A afirmação de que homens não fazem compras não passa de um mito. Se fosse verdade, não existiriam comerciais de cerveja estrelando loiras peitudas de biquíni. Mas daí aos homens comprarem uma revista que os ajude a ser compradores melhores é outra história. Será? O mercado editorial americano aposta que esta segunda afirmação não passa de outro mito.
Revistas de compras voltadas para o público masculino são a novidade do mercado. No curto espaço de tempo de um ano, quatro delas foram – ou serão – lançadas. Os editores esperam atrair homens de 25 a 45 anos dispostos a gastar seus preciosos dólares em boas compras.
Best, revista trimestral publicada pela Primedia, foi lançada em novembro passado e foca em tecnologia e objetos em geral. A bimestral Cargo, da Condé Nast, foi lançada em março. Mais para o meio do ano, a Ziff Davis Media publicará Sync, que cobrirá assuntos e objetos de tecnologia digital. E, finalmente, a Fairchild Publications lança a luxuosa Vitals em setembro.
A junção de ‘homem’ e ‘compras’ na mesma frase, sem a palavra ‘odeia’ no meio, inevitavelmente remete ao termo ‘metrossexual’, tão em voga para rotular heterossexuais que têm alguns comportamentos femininos, geralmente bem vindos. Mas analistas de compras, editores de revistas e a maior parte dos homens evita ou renega o estereótipo. ‘Eu acho que as pessoas ouvem ‘compras’, e em seguida associam ‘roupas’ e ‘metrossexual’. Mas o termo não diz nada sobre nosso verdadeiro conteúdo editorial’, afirma Ariel Foxman, editor da Cargo. Ele ressalta que a revista cobre muito mais do que apenas moda e vaidade.
Na verdade, Foxman não tem muito com que se preocupar. O mais recente lançamento do gênero de revistas de compras masculinas tem pedigree. A Cargo é inspirada na Lucky, bem-sucedida revista de compras feminina lançada pela Condé Nast em 2000. Em sua primeira edição, Cargo traz ‘os 425 produtos mais surpreendentes’, que vão desde uma Lotus Elise 2005 de US$ 39.985 até um binóculos acoplado a um frasco de bebida – chamado de ‘barnóculos’ – por US$ 16,95.
Além de atrair o público masculino com sonhos de consumo ou produtos mirabolantes, a revista também facilita as coisas para ele. Segundo informações de Adam Tschorn [The Los Angeles Times, 30/3/04], para guardar informações sobre objetos que lhe interessam, o leitor pode utilizar os cartões destacáveis com dados sobre os produtos encontrados nas páginas; ou, se preferir, pode ainda fazer um download destes dados do sítio para seu celular ou aparelho de PDA. ‘Desta forma, ele não vai ter que memorizar tudo’, conclui Fox. ‘Homens não gostam de pedir informação, e por que eles deveriam?’.