‘O ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, voltou ontem para casa, em Brasília, com a saúde restabelecida, depois de uma semana de internação em hospitais por causa de uma grave infecção. Quando retornar ao serviço na próxima semana, Eunício terá um problema novo para resolver: restabelecer a hierarquia no ministério.
Na ausência do ministro, o secretário-executivo da pasta, Paulo de Tarso Lustosa da Costa, segundo homem na ordem de comando, resolveu ‘botar a máquina para funcionar’ – como ele gosta de dizer. O resultado desagradou ao chefe e a confusão se instalou no ministério.
Por decisão de Lustosa, foi convocado o ‘Primeiro Workshop de Integração e Avaliação do Ministério das Comunicações’ para os próximos dias 16 e 17, na Universidade dos Correios, com o objetivo de discutir a situação atual da pasta no governo. Acamado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, Eunício só ficou sabendo por terceiros da iniciativa do secretário-executivo – e não gostou.
Para piorar, Lustosa entrou em conflito com o Palácio do Planalto por causa de nomeações para a diretoria do Postalis, o fundo de pensão da Empresa de Correios e Telégrafos, que administra ativos de cerca de R$ 3 bilhões. O quiproquó surgiu em torno da nomeação de um novo diretor financeiro para o fundo de pensão.
Golpe branco
Enquanto o secretário-executivo mandava o presidente dos Correios, João Henrique, efetivar a nomeação, chegava uma contra-ordem de Marcelo Sereno, assessor da Casa Civil da Presidência, para segurá-la até a volta de Eunício. O mal-estar se instalou no ministério, invadido por versões, espalhadas por amigos de Eunício, de que Lustosa se aproveitara da enfermidade do titular das Comunicações para dar uma espécie de golpe branco.
Ontem, Lustosa recebeu o Correio. Negou ser um usurpador de funções. ‘Sou bem mandadinho. Tudo o que faço é com autorização do ministro’. Atribuiu toda a confusão a ‘intrigas e fofocas’ espalhadas por desafetos que tiveram interesses contrariados por medidas tomadas por ele.
Entre essas providências, segundo Lustosa, está a proibição de entrada de lobistas no ministério. Durante a doença de Eunício, o chefe de gabinete do secretário-executivo, Oto Lamosa Berger, também virou presidente da comissão geral de licitações. ‘Ele é um prussiano’, diz Lustosa, ao insinuar que a nomeação do seu auxiliar para chefiar as compras do ministério foi outro estopim para desencadear insatisfações internas com a sua atuação.
A respeito da nomeação no Postalis, Lustosa diz que se limitou a recomendar ao presidente dos Correios a ‘cumprir a determinação’ do ministro. Sobre o workshop, diz que ainda iria submeter a sua realização ao crivo de Eunício. Enquanto dizia isso, um e-mail circulava pela rede interna de computadores do ministério com o convite da secretaria-executiva a todos os assessores com cargos de direção e assessoramento superior para estarem presentes ao seminário.
O próprio Eunício parecia disposto ontem a colocar panos quentes na controvérsia. Enquanto Lustosa conversava com o Correio, o seu telefone celular tocou. Do outro lado da linha, o ministro disse que tinha instruído a sua assessoria de imprensa a desmentir qualquer desentendimento e a reafirmou a plena confiança no subordinado.
De acordo com um senador do PMDB, o pano de fundo da confusão no ministério tem a ver com a briga de facções internas no partido. Embora seja cearense como Eunício, Lustosa virou secretário-executivo num gesto do ministro para agradar o presidente do Congresso, José Sarney, e o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros. Peemedebistas do Senado e da Câmara, de onde saiu Eunício, estão se engalfinhado na disputa por nomeações nas diretorias dos Correios e do Postalis. Outro motivo para a polêmica é o perfil de Lustosa, que diz não ter projetos políticos, mas assume ter ‘veleidades intelectuais’. Como ele mesmo diz, é um homem que gosta de ‘botar a máquina para funcionar’.’
Fernando Rodrigues
‘Internet e política’, copyright Folha de S. Paulo, 10/04/04
‘É grande a distância entre a tecnologia política disponível nos EUA e a que se vê no Brasil. Ainda assim, um movimento que parece inexorável é o uso de computadores e internet em campanhas eleitorais.
