Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Artur Xexéo

‘Com apenas 27 anos, o capitão José Albucacys Júnior já entrou para a História. É o primeiro bombeiro de que se tem notícia que bota lenha na fogueira.

O divórcio de Luma está tão novelesco que, de vez em quando, chego a acreditar que ela estava esperando um filho do Vladimir e que o Eike Batista é o verdadeiro autor de ‘Musa do verão’. Só me dou conta da vida real quando percebo que Gilberto Braga, criador de grandes vilãs como Laura, de ‘Celebridade’, Maria de Fátima, de ‘Vale tudo’, Iolanda, de ‘Dancin’ days’, jamais teria coragem de criar um Albucacys.

Luma parece vítima de seu próprio veneno. Ela sempre topou qualquer coisa para aparecer. Mas encontrou um bombeiro que topa qualquer coisa e um pouco mais. O rapaz tem a cara de pau de estar dando entrevistas nas quais revela que pretende seguir a carreira de ator. É uma espécie de loura burra de uniforme, uma versão masculina das modelos e manequins que aparecem nos camarotes de carnaval. Como elas, Albucacys tem um projeto. Talvez apresentar um programa infantil. Ou fazer uma novela. Como elas, diz que está se ‘preparando’. Que vai fazer cursos de interpretação e dicção. Não dá para chamar Albucacys de Jaqueline Joy. Nos capítulos mais recentes de ‘Celebridade’, Jaqueline teve crise de consciência e não quer mais aparecer por qualquer motivo. Quer produzir algo importante. Albucacys, portanto, é a verdadeira Darlene.

Ninguém tem nada a ver com os episódios que cercam o divórcio de Luma e Eike. Mas como, desde o primeiro momento, estes episódios foram jogados ao público pelos envolvidos, eu também tenho a minha opinião. De início, impliquei com Luma. Como todo o Brasil, já me acostumei a ver sua meia-calça nos ensaios de escolas de samba, seus seios desnudos nos desfiles de carnaval, seu corpo inteiro nas páginas da ‘Playboy’. Mas achei que desta vez ela estava exagerando. Agora, com a aparição deste inacreditável bombeiro, já acho que o erro de Luma foi escolher mal suas companhias.

Ninguém sabe o que acontece entre as muitas paredes da casa em que Luma e Eike viviam. Mas é difícil acreditar nos ciúmes doentios do empresário que agora justificam a separação. Ele sempre pareceu bem orgulhoso de estar acompanhando uma mulher que usava as iniciais do nome do marido, cravejadas em brilhante, na calcinha. Houve o episódio em que ele a proibiu de posar nua. Mas não era a primeira pose. Era a terceira ou quarta. Que ciúme é este que espera a terceira ou quarta capa da ‘Playboy’ para aflorar?

Não dá para acreditar no ciumento Eike. Mas até esta lorota é esquecida quando se entra em contato com a participação do bombeiro Albucacys na trama. Qualquer que tenha sido o relacionamento dele com Luma, que homem é este que expõe em público as supostas mensagens que ela lhe tinha transmitido por telefone celular? Nem numa trama em que se acredita nos ciúmes de Eike é possível acreditar na versão de que o celular do bombeiro tinha sido roubado e, mais tarde, devolvido. Ler nas páginas de ‘Veja’ as tais mensagens já era chocante. Mas ver o bombeiro, feliz da vida, orgulhoso de ter despertado a atenção de um mulherão como Luma, mostrando as mensagens no ‘Fantástico’… aí foi demais.

É difícil não achar graça nesta história toda. Os casos semelhantes, que recheiam a novela ‘Celebridade’, são mesmo para fazer rir. Mas na vida real, confesso, não consigo encarar com humor uma atitude tão… vá lá, está difícil encontrar outra palavra… vulgar. A candidata à capa de revista masculina que faz qualquer coisa para entrar no ‘Big Brother’ pode ser engraçada. O rapaz bem apessoado que descola um convite para uma festa de VIPs sonhando com a sorte de ter sua cantada bem aceita por qualquer celebridade pode ser engraçado. Mas o bombeiro que revela a correspondência – mensagens por celular são a correspondência deste século, certo? – comprometedora da mulher que enfrenta uma ação de divórcio não tem graça nenhuma. É tão sem graça que dá até para acreditar que o bombeiro não fez isso só por vaidade. Ou para aproveitar seus 15 minutos de fama e tentar uma carreira artística, como vem dizendo em entrevistas. A atitude do bombeiro, que é, no mínimo, pouco cavalheiresca, parece atender ao interesse de alguma parte neste divórcio acompanhado pelos jornais. E esta parte, certamente, não é Luma.

