro que há, ainda, a incógnita relativa ao brutal endividamento das empresas e das negociações com o BNDES, que podem tanto alavancar quanto derrubar o mercado, dependendo do que venha pela frente.

Vamos torcer e, claro, trabalhar – se nos deixarem.’



SIMPLES & SERVIÇOS
Félix Ruiz Alonso

‘Sucesso das sociedades simples’, copyright O Estado de S. Paulo, 28/03/04

‘O novo Código Civil, que entrou em vigor no início de 2003, criou as sociedades simples de serviços – isto é, sem capital -, que podem servir muito bem para movimentar a economia num país como o nosso, em que há falta de investimentos em capital de risco.

Há sociedades simples de capital, de serviços e mistas de capital e serviços – embora aqui esteja se focando só as de serviços, uma vez que sociedades de capital e mistas (capital e indústria) não são novidade, no mercado.

As sociedades simples de serviços se caracterizam pelo fato de que os sócios não se obrigam a contribuir com um determinado capital, mas com seus serviços. Partilharão entre eles os ganhos obtidos com seu trabalho, na proporção das quotas de serviço que cada um tiver, na sociedade.

São sociedades ainda desconhecidas no mercado, pois são uma novidade. No fim do ano que passou registraram-se as primeiras. Entretanto, o Brasil reúne condições para se beneficiar desse novo tipo societário.

Ditas sociedades estão surgindo sob o impulso de um empreendedor. Trata-se de pessoas que enxergam um determinado negócio e arrastam outros interessados e, juntos, criam a sociedade de serviços.

O prof. Miguel Reale, em artigo publicado no Estado em 27/9/2003, diz que o serviço a prestar ‘pode ter o maior espectro, desde a categoria dos pedreiros ou cabeleireiros até a dos advogados ou engenheiros’.

Na prática, qualquer atividade econômica de menor porte, que não chegue a ser empresarial, pode ser realizada através das sociedades simples de serviços.

O fato de que as sociedades de serviços não tenham conta de capital não significa que não necessitem de recursos. Ditas sociedades podem recorrer ao sistema financeiro de economia solidária, onde encontram recursos cujos juros oscilam entre 1,50% e 2,25% ao mês.

A criatividade, característica brasileira, contribui também para o aparecimento de sociedades de serviços, criam-se negócios novos: seleção e reciclagem de lixo, cata de latas de alumínio, lavanderias de roupa, fisioterapia, serviços domiciliares, professores particulares, ensino de línguas, etc.

Se o Brasil reúne condições idéias para a multiplicação das sociedades simples de serviços, que serviriam para regularizar e potencializar a economia, criando trabalho, por outro lado encontram o problema de serem desconhecidas.

Quando se fala em sociedade para realizar uma atividade econômica imediatamente pensa-se no capital. Seria muito oportuno que o governo incentivasse as sociedades de serviços, concedendo-lhes uma redução do imposto de renda. Tal medida levaria a descoberta das sociedades de serviços, com a conseqüente explosão do trabalho.’

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