Nos EUA, o candidato democrata John F. Kerry chegou a captar, em média, US$ 1 milhão em doações na internet por dia no início de março.
Já são 20% os norte-americanos com acesso à chamada banda larga (conexão rápida à internet). É inconcebível fazer campanha política hoje nos EUA sem uma equipe grande cuidando dos cyber-eleitores.
Uma pesquisa com usuários de banda larga em sete países europeus mostra que 56% dos entrevistados passam menos ou muito menos tempo diante da TV desde que assinaram serviços de acesso à internet rápida. É nesse meio, além dos tradicionais jornais e revistas impressos, que a massa mais instruída da população tende a buscar suas informações em períodos eleitorais.
No Brasil, já é grande o número de pessoas que têm pelo menos um computador em casa com acesso à internet -há 20,5 milhões de brasileiros nessa categoria, segundo o Ibope Net Ratings, que estuda o mercado.
Apesar desse avanço, é pequeno o uso sistemático da internet pelos partidos políticos, exceto o PT.
Em termos publicitários, a internet ainda não existe para o governo federal. Em 2002, FHC investiu em internet 1,51% de todas as suas despesas com propaganda (R$ 9,7 milhões). Lula reduziu o percentual para 1,44% (R$ 8,1 milhões).
Tudo isso para dizer que há uma janela de oportunidade para os políticos na próxima eleição, em outubro, quando serão escolhidos os prefeitos de 5.538 cidades brasileiras.
O PT terá 5.000 micros conectados à internet, cobrindo quase todo o território nacional. As outras siglas estão quase na idade da pedra. A eventual vitória petista em outubro será em grande parte decorrente dessa organização bolchevique-tecnológica e do vácuo deixado pelos opositores.’
Cristiana Lôbo
‘Lula pede relação leal da imprensa com o governo’, copyright O Globo Online, 7/04/04
‘No dia do jornalista e em cerimônia no Palácio do Planalto na qual representantes da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) pediram a criação do Conselho Nacional e de conselhos regionais de jornalismo, o ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, pediu a palavra para fazer reflexões sobre o jornalismo no país. Ele disse que o critério deve ser a agenda positiva e, de certa forma, fez restrições à lógica da imprensa que, segundo ele, ‘opera com o raciocínio de explorar o contraditório e que muitas vezes fomenta discórdia e disputa de egos, quando são apenas discussões de idéias’.
– O cidadão precisa ver o lado positivo das coisas. O Brasil está preparado, os leitores, os expectadores e os ouvintes estão ansiosos para saber aquilo que germina em termos de coisas boas. O critério deve ser a agenda positiva. Esse país está cheio de coisas boas, mas é preciso que a janela para o mundo, em que vocês são peças fundamentais, se abra – disse Gushiken aos jornalistas.
Depois do ministro, o presidente Lula discursou afirmando que não iria pedir à imprensa que falasse bem dele ou do governo e defendeu ‘uma relação leal’ do jornalista com o governo.
– A situação ideal é a que o jornalista busque a verdade e tenha uma relação leal com o governo. O jornalista não deve falar mal do governo porque quer e nem deve escrever o que as empresas querem que escreva, mas a verdade – disse o presidente, acrescentando que terá pouco mais de dois anos de mandato pela frente e neste período gostaria de estreitar as relações do Estado com a imprensa.
Em seu discurso, o presidente Lula lembrou do movimento dos jornalistas em 1979 e contou que fora fazer piquete na porta do jornal ‘O Estado de São Paulo’ e lá os donos de jornais mostraram que era possível fazer jornal sem jornalistas.
– Eles (os jornalistas em greve) estavam lendo o jornal do dia – disse o presidente, para quem ‘os donos de jornais trabalharam para quebrar a espinha dorsal dos jornalistas’.
Lula se manifestou simpático à idéia de criação do Conselho Nacional e conselhos regionais de jornalismo.
– De lá para cá, houve um retrocesso muito grande. Estarei torcendo para que a categoria profissional de jornalista volte a ter a força e a representantividade que já teve e isso depende de vocês – disse o presidente.’
Nelson Breve
‘Lula aponta decadência da profissão e pede lealdade’, copyright Agência Carta Maior (www.agenciacartamaior.com.br), 7/04/04
‘O presidente recebeu dirigentes de entidades de jornalistas, que pediram apoio para a criação do Conselho Federal de Jornalismo, e lamentou o enfraquecimento e a falta de representatividade da categoria.