***

Para se ter uma idéia de como a mania de celebridades tomou conta do país, chegou recentemente aqui na redação um ‘um aviso de pauta’ comunicando a estréia de uma peça teatral. O texto pouco dizia sobre o espetáculo, mas garantia que estariam na platéia, na noite de estréia, Juliana Paes, Lavínia Vlasak, Deborah Secco, Isabella Garcia, Soraya Ravenle, Helena Ranaldi, Érick Marmo, Luigi Baricelli, Paloma Duarte, Miguel Paiva, Angela Vieira, Eduardo Lago, Bruna Marquezine, Vera Holtz, Guilherme Leme, Felipe Dylon, Sylvio Meanda e Roberta Rodrigues. Eu sou implicante ou é mesmo esquisito um espetáculo teatral valorizar mais quem está na platéia do que quem está no palco? Em todo caso, fica aqui a pergunta que não quer calar: quem é Sylvio Meanda?’



NO COVIL DO JAGUAR
Paulo Henrique Ferreira

‘Um bate-papo divertido com Jaguar’, O Globo, 10/03/04

‘No palco, uma mesinha, daquelas de bar, e duas cadeiras. Sobre a mesa, uma garrafa de uísque e, no canto, um piano. Tudo para fazer Jaguar, veterano e irreverente cartunista – e boêmio de plantão – sentir-se mais à vontade na série de talk-shows ‘No covil com Jaguar’, parte da programação paralela do 15 Salão Carioca de Humor, na Casa de Cultura Laura Alvim, que acontecerá todas as segundas-feiras até o fim do evento.

Fazer as vezes de entrevistador não pareceu uma tarefa fácil para ele e muito menos divertida, a princípio. E é exatamente neste ‘despreparo’ que residiu a graça do divertido bate-papo que ele promoveu com o pianista Osmar Milito, convidado da estréia do quadro, nesta segunda-feira:

– Sou um mau entrevistador, porque o bom faz perguntas ousadas, querendo surpreender o entrevistado. Eu só gosto de entrevistar amigos.

O roteiro, preguiçosamente preparado por Jaguar, até que foi seguido à risca, apesar das sinceras e bem-humoradas tiradas: ‘Anotei isso aqui, mas não me lembro do que se trata. Diz aí’. Em pauta, a carreira do pianista e seu relacionamento com grandes estrelas da MPB, da geração que imortalizou o Beco das Garrafas, em Copacabana, nos anos 60.

– Sou paulista e cheguei ao Rio por intermédio de meu irmão, que pertencia ao grupo Tamba Trio – contou Milito. – O primeiro show que fiz no Beco das Garrafas foi com Nara Leão.

De mestres, Milito recordou muitos.

– Tom Jobim me ajudou no início de minha carreira – disse. – Vi Tom compor ‘Água de beber’ na minha frente!

Na verdade, recordações que também fazem parte da memória de Jaguar, amigo do pianista há muitos anos e freqüentador assíduo do Beco das Garrafas. A pista? Milito, depois de algumas histórias, perguntava sempre um ‘Lembra?’ para o cartunista.

Milito divertiu Jaguar e o reduzido público na platéia com causos que presenciou durante sua carreira.

– Uma vez, Maysa chegou de porre no Beco das Garrafas procurando Sílvia Telles e disse para ela: ‘Hoje vou tomar teu marido!’. No que a outra respondeu: ‘Puro ou com gelo?’ – contou, arrancando gargalhadas de Jaguar.

Maria Bethânia é supersticiosa

Diante de tantas risadas e boas recordações, Milito lamentou que, atualmente, a noite carioca não seja mais a mesma da época de ouro do Beco, nem tão divertida.

– Na minha época, para entrar nas casas noturnas, homem tinha que usar terno e gravata, senão era barrado – lembrou.

Ele também falou de seu relacionamento com astros da MPB.

– Maria Bethânia é muito supersticiosa – lembrou. – Chegando à casa dela uma vez, abri a porta de sua casa. Ela disse que isso não podia ser feito e não pensou duas vezes: rasgou meu contrato.

O piano no canto do palco não ficou abandonado. Milito, que abriu o talk-show recordando sucessos do jazz e da MPB, também fechou sua participação ao piano, com um karaokê improvisado de Chico Caruso, que recordou o clássico do jazz ‘Misty’, de Erroll Garner.

Nas próximas segundas-feiras, Jaguar recebe em seu boteco improvisado o compositor Moacyr Luz (dia 15), o músico Jards Macalé (dia 22), o cartunista Lan (dia 29) e o cantor e compositor Martinho da Vila (dia 5 de abril).’



LÍNGUA PORTUGUESA
Deonísio da Silva

‘Micos e laranjas’, Jornal do Brasil, 15/03/04

‘Todos, especialmente crianças e adolescentes, sempre tiveram fascinação pela imagem impressa, de que são exemplos as inscrições rupestres, talhadas em antigas cavernas, o mico, antigo jogo infanto-juvenil de baralho, e as cartelas de figurinhas. Nasceram de tais obsessões diversas frases idiomáticas muito expressivas, a começar por aquelas que incluem a palavra figura, aplicada pelo latim à formiga, que os romanos denominaram formica, pequena forma, figurinha, designando o conhecido inseto, exemplo de vida coletiva.

Nas designações científicas, porém, o português apelou a myrmekos, formiga, em grego. Assim, o tamanduá, animal em extinção, é descrito nos dicionários como um mamífero desdentado, mimercofagídeo (comedor de formigas). Dotado de enorme e pegajosa língua, ele a estende sobre formigueiros e cupinzeiros para alimentar-se. O cupim é seu prato principal; a formiga é variante ou complemento.

Ninguém menos do que Miguel de Cervantes deu-nos Dom Quixote, o cavaleiro de triste figura. Além da qualificação aplicada ao célebre personagem, as expressões ‘fazer figura’, ‘figurinha difícil’, ‘figura de proa’, ‘é uma figura’ e ‘que figura!’, entre outras, ilustram a freqüência com que a palavra ‘figura’ é invocada.

Recentemente Pelé mostrou que quem não sabe votar é ele. E não o povo, como um dia declarou. Para espanto de todos, excluiu da lista de jogadores inesquecíveis figuras como Garrincha e Gérson. Não são poucos aqueles que vacilam ao definir se foi Pelé ou Garrincha o maior de todos.

Entrou para este rol, por ínvios caminhos, outra conhecida expressão, que é ‘pagar mico’, radicada num jogo infanto-juvenil de baralho. Cada carta tem a figura de um animal, macho ou fêmea, que faz par com outra. Mas uma das cartas, justamente o mico – do caraíba miko, macaco – não faz par com nenhuma. O jogo termina quando todos os pares são formados. E quem fica com a carta solitária, paga o mico.

O desfecho serve de metáfora à expressão do português coloquial para designar situação em que a pessoa é confinada à única solução possível, tal como no jogo: arcar com as conseqüências. O ministro José Dirceu, do Gabinete Civil da Presidência da República, provavelmente está pagando o mico de ter escolhido para seu auxiliar uma figura como Waldomiro Diniz. E não apenas ele, mas todo o governo está indeciso sobre o que fazer para descascar o abacaxi. Uma das providências oficiais tem sido, aliás, evitar que seja descascado por parlamentares numa eventual CPI.

Não se sabe se os índios da etnia abacaxi, que viviam às margens do rio Abacaxi (AM), hoje extinta, estão na origem da expressão ‘passar o abacaxi’, mas é certo que a ação de descascar refere-se à planta da família das bromeliáceas, principalmente à dificuldade de fazer isso na selva, sem faca afiada. E a expressão passou a designar problema de difícil solução.

Descascar o abacaxi não é tarefa a ser atribuída a bananas ou laranjas. Os primeiros, por sua moleza e intrínseca falta de energia. Os segundos, por enrustidos, já que é da condição dos laranjas complicar a vida daqueles de quem são prepostos, cuja verdadeira identidade ocultam.

A figura do laranja, indivíduo reduzido a bagaço por espertos, reapareceu no Vietnã com outro significado. O ‘agente laranja’, cuja embalagem tinha esta cor para diferenciar dos recipientes com napalm, espalhava uma fumaça amarela, que precedia e encobria os soldados. Também o laranja atual precede e encobre o verdadeiro autor de negócios escusos. Desmascarados o laranja e seu preposto, irrompem sorrisos amarelos em profusão. Não é a cor preferida dos mandantes, mas é a usual.’



JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

‘Sobrou pro Meligeni!’, Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 11/03/04

‘Diretor de nossa sucursal em Brasília, sem tempo para integrar o bloco carnavalesco Pacotão, cujo histórico mega-sucesso foi o frevo ‘Ô Waldomiro, me responda por favor…’, Roldão Simas Filho lia a Tribuna da Imprensa e deparou com esta obra-prima de título jornalístico, o qual, em sua sempre abalizada opinião, é desde já o melhor do ano, pois dificilmente será superado até o próximo reveillon; ou o próximo Carnaval:

Fernando Meligeni vai tentar passificar a crise na Copa Davis

‘Só pode ser ressaca de folião. Ficaram com os passistas na cabeça até hoje’, comenta o perplexo Roldão.

Bons tempos

Janistraquis lia a Folha Online, depois de ter tomado longo banho de descarrego no terreiro do vidente Zé Boleco, quando assaltou-o a seguinte manchete, tão assustadora que lembrava os melhores dias do Departamento de Censura do regime militar:

Advogado pede proibição de ‘A Paixão de Cristo’ no Brasil

O advogado e psicólogo paulista Jacob Pinheiro Goldberg entrou hoje com requerimento no Ministério da Justiça pedindo a proibição ou a exibição apenas para maiores de 18 anos de ‘A Paixão de Cristo’, polêmico longa de Mel Gibson, 48, sobre as 12 últimas horas de Jesus Cristo.

A data de estréia do filme no Brasil é o próximo dia 19.

‘[O filme] É uma apologia e uma distorção histórica capaz de conduzir à discriminação anti-semita’, disse Goldberg, que assistiu ao filme numa cópia pirata em DVD, comprada, segundo ele, na rua Augusta, em São Paulo (…).

Embora fã do doutor Jacob, meu secretário acha que ele exagerou: ‘Considerado, num país onde o que não é proibido é obrigatório, falar em censura é o fim da picada; o doutor Jacob que aprendi a admirar foi aquele que defendeu a privacidade de uma babá que espancava um bebê, tá lembrado?’.

Eu não me lembrava, porém Janistraquis tentou refrescar-me a alquebrada memória: ‘Aconteceu há alguns anos, quando aquele casal espalhou câmeras pela casa, porque desconfiava da babá, e esta acabou flagrada quando distribuía uns tabefes no bebê; aí o doutor Jacob escreveu à Folha, indignado com os métodos do casal, que havia invadido a privacidade da empregada.

Está certo, não tinha câmera nem no quarto nem no banheiro da coitada, mas qualquer babá tem, na ausência da autoridade paterna, o direito de dar uma calibragem nas crianças, né mesmo? O doutor Jacob era um gênio, considerado, e garanto que não é culpado pela criação do Big Brother Brasil’.

Jornalismo de primeira

Nosso considerado Marco Antônio Araújo, aquele que foi, durante anos, coordenador do curso de jornalismo da Casper Líbero, em São Paulo, enviou o convite que repasso aos amigos:

O IJOR — Instituto Livre de Jornalismo, fundado por um grupo de jornalistas e pesquisadores em 1º de março, promove na próxima terça-feira, dia 16, às 21h30, seu evento público de lançamento, no Espaço Unibanco de Cinema (Rua Augusta, 1.475).

O debate, sobre os desafios do jornalismo brasileiro, terá a participação dos sócios-fundadores Mino Carta (diretor de redação da revista ‘Carta Capital’), Mário Andrada e Silva (diretor para a América Latina da Agência Reuters) e Ricardo Noblat (ex-diretor de redação do ‘Correio Braziliense’ e autor do livro ‘A Arte de Fazer um Jornal Diário’). O mediador será Mario Vitor Santos (ex-ombudsman da ‘Folha de S. Paulo’ e colunista da revista ‘Primeira Leitura’).

As senhas para o debate serão distribuídas no próprio dia 16, a partir de 20h30, na bilheteria do Espaço Unibanco.

O IJOR é uma organização sem fins lucrativos

Jogo difícil

O ilustre conterrâneo Phelipe Caldas, de João Pessoa, escreve à coluna:

‘Considerado Janistraquis, não é só Lula que faz comparações sobre futebol com qualquer assunto!!! Eis a manchete veiculada no portal IG:

Aos 45 minutos do 2º tempo, Argentina evita calote no FMI

O que você achou desta pérola de dar inveja ao alto escalão petista?’

Janistraquis acha que o IG errou, Phelipe; na verdade, o jogo já estava nos acréscimos…

De rotatórias

Jornal entra em fase de expansão, dizia o título do Diário da Manhã, de Goiânia, sobre a inauguração do parque gráfico do semanário O Sucesso. O texto, este derrapava na curva:

O jornal O Sucesso ofereceu, ontem, um coquetel para anunciar a compra de uma rotatória de cinco unidades. De acordo com o editor-chefe do semanário, José Luiz Bittencourt, a aquisição foi significativa, inclusive no plano simbólico. ‘Só os grandes jornais chegam a isso’, afirma.

Segundo o considerado leitor que se assina apenas Otávio, ‘o redator do Diário da Manhã confundiu a impressora com o trânsito de Goiânia, que é cheio de rotatórias, ainda assim insuficientes para desembaraçar os mais de 500 mil veículos que circulam pelas ruas da cidade…’

Essas enquetes…

Nosso considerado José Truda Júnior escreveu à coluna em 6/3:

O poeta e jornalista Ferreira Gullar sentenciou certa vez que a crase não foi feita para humilhar ninguém. Desde que ouvi a frase deixei de botar reparo em crases alheias sobre as quais não tenho responsabilidades. Vejo-me, no entanto, compelido a denunciar O Globo Online que há três dias mantém à vista dos leitores a seguinte pesquisa:

Você já pensou em se mudar do Rio por causa da violência?

*Sim, para fora do país

*Sim, para uma cidade menor

*Não, há violência em todo lugar

*Não, o Rio vale à pena!

‘É de pensar se vale mesmo a pena responder a tais enquetes’, desabafa Truda.

Separatismo

Diretor de nossa sucursal cearense, Celsinho Neto denuncia o comportamento de alguns conterrâneos mais açodados:

‘Pelo que sei nós cearenses somos brasileiros, mas para o pessoal do Diário do Nordeste – que parece alimentar sonhos separatistas – não estamos mais integrando a República Federativa do Brasil. Veja o que foi publicado na editoria de esportes, em matéria sobre a transmissão dos jogos do campeonato cearense de futebol:

Torcedores cearense e brasileiro poderão assistir aos jogos de Ceará, Fortaleza e Ferroviário no Interior do Estado, pelo segundo turno do Campeonato Cearense, ao vivo, pela Rede Diário, já a partir do próximo domingo. Parceria nesse sentido foi acertada ontem entre dirigentes da emissora e da Federação Cearense de Futebol (FCF).

‘Cearense e brasileiro? Arriégua!!!, decretaram a independência do meu Estado e nem me avisaram nada…’

Porta dos fundos

Nosso Daniel Sottomaior, considerado diretor de nossa sucursal paulistana, denuncia ‘mais uma tradução literal que penetra na língua portuguesa pela porta dos fundos’:

‘Pobre português. A crítica do Estadão sobre o primeiro capítulo de ‘Da cor do Pecado’ fala sobre o personagem da deslumbrante Taís Araújo, cujo sogro a veria como ‘uma cavadora de ouro’.

Não, não é um filme pornô chamado Serra Pelada, retratando a vida de voluptuosas e insaciáveis mineiras. É que, em inglês, gold digger caracteriza as pessoas que se casam por dinheiro. É claro que é possível

entender o significado da expressão, mas ela simplesmente não existe em nossa língua.

Às vezes, parece que estamos talking to the walls aqui!’

Nota dez

O melhor texto da semana nasce do talento do mestre Zuenir Ventura em sua coluna do site No Mínimo.

(…) Se algum dia tive alguma boa idéia, foi andando na praia. Alguns andam para combater o colesterol, eu ando porque o exercício estimula em mim a produção de endorfina; fico mais inteligente, ou melhor, menos burro. Sempre que me falta tema para um artigo, uma crônica, um capítulo de livro, minha mulher já desconfia, vou andar no calçadão. Não sei se vocês sabem, mas uma das piores doenças de quem escreve é o ‘mal de coluna’, ou seja, a falta de tema sobre o que escrever. Na história da crônica carioca, só conheço um que se curou desse mal: Rubem Braga