À frente do Departamento de Fomento do Conselho Nacional de Televisão do Chile (CNTV) e membro do Comitê Internacional da 4ª Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e Adolescentes (4ª CMMCA), a advogada Bernardita Prado diz que as crianças merecem uma programação de qualidade, e prioritariamente, voltada para o seu cotidiano. Isto porque os programas dirigidos para o público infantil não ultrapassam 10% de toda a grade. E o mais grave é que, deste total, só 12% dos programas são de qualidade. Os dados fazem parte de um levantamento que está sendo desenvolvido pelo CNTV e que servirão de subsídios para a 4ª CMMCA.
De acordo ainda com o levantamento, embora os países hispano-americanos estejam preocupados com a programação televisiva voltada para crianças e jovens, na verdade, não existe uma definição e muito menos um conceito unânime do que seja qualidade em televisão.
Segundo Bernardita Prado, são os próprios telespectadores e produtores que vêm julgando o que é bom ou ruim para as crianças e adolescentes. Eles definem qualidade a partir dos aspectos positivos e negativos apresentados pelos programas. Veja a entrevista concedida por Bernardita à 4ª CMMCA.
***
Qual é o papel do Conselho Nacional de Televisão do Chile?
Bernardita Prado – A criação e o funcionamento do Conselho Nacional de Televisão estão previstos na própria Constituição chilena. O órgão, composto por onze membros, tem o objetivo de zelar pelo correto funcionamento dos serviços de televisão. Dentro do conselho, sou responsável pelo departamento de fomento. O nosso trabalho visa a incitar o fomento e prezar pela qualidade dos conteúdos dos programas televisivos. Afinal, acreditamos que a TV pode contribuir, sim, para a formação dos cidadãos. No Chile, ela está presente em mais de 80% dos lares. Com certeza, na atual sociedade contemporânea, é o meio de comunicação de massa mais presente no dia-a-dia das crianças e dos adolescentes. Uma pesquisa mostra que nossas crianças assistem à programação de TV, em média, três horas por dia.
Como você avalia a qualidade dos programas da TV chilena?
B.P. – As crianças merecem uma programação de qualidade, e prioritariamente, voltada para o seu cotidiano. Isto porque os programas dirigidos para o público infantil não ultrapassam 10% de toda a grade. E o mais grave que se constata é que, deste total, somente 12% dos programas são de qualidade. Aproximadamente 48% são de qualidade média e os outros 40%, de baixa qualidade.
Como podemos definir mídia de qualidade para crianças e adolescentes?
B.P. – Levantamento realizado por alunos da Faculdade de Jornalismo da Universidade de los Andes, no Chile, concluiu que, embora os países hispano-americanos estejam preocupados com a programação televisiva voltada para o público infantil e juvenil, na verdade, não existe uma definição e muito menos um conceito unânime do que seja qualidade em televisão. São os próprios telespectadores e produtores que vêm julgando o que é bom ou ruim para as crianças e adolescentes. Eles definem qualidade a partir dos aspectos positivos e negativos apresentados pelos programas. O estudo mostrou que os programas de qualidade são aqueles que têm conteúdos apropriados à faixa etária das crianças. Programas que são plurais, criativos, enriquecedores e a favor da sociabilidade. Por outro lado, a violência verbal e física, a pornografia, o conteúdo ofensivo, a linguagem grosseira e a criação de estereótipos étnicos, raciais e de gênero são os elementos que indicam a má qualidade dos programas.
Quais são suas expectativas em relação à 4ª Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e Adolescentes?
B.P. – A 4ª Cúpula Mundial trará contribuições para a América Latina e para todo o mundo. Promoverá o desenvolvimento, o fomento e a qualidade das produções de mídia de qualidade. É a chance de promover o debate e o intercâmbio de projetos e experiências bem sucedidas.