O New York Times divulgou seus – nada animadores – resultados do último trimestre de 2011. Mesmo com o sucesso do lançamento do plano de cobranças do jornal online, a receita do grupo diminuiu, mais uma vez, no ano passado. E, como as despesas aumentaram, os lucros caíram ainda mais.
Como sempre, o grande culpado são os anúncios impressos, que vêm diminuindo constantemente nos últimos cinco anos. As tendências dos últimos cinco anos também sinalizam o futuro do NYTimes: reestruturação e encolhimento até que o tamanho da redação e da organização esteja finalmente alinhado com o tamanho da operação online, que está prosperando. A estimativa, afirmam Henry Blodget e Kamelia Angelova [New York Times, 4/2/12], é que o negócio digital seja suficiente para sustentar de 1/3 à metade da redação.
Segundo os últimos números divulgados, os anúncios digitais totalizaram US$ 234 milhões (em torno de R$ 404 milhões) em 2011. Se os 300 mil assinantes digitais pagam agora US$ 15 (cerca de R$ 25) por mês, isto acrescentaria mais US$ 40 milhões (o equivalente a R$ 60 milhões) de receita anual. Juntos, os anúncios digitais e as assinaturas geram US$ 275 milhões (R$ 474 milhões) de receita anual. Isto deve ser suficiente para financiar US$ 100 milhões (R$ 172 milhões) de gastos anuais da redação, com outros US$ 150 milhões (R$ 258 milhões) gastos em vendas, tecnologia, operações e gerência. Os custos atuais da redação do NYTimes são de cerca de US$ 200 milhões (R$ 345 milhões) ao ano.
Reestruturação
Felizmente, o NYTimes não está em perigo de falência imediata, como estava há alguns anos. Graças a cortes de custos, a empresa voltou a ser rentável. Devido à reestruturação de dívidas durante a crise financeira, o NYTimes também renegociou margens de pagamento. No entanto, isto não resolveu os problemas a longo prazo.
O principal negócio do grupo, o jornal impresso, está encolhendo, e o negócio digital, embora de sucesso, não pode substituir a receita e os lucros perdidos no impresso. Depois de um século de crescimento, no começo desta década houve um auge de mais de US$ 3 bilhões (R$ 5 bilhões) em receita e US$ 500 milhões (em torno de R$ 863 milhões) de lucros operacionais. Nos anos seguintes, no entanto, estes números começaram a cair. Mesmo com os cortes enormes feitos desde os anos 2000, seus lucros operacionais não se aproximam dos bons resultados de uma década atrás. A não ser que o grupo descubra um modo de melhorar a receita do impresso, esta tendência continuará.