Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Lilian Fernandes

‘Quando foi gravar uma edição sobre tatuagem para o programa ‘Tribos’, que estréia hoje, às 21h15m, no Multishow, Paulo Vilhena não titubeou: cravou no corpo, mais precisamente na panturrilha, seu décimo-primeiro desenho, uma onda.

– Dizem que quem faz tatuagem fica viciado. Não teve jeito: quando ouvi aquele zuuuuuummmmm da agulhinha, quis logo fazer mais uma – conta o Paulo César da novela ‘Celebridade’, que vai mostrar o resultado no programa.

Apresentador ‘descontraído e multitribos’

É assim, participando ativamente das reportagens e se divertindo, que o ator pretende levar o ‘Tribos’. A atração é a maior aposta da nova grade do Multishow, que entrará no ar gradativamente e privilegia abertamente o público jovem. A cada edição, Vilhena, acompanhado de um famoso, vai mostrar como se comporta uma tribo diferente ou, por outra, um grupo de pessoas unidas por um gosto comum. A produção é da Panorâmica, que, ao oferecer o projeto para o canal, sugeriu o nome do ator descolado para comandá-lo.

– No planejamento do Multishow para 04/2005, estabelecemos um foco mais voltado para o público jovem, e decidimos investir em produção brasileira. Foi aí que surgiu o ‘Tribos’, programa que se tornou a ponta de lança desta estratégia. Quando a produtora nos mostrou o teste com o Paulinho, ficou claro que ele era ‘o cara’: descontraído, com grande capacidade de improviso, multitribos – diz Wilson Cunha, diretor do Multishow.

Esta noite, os telespectadores vão acompanhar uma incursão de Vilhena e Carolina Dieckmann a um baile funk na favela Rio das Pedras, na Barra. Os dois se acabaram.

– A gente foi para o baile, ficou lá brincando e saiu dando risadas, sacou? – resume Vilhena, a seu modo. – Não temos uma pauta, a gente vai se divertindo e gravando.

A festa, naturalmente, é o ponto alto do programa, que também mostra entrevista com o DJ Marlboro, respeitado entre pobres e endinheirados que gostam do ritmo, e com funkeiros de sucesso. Um deles é MC Andinho, compositor de ‘Baba baby’, sucesso da cantora Kelly Key. Juntos, MC e Paulo criaram um rap para o ‘Tribos’.

Piloto sobre os surfistasserá o quarto programa

Inicialmente, serão 13 programas, dos quais cinco já foram gravados. O sobre tatuagens será o segundo, e terá a percussionista Lan Lan como convidada. A seguir, virão as edições sobre os motociclistas, com participação de Taumaturgo Ferreira, e sobre os surfistas – este, o programa-piloto, com Evandro Mesquita. Os outros temas serão ioga, futebol, hip hop, skate, animais de estimação, forró, samba, malhação e a mania de personal-tudo.’



Cibele Santos

‘FCC endurece com TV por satélite’, copyright Meio & Mensagem, 29/03/04

‘DirecTV, Dish Network e outras grandes operadoras de TV por satélite dos Estados Unidos terão de seguir as mesmas regras sobre propaganda infantil e política praticadas por redes abertas e a cabo, segundo determinação do órgão regulador das comunicações do país, Federal Communications Commission (FCC).

DirecTV, Dish Network e outras grandes operadoras de TV por satélite dos Estados Unidos terão de seguir as mesmas regras sobre propaganda infantil e política praticadas por redes abertas e a cabo, segundo determinação do órgão regulador das comunicações do país, Federal Communications Commission (FCC). As novas regras exigem que os sistemas de satélite abram espaço publicitário aos políticos – que pagarão o menor preço da tabela oferecida a outros anunciantes -, ao mesmo tempo que restringem o intervalo comercial de programas infantis a 12 minutos por hora, em dias de semana, e a dez minutos e meio nos sábados e domingos.

O departamento de mídia da FCC atribuiu a medida ao rápido avanço da TV por satélite no país, apesar da baixa penetração comparada à dos sistemas rivais de cabo. Segundo o último relatório da entidade, divulgado em janeiro, 23,7 milhões de domicílios do país (22% do mercado de TV paga) assinam serviços por satélite, contra 70,5 milhões de TV a cabo (75%).

A advogada Chery Leanza, diretora do programa de interesse público Media Access Project, aplaudiu a iniciativa: ‘Todas as crianças devem ser protegidas, qualquer que seja a forma de acesso à programação’.’



COMUNICAÇÃO & EDUCAÇÃO
Daniele Madureira

‘Rivais no mercado de comunicação, Globo e Abril unem-se em ação de responsabilidade social’, copyright Meio & Mensagem, 29/3/04

‘A ante-sala de reuniões da presidência do Grupo Abril, em São Paulo, às margens do Rio Pinheiros, exibe quadros que se distinguem pelos motivos singelos: um casal sertanejo fugindo da seca no lombo de um burrico; um passeio público, com famílias e muitas árvores; uma praça típica de cidade do interior, com sua igrejinha. Os artistas brasileiros que assinam as telas procuraram retratar gente simples, com gostos e costumes que certamente se distanciam do requinte estampado no 26º andar da sede do Grupo, acessível apenas por um elevador exclusivo, onde foi assinado, no dia 25, um acordo entre dois dos grupos mais ricos do País, Globo e Abril. Buscando diminuir a profundidade do fosso social que divide o Brasil, os dois conglomerados decidiram promover a educação, a partir da produção de uma série de dez programas de TV. O investimento conjunto soma R$ 1 milhão.

‘Quanto melhor o nível educacional de um País, mais caminhos e escolhas as pessoas podem fazer, o que contribui para o seu progresso pessoal e material e, conseqüentemente, gera riquezas para a nação’, afirma o presidente do Conselho de Administração da Abril, Roberto Civita. ‘E isso não é ruim para as editoras’, brinca o empresário, quando questionado a respeito da relação entre educação e o principal negócio do seu grupo.

A proposta da série, que será transmitida pelo Canal Futura no segundo semestre, da Fundação Roberto Marinho, é discutir os caminhos da educação no Brasil. ‘A produção será do Canal Futura, enquanto o conteúdo ficará a cargo da Fundação Victor Civita’, afirma Guiomar Namo de Mello, diretora da Fundação mantida pela Abril. Abordando a precariedade do ensino nas escolas públicas e nas regiões mais carentes do País, os efeitos das propostas pedagógicas já adotadas, e as conseqüências de determinadas políticas de educação, os programas querem apontar soluções. A série será gravada em quatro Estados de diferentes regiões, com locações em escolas públicas e privadas, além de universidades e espaços não-formais de ensino. Serão discutidos ainda temas como gestão escolar e capacitação dos professores.

Em cerimônia rápida – que se resumiu à exibição de um vídeo com imagens do trabalho das fundações e do que pretendem fazer em conjunto, seguida pela assinatura do acordo e por um almoço reservado no 24º andar do edifício da Abril -, os empresários deixaram claro que a parceria entre as duas instituições pode ter boa repercussão. ‘É mais do que natural que as duas instituições, voltadas à promoção da educação, trabalhem em conjunto’, afirmou João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo. O irmão e também vice-presidente, José Roberto Marinho, acredita que essa primeira iniciativa vai motivar outros projetos em conjunto. ‘Há muito o que se fazer quando o assunto é pesquisa e discussão de caminhos para a educação no Brasil’, disse José Roberto, que preside a Fundação Roberto Marinho.

As duas famílias competem na mídia impressa, na internet e na TV paga – mas na última quinta, foi a vez do presidente do Conselho de Administração da Abril, Roberto Civita, aplaudir a atuação social das Organizações Globo, e vice-versa. ‘Educação é instrumento de vida’, declarou o professor Luiz Carlos Menezes, da Universidade de São Paulo (USP), em vídeo apresentado na cerimônia. As imagens que informaram sobre o trabalho da Fundação mantida pela Abril, batizada com o nome do pai de Civita, chegaram a emocioná-lo. ‘O trabalho na educação demora gerações para aparecer, mas compensa muito’, disse Civita. ‘Nós colhemos sorrisos.’’



MOTIM TELEVISIVO
Jornal do Brasil

‘Arraes diz que TV deveria ficar menos tempo no ar’, copyright Jornal do Brasil, 2/4/04

‘Existe um grupo de profissionais dentro da televisão brasileira determinado a contribuir para torná-la mais criativa. Nem que, para isso, seja preciso embaralhar todas as velhas fórmulas já testadas e abusadas pelo veículo ou acrescentar outras de outros meios. Assim o diretor de núcleo da Rede Globo de Televisão Guel Arraes resumiu o propósito desses revolucionários televisivos, anteontem à noite, no Centro Cultural Banco do Brasil, no primeiro debate da série Encontros com a TV Brasileira, promovido pelo Instituto de Estudos de Televisão (Ietv).

– Nós dividimos um mesmo tipo de visão sobre o veículo. É um grupo que se criou vendo televisão e, ao mesmo tempo, participou de movimentos culturais alternativos nos anos 70, no teatro ou no cinema. Essas pessoas não viam a TV como um dragão da maldade, apenas tinham uma visão mais crítica sobre ela – explicou o diretor, indicando os nomes de Jorge Furtado e João Falcão entre seus parceiros ativos nessa iniciativa.

Antes do encontro com o público propriamente dito, Guel exibiu um vídeo com trechos de seus trabalhos mais populares, como O Auto da Compadecida e Comédia da vida privada. O artesão atrás da criação e direção de programas que marcaram época na Globo – e até quebraram regras da emissora -, como os seriados Armação ilimitada e TV Pirata, disse que não há uma solução milagrosa para a suposta crise de qualidade da programação atual das emissoras.

– Não há como produzir programas de qualidade que preencham toda a grade atual, que chega a ter quase 24 horas de programação. É humanamente impossível. Nem que todos os talentos fossem requisitados. A solução mais viável seria limitar o tempo em que as TVs permanecem no ar – sugeriu Arraes.

Segundo ele, as fórmulas sensacionalistas ou apelativas em cartaz na TV continuarão a existir enquanto o público estiver sintonizando nelas.

– Enquanto houver audiência, haverá interferência econômica – ditou.’