Passar informações ao cidadão comum. Essa é a função primordial do jornalismo e da mídia. Mas repassar notícias é uma tarefa muito mais espetaculosa e trabalhosa do que se pode imaginar. A responsabilidade de informar é também a responsabilidade de selecionar o que deve ou não ser divulgado. E será que sempre nos é repassado o que devemos saber? Talvez, nem sempre…
Recentemente, alguns casos de jornalistas mortos vêm aparecendo. Mortes que ocorrem de maneira misteriosa e que podem ser ocasionadas por pessoas que não gostariam que a carreira desses jornalistas questionadores tivesse existido. Tudo isso porque, muitas vezes, esses profissionais da verdade cumprem com seu papel de fazer desenvolver a sociedade e de mostrar ao público o quanto os direitos são postos a fogo pelas próprias autoridades.
Tal fato faz com que pensemos que a mídia pode, sim, ter um papel muito importante no desenvolvimento social, um papel de mostrar a verdade que muitos desejam que seja oculta. O que faz salientar que aquele desejo dos jornalistas iniciantes de “construir um mundo melhor” pode fazer algum sentido. Mas o problema está nos percalços que se pode encontrar pelo caminho. Os jornalistas chegam a serem mortos por “falarem” ou “descobrirem” demais.
A grande questão é que nossa sociedade se importa muito mais em formar trabalhadores braçais e operários do que pensadores e questionadores. E é aí que a mídia e os grandes intelectuais entram, a fim de informarem e mostrar que as bondades do governo poderiam ser muito mais firmes. Desenvolver a sociedade é formar pessoas que questionem o seu poder como cidadãs, uma população que não se cala e sabe bem dos seus direitos. Porém, mais do que educar é preciso informar sobre esse poder, e nem sempre isso é permitido. Informar o certo de direito significa mostrar o errado que está sendo feito, e nem sempre jornais e telejornais têm a coragem de denunciar e acabam sendo inocentemente processados.
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[Aline Imercio é jornalista, São Paulo, SP]