Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

JN lamentável

Realmente lamentável o ocorrido no Jornal Nacional, que engoliu as desesperadas tentativas iniciais do governo espanhol em atribuir os atentados de Madrid ao ETA, e depois candidamente passaram às evidências de envolvimento da al-Qaida, sem sequer mencionar o erro, uma autocrítica ou até mesmo uma condenação do governo ibérico pré-eleitoral. Contudo, isso se relaciona em muito à manchete principal do sítio do OI, quanto à qualidade do jornalismo norte-americano que, por razões evidentes, faz escola em todo lugar. A questão que antes preocupava, de versões online e impressas, atemoriza menos os jornais dos EUA, e lembra as ‘brigas’ LP-CD,VHS-DVD etc. Mas a preocupação de fundo continua sendo econômica, e não de conteúdo.

E aí reside o nó da questão. Após a Guerra do Golfo, com a feérica e surpreendente cobertura da CNN, essa sigla transformou Atlanta na Meca do jornalismo televiso moderno: cobrir um conflito armado ao vivo! Entre os dois conflitos no Iraque, e conseqüentemente, entre os Bush pai e filho, ficou fácil observar que em termos de TV, que já teve Walter Conkrite como comentarista e hoje exibe os rosnados rápidos de um Larry King, todas as redes passaram a se pasteurizar no formato e rapidez, e não só a CNN com ligações suspeitas no governo, mas de modo ainda mais ‘otimizado’ no conflito atual com a Fox. Os sempre venerados periódicos norte-americanos, como The New York Times e Washington Post, passaram a contratar pessoas e a adotar linhas editoriais mais esquisitas: onde estão os Woodward de hoje? Serão Blairs? Uma coisa, afinal, não foge à norma: a televisão brasileira a copiar a norte-americana e, mesmo sem isso, a ser pontual, factual, vazia de informações e muitas vezes não-confiável.

Será o fantasma de Amaral Neto, repórter multiplicando suas assombrações dos tempos de regime militar? Seja como for, mesmo sendo os atentados na Espanha de importância crucial, em algumas oportunidades assisti a matérias de cunho médico com erros grosseiros, talvez por conta da edição, e não de entrevistados (em especial as ‘coladas’ de material do exterior e releases), e gentilmente mandei e-mails aos responsáveis dos jornais da Globo exortando a breves correções de ordem técnica, de poucos segundos na edição posterior. Não é preciso adivinhar que apenas recebi um e-mail de retorno do tipo ‘tomamos conhecimento de suas observações…’, mas lá na telinha, nada.

Preocupam-se, com razão, se os leitores/consumidores norte-americanos continuarão a se interessar por noticiários e seu conteúdo, mas com um viés mercantil. A internet parece já não assustar, mas não rende tanto quanto os meios convencionais. A falta de repórteres escrutinadores e corajosos, departamentos de pesquisa, comentaristas sedimentados cada vez mais se faz observar. Quais serão as mudanças reais no jornalismo do futuro? Enquanto ao menos há um debate aprofundado na América do Norte, por aqui a maior rede de televisão não diferencia ETA de al-Qaida e embrulha os espectadores, como se o fato normal fosse.

Celio Levyman, médico, São Paulo

Mentira em horário nobre – Canal do Leitor

O ataque dos clichês assassinos

Não agüento mais ouvir os jornalistas da TV. As expressões ‘resgate da cidadania’, ‘resgate da auto-estima’, ‘correria do dia-a-dia’, ‘São Paulo da garoa’, ‘Terra da garoa’, ‘tupiniquim’, ‘Paulicéia desvairada’ dão enjôo! Socorro!

Silvia Godoy, São Paulo

Horror no Videoshow

Promover a censura nos meios de comunicação, principalmente na TV, não é uma boa idéia, mas me parece que algum tipo de controle, autocrítica, análise ou discussão deve ser feita ou exigida pela sociedade. Na quinta-feira, dia 25 de março, por volta das 14h, a Rede Globo mostra no programa Videoshow uma série de cenas que custei a acreditar que estava no ar. Os créditos diziam ‘os crimes inesquecíveis da TV’. Eram as cenas mais horríveis de todas as novelas e programas produzidos pela Globo em todos estes anos, com mortes, assassinatos, tiro, sangue, gente caindo de edifício, golpes fatais; imagens e diálogos que foram exibidos originalmente em horário ‘nobre’, quando se supõe que as crianças não estão mais vendo TV.

Foi, sinceramente, chocante. Às duas horas da tarde tem muita criança e adolescente vendo televisão. Isto é invasão de privacidade, surpreender um espectador com estas imagens. De quem é a responsabilidade? Isso é gerar violência; é levar a violência para dentro da casa das pessoas sem pedir permissão. É um desrespeito, não é democracia nem liberdade de expressão.

Lucia Helena, jornalista, Porto Alegre

Modelo decadente – Caderno do Leitor

A publicidade é assim, ora!

Nenhuma empresa faz da publicidade mero instrumento de vitrine. O preço alto de um anúncio requer maximização do processo de comunicação, que valide a relação custo-benefício. Isto é, quem quer ver seu produto associado a dois blocos de baixaria na TV, num intervalo comercial? Mesmos os pobres e ignorantes querem consumir ‘biscoito fino’, o que em determinada programação torna a veiculação inviável, mesmo com a audiência do target!

Warner Burchauser, consultor, Campinas, SP

Questionem os dados

Em vez de apenas citar os números do Ibope referentes a determinados programas, por que a imprensa brasileira (inclusive vocês do OI) nunca questionam a veracidade dos dados apresentados pelo Ibope?

André Victor Sartorelli, estudante, São Paulo