Brasília – Para marcar o Dia do Jornalista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta quarta-feira (7) uma delegação de 30 dirigentes sindicais da categoria, liderados pela presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Beth Costa. A audiência no Palácio do Planalto foi acompanhada por cerca de 30 outros jornalistas ali setorizados. O motivo da reunião era a entrega de um documento pedindo apoio à criação do Conselho Federal e de Conselhos Estaduais de Jornalismo, que seriam responsáveis pela regulamentação da profissão e pela fiscalização de seu exercício e ensino. Mas o presidente aproveitou para fazer uma reflexão sobre a profissão de jornalista, do fracasso da organização sindical da categoria aos conflitos éticos e ideológicos das redações. E fez um apelo por uma relação de lealdade entre governo e imprensa. ‘Se nós todos estivermos em busca da verdade e apenas a verdade nos interessar, todos seremos mais amigos, todos viveremos num país mais tranqüilo e todos nós estaremos contribuindo para que a democracia seja definitivamente verdadeira no nosso país’, justificou o presidente no discurso que a Agência Carta Maior reproduz abaixo.
O apelo acabou estimulando o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Luiz Gushiken, a ir além. ‘O cidadão precisa ver o lado positivo das coisas. O Brasil está preparado, os leitores, os espectadores, os ouvintes estão ansiosos para saber aquilo que germina em termos de coisas boas. O critério deve ser a agenda positiva. Esse país está cheio de coisas boas, mas é preciso que a janela para o mundo, em que vocês são peças fundamentais, se abra’, recomendou o ministro.
Segue o discurso de Lula para os jornalistas:
‘Eu não sabia que era a primeira vez que um presidente da República os recebia [a diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj]. Não sei se os companheiros e companheiras da imprensa [credenciados no Palácio do Planalto] estão percebendo, mas se você olhar nesta mesa aqui, você vai perceber que com exceção do André [Singer, porta-voz da Presidência] – que não foi dirigente sindical -, do Ricardo Kotscho [secretário de Imprensa e Divulgação] ao [Luiz] Gushiken [ministro de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica – foi presidente dos Sindicato dos Bancários de São Paulo], todos foram dirigentes sindicais [também presentes os ministros Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência – Sindicato dos Professores de Minas Gerais -, e Ricardo Berzoini, do Trabalho – Sindicato dos Bancários de São Paulo]. O Ricardo Kotscho foi, inclusive, da Fenaj, no tempo em que a Fenaj e que o movimento sindical dos jornalistas estavam em processo de ascensão.
‘Eu quero dizer a vocês que fico torcendo para que o movimento sindical, sobretudo, o movimento sindical dos jornalistas, possa recuperar, no menor tempo possível, o prestígio e a representatividade que já teve neste país. A maioria que está aqui, ou não viveu aquele momento ou era muito criança, mas o movimento sindical dos jornalistas passou um período muito tenebroso quando, em 1975, ressurgiu a partir da eleição do Audalio Dantas para presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Muito mais do que a eleição de Audalio Dantas era o surgimento da quebra de um monopólio de quase 19 anos de conservadores dentro do Sindicato. E aquilo foi um alento extraordinário, porque depois veio uma enxurrada de vitórias de companheiros que eram considerados de esquerda, progressistas, avançados, modernos, no movimento do Sindicato dos Jornalistas. Até que nós tivemos a honra de participar de um processo eleitoral que culminou com a eleição do Castelinho [Carlos Castelo Branco] como presidente do Sindicato dos Jornalistas de Brasília e, depois, fomos para Alagoas, com Freitas Neto, que morreu num acidente de avião. Aí, fomos para Pernambuco e para o Rio de Janeiro eleger o Caó [Carlos Alberto de Oliveira, deputado Constituinte e autor da Lei Caó, que definiu os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor]’.
O retrocesso
‘Tudo isso era uma novidade excepcional na categoria dos jornalistas, até que veio 1979 [ano em que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo organizou uma greve histórica, que fracassou]. Eu acho que, naquele momento, as circunstâncias políticas fizeram com que o movimento sindical sofresse um retrocesso muito grande – sobretudo, o movimento sindical ligado à área de jornalismo. Por quê? Porque naquele momento os empresários provaram que era possível fazer jornal sem os jornalistas, ou seja, eu me lembro que eu fui com os jornalistas fazer piquete no Estadão e encontrei os piqueteiros lendo jornal. Eu dizia: ‘não é possível que você esteja de greve, fazendo piquete, e lendo a notícia do jornal em que você trabalha’.
