Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

‘Um diálogo produtivo entre países dos dois hemisférios’

Realizada a cada três anos, a Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e Adolescentes debaterá o tema ‘Mídia de Todos, Mídia para Todos’. Regina de Assis, Presidente da Multirio e Chairperson da 4ª Cúpula explica: mídia de todos nós, dos hemisférios norte e sul. Mídia que, segundo ela, pode e deve ser intercambiada, pesquisada, produzida e distribuída de forma mais eqüitativa e que esteja voltada para todas as crianças e adolescentes de todo o mundo. ‘Traremos ao debate a responsabilidade social da indústria, dos governos e da sociedade por mídia de qualidade’, afirma.

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Qual será a marca da 4ª Cúpula Mundial?

Regina de Assis – Será um diálogo produtivo entre países dos dois hemisférios, representantes da indústria de mídia para crianças e adolescentes, pesquisadores, formadores de opinião, artistas, educadores e as próprias crianças e adolescentes. Esta é a primeira vez que um evento desta envergadura se realiza no continente latino-americano; um continente em que a maioria dos países ainda não atingiu o estágio de amplamente desenvolvidos. Vamos considerar as Cartas de Princípios produzidas nas cúpulas anteriores e analisá-las sob o ponto de vista de países em desenvolvimento, em diálogo com os demais. Além disto, a América Latina é um mercado muito atraente e oferece rica história e cultura de seus povos.

O que será discutido no encontro?

R.A. – Trataremos do direito das crianças e dos adolescentes a uma mídia de qualidade. E isto remete a questões ligadas à legislação, à participação dos pais e educadores na crítica à mídia produzida e na criação de novos produtos, bem como a produção e distribuição nos cinco continentes. Com o capital globalizado, lida-se hoje com uma grande indústria que não obedece aos interesses das fronteiras geográficas, mas do mercado. Advogamos que da Cúpula do Rio saiam conclusões que encaminhem, na prática, acordos comerciais e culturais para co-produções e para uma redistribuição dos produtos no mercado. Além disto, desejamos analisar, detalhadamente, como através de várias formas narrativas a televisão, o cinema, os jogos eletrônicos, os computadores, a internet e o rádio atendem ao interesse e à curiosidade de crianças e adolescentes com qualidade.

De que maneira a defesa por uma mídia de qualidade se apresentará?

R.A. – A questão da qualidade na mídia veio sendo discutida nas outras cúpulas, mas ainda não se questionou de forma mais profunda o que entendemos por qualidade. É o que dá mais lucros, o que vende mais, ou o que é mais conhecido? Pretendemos definir isto com muita clareza, a partir de várias perspectivas que tomem em conta os direitos de crianças e adolescentes, considerados como tal, dentro de sua singularidade de idade, gênero, etnia e contextos socioculturais.

O que mudou desde a primeira cúpula, em 1995?

R.A. – Da primeira Cúpula, em Melbourne (Austrália), até hoje, conseguiu-se uma mobilização internacional sobre a necessidade de um fórum permanente de debates. Há, hoje, uma consciência mundial a este respeito, graças à consciência de duas produtoras muito especiais: Patricia Edgar, que criou a Fundação Australiana de Mídia para Crianças, e Anna Home, que trabalhou cerca de 30 anos na BBC e que hoje dirige o The Children’s Film & Television Foundantion. Em vista da baixa qualidade dos produtos para crianças e jovens, estas duas profissionais resolveram mobilizar e debater com representantes da indústria, pesquisadores, formadores de opinião, educadores, artistas e também com as crianças e adolescentes. Hoje, nós latino-americanos mobilizamos nosso grande continente na busca de valorização para o que produzimos com qualidade e na divulgação de nossos produtos para todo o mundo. A 4ª CMMCA proporcionará um excelente e produtivo diálogo para todos nós.