Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O xis da questão

Em vez de dedicar tanto espaço ao tema a mídia deveria ressaltar os problemas causados pelo alcoolismo que assola o nosso país. Quantas famílias são dizimadas em acidentes causados pela embriaguez? A propaganda de bebidas alcoólicas deve ser repensada, assim como foi a dos cigarros.

Marcelo Eduardo, Rio de Janeiro

Próprio da cultura

O que tem de errado em Zeca Pagodinho quebrar um contrato? Na Suécia teria tudo de errado, pois contrato quebrado significa, no mínimo, multa pesada. Já no Brasil, pelo visto, faz parte da ‘cultura’ nacional não respeitar contrato ou palavra. E ainda se pergunta por que somos o eterno país do futuro…

Rodrigo Carvalho, engenheiro da computação, Fort Lee, EUA

Rindo à toa

É mesmo uma gracinha. Fotos em quatro colunas, um fuzuê danado. Nem as bombas do Hamas e o Waldogate têm aparecido com tanta freqüência na mídia como a tal ‘trairagem’ do Zeca Pagodinho. O governo barbudo despencando de sua própria incompetência e o Zeca rindo à toa com os tais 3 milhões no bolso, a geladeira cheia de cerveja. E a gente, no embalo do samba da traição, ‘vai levando’, como diria o outro sambista, aquele que nunca apareceu num anúncio, o Chico. É mesmo uma gracinha.

Publicitários com ego de argentino discutem a ética por causa do Zeca. ‘Porque o Nizan é gênio’, ‘porque não podia trair’. E mais um processo. E outro processo na mesa dos juízes, que não dão conta nem das encrencas de verdade que têm para resolver. Nossa propaganda, uma das mais qualificadas do mundo, tem excelente padrão técnico, mas nunca foi e nem vai ser tão logo trincheira da ética. Se assim fosse, Ronaldinho teria que devolver o dinheiro que recebe para tomar Brahma em temperatura ambiente, pois que ética existe numa campanha que mostra um atleta como garoto-propaganda de bebida alcoólica?

E que ética existiria então na propaganda do cigarro, que rega com mel assassino o caixa das grandes agências nacionais? Acho que nesta história o que tem de melhor é ver que o país ainda tem daqueles malandros antigos, de sapato branco e terno de linho, que só matavam a gente de rir. Este é o Zeca, sambista da nova geração que injustamente chamam de pagodeiro. O Zeca não traiu porque o velho malandro não trai. Simplesmente é mais esperto. O Zeca enganou os gênios da propaganda, a Schin e a mídia, onde sai de graça. Inclusive neste espaço. Um dia, quem sabe, ainda vou pagar uma Brahma pro Zeca.

Robinson Nogueira, jornalista e publicitário, Toledo, PR

Só uma vantagem

Ora, e lá vem ao caso qual cerveja o pagodeiro com fígado de aço está tomando ou vendendo? Coitado de um povo que dá tamanha importância aos truques rasteiros desse marketing ridículo que infesta os intervalos do costumeiro lixo televisivo nacional. Um serve muito bem de complemento ao outro. Quem sabe, só uma vantagem nessa celeuma criada para o deleite máximo das cervejarias: pelo menos durante algum tempo acrescentou-se um algo mais à enxurrada de bundas e textos estúpidos costumeiramente encontráveis na publicidade de cervejas neste país…

Ramón A. Portal, advogado, Bauru, SP

Chega de baderna

Muito interessante a forma em que foi conduzida a entrevista de Zeca Pagodinho pela revista Veja. Muito pertinentes as perguntas. Pena que o entrevistado, excelente sambista e pagodeiro, quiçá o melhor, mostrou-se péssimo ator, pois representou muito mal quando encenou suas respostas. Em pleno século 21, quem vai assinar um contrato milionário sem antes lê-lo? Somente o Zeca Pagodinho mesmo, que não cumpriu o contrato celebrado com a Nova Schin, transferiu sua responsabilidade para a Brahma e ainda está subestimando a nossa inteligência. O que diria se estivesse entre nós, hoje, Gregório de Mattos, que, há séculos, denunciou que a nossa Justiça era ‘bastarda, vendida e injusta’? Não basta uma multa contratual, deve-se aplicar uma pena mais severa, e a propaganda tem de parar de ser veiculada.

É muito fácil e cômodo desrespeitar um contrato, pagar a multa previamente estabelecida e sair dando ‘banana’ a todo mundo, principalmente o mundo jurídico, como se fosse o maioral, onipotente e inatingível. Nesse caso, a multa pecuniária não penaliza, muito menos intimida o infrator para inibir futuras infrações, assim como não se faz valer o equilíbrio entre direito e o dever. O canhoto do cheque é o motivo das infrações contratuais, o corporativismo e a falta de compromisso com os eleitores são o regador da máfia e da corrupção política patente, a impunidade é o incentivo à prática de crimes, e tudo de ruim que, diariamente, verificamos nesse nosso país. É preciso acabar com essa baderna.

Alexandre Franco, comerciante, Lauro de Freitas, BA