‘Eu acho que, a partir dali, os jornalistas, foram enfraquecidos, psicologicamente, por causa de uma guerra fratricida, interna. E eu acho que o Davi [de Moraes, então presidente do Sindicato dos Jornalistas de SP] foi uma vítima daquele processo, porque não se discutiu, politicamente, o momento correto de mudar a linha da greve. Eu sei que nós terminamos [a greve] e, de lá para cá, tivemos um retrocesso, eu diria, muito grande. Deus queira que vocês estejam, nesse momento, recuperando esse prestígio, porque eu vivi um momento em que alguns companheiros sindicalistas, em vários estados, me ligavam dizendo que não conseguiam montar uma chapa, porque não tinha jornalista querendo fazer parte da chapa do sindicato. Ou seja, quando vivemos uma situação dessas, nós chegamos a duas conclusões: primeiro, que não basta ter um curso superior para ter consciência política; ou seja, muitas vezes você tem um curso superior e desaprende muita coisa na política.
‘E, segundo, que os donos dos jornais trabalharam de forma muito forte, de forma muito viva para tentar quebrar a espinha dorsal do jornalismo. Ou seja, primeiro com um processo de contratação de jornalistas fora das regras pré-estabelecidas, terceirizados, como pequena empresa. E aí todo mundo sabe que acontece com algumas categorias o que acontece muito com jogador de futebol. Ou seja, imaginem vocês se os jogadores famosos, que fossem para a seleção, resolvessem organizar a categoria dos jogadores para reivindicar os seus direitos. Acontece que, quando as pessoas ficam famosas, cada uma vai pensando na sua sobrevivência pessoal e o coletivo vai ficando no segundo plano. A Fenaj tem um papel extraordinário’.
A reivindicação
‘Eu acho que o que vocês estão reivindicando [criação do Conselho Federal e de conselhos estaduais de Jornalismo, que seriam responsáveis pela regulamentação da profissão e pela fiscalização de seu exercício e ensino] é possível de ser feito. Vocês sabem que vão tomar muito ‘cacete’. Eu não tenho nenhuma preocupação de dizer para vocês que eu acho simpática a idéia de criar um Conselho. É preciso fiscalizar melhor a formação dos nossos jovens, porque o jornalista trabalha com uma coisa muito poderosa, que é a caneta e um espaço no jornal. E o que nós, efetivamente, desejamos, enquanto brasileiros – não enquanto presidente da República, mas enquanto seres humanos -, é que, ao abrirmos o jornal e lermos uma notícia, ela seja a mais pura verdade conseguida por aquele jornalista e não apenas a intenção do profissional, do dono do jornal ou coisa parecida. Isso não é bom para quem lê, não é bom para vocês que escrevem, não é bom para o jornal, porque este vai perdendo credibilidade. Eu acho que uma instituição que possa orientar eticamente, profissionalmente e culturalmente, é extremamente importante. É uma coisa que será boa para o futuro da imprensa no Brasil.
‘Obviamente, alguns irão dizer sempre que isso é intromissão na autonomia, na independência, que estão querendo fazer ingerência. É só pegar os jornalistas de hoje, você vê que é tudo um bando de meninos e meninas muito jovens, ou seja, que eu acho que uma instituição dessa poderia contribuir para fortalecê-los enquanto profissionais. Eles saberiam que teriam um lugar para fazer a sua terapia, com as frustrações de quem sai de manhã para fazer uma matéria, trabalha que nem um condenado, escreve, passa a noite acordado, briga com gente, xinga o presidente, é xingado pelo presidente – o presidente nunca xinga. Ou seja, vai para casa ou para a redação, escreve um texto, se mata para escrever esse texto, colocando ali os seus anos de escolaridade, a sua formação política-ideológica e, no dia seguinte, quando lê o jornal, aquilo que escreveu não está lá. Não tem nada mais dolorido do que isso, ou seja, é uma espécie de parir todo santo dia um filho que não aparece com a cara que as pessoas querem.
‘Alguns, obviamente, vão dizer que isso é intromissão, que isso é ingerência, que isso é uma série de coisas, mas eu acho extremamente importante, porque vai dando seriedade ao comportamento profissional de uma das categorias que, inegavelmente, faz jus ao nome de quarto poder.
‘De forma que, nós vamos trabalhar com carinho, não sei qual é o critério que o Ricardo [Berzoini] vai usar, mas eu acho que era preciso criar uma Comissão para se começar a discutir, para enviar ao Congresso Nacional uma coisa mais ou menos consensual entre líderes, para não transformar uma proposta de categoria numa briga secular, sem fim, com pressão. Eu acho isso extremamente importante’.
A torcida
‘Por último, quero dizer para vocês que eu estarei torcendo enquanto presidente, mas, sobretudo, independentemente de ser presidente, para que a categoria volte a ter a pujança que já teve, que volte a ter a força e a representatividade que já teve, porque isso é bom. Isso é bom, sobretudo, porque você tem a universidade jogando uma enxurrada de meninas e meninos todo santo dia na praça para trabalhar. Emprego está cada vez mais difícil, cada vez mais seletivo, cada vez mais proibitivo e, muitas vezes, o jovem não tem sequer forças para levantar a cabeça e falar: essa pauta não é boa, tem outro assunto mais importante no pedaço.
‘Eu acho que isso não condiz com a grandeza da função do jornalismo, pela sua importância de bem informar a sociedade brasileira. Eu, se fosse o Ricardo Kotscho, no final da minha fala, aqui, teria providenciado um bolo, e a gente cortaria esse bolo em homenagem ao dia, porque hoje é o Dia do Jornalismo, é o Dia Mundial da Saúde e é aniversário da Dona Marisa Letícia da Silva [mulher do presidente]. Você vê que é um dia tri importante ou quadri importante.
‘Então, eu quero dar os parabéns a vocês e lhes dizer que, enquanto profissionais, nos estados ou aqui em Brasília, muitas vezes vocês fazem queixas de que o governo não conversa, de que o governo não quer discutir. Eu falo sempre o seguinte: um presidente da República tem que tomar muito cuidado com cada palavra que fala, porque cada palavra tem uma dimensão, às vezes mais exagerada do que a gente pensa que tem. Mas tem gente que gosta de carregar na importância das coisas que a gente fala’.
A lealdade
‘Nós temos mais dois anos e pouco de mandato e se a gente puder, vai deixar algo que sirva de lição para alguém: é a gente tentar, a partir dessa convivência, a partir dessa relação, estreitar, no que for possível, a relação do Estado com os meios de comunicação, com os profissionais da imprensa, para que haja uma espécie de relação leal. Quando eu digo leal, é a relação em que, em nenhum momento, o governo deve pedir para um jornalista falar bem dele e, em nenhum momento, um jornalista deve falar mal, simplesmente, porque quer falar mal. Ou seja, se nós todos estivermos em busca da verdade e apenas a verdade nos interessar, todos seremos mais amigos, todos viveremos num país mais tranqüilo e todos nós estaremos contribuindo para que a democracia seja definitivamente verdadeira no nosso país.
‘Por isso meus parabéns aos jornalistas brasileiros pelo seu dia. Parabéns aos nossos companheiros da Fenaj e, particularmente, aos companheiros dirigentes sindicais dos estados. Podem saber que vocês têm um companheiro aqui, na Presidência, que estará torcendo para que consigam ser as entidades mais representativas daquilo que vocês fazem.
‘Nossa querida ABI [Associação Brasileira de Imprensa] precisa voltar também a ter a força que já teve, a função que já teve. E aí depende muito de vocês, não depende do governo, não depende dos donos dos jornais, depende, única e exclusivamente, de vocês acreditarem que são uma categoria. E uma categoria não presunçosa, porque começaram a quebrar o jornalista no Brasil, quando se pensou que era possível o gráfico ter um sindicato, o funcionário ter outra coisa, os motoristas terem outra coisa. Ou seja, como é um processo em cadeia, onde um depende do outro, eu confesso a vocês que nunca entendi porque houve essa separação. Então, eu acho que vocês têm a tarefa de fazer com que a categoria que vocês representam volte a ser uma categoria levada em conta no cenário sindical do nosso país. Muito obrigado e parabéns!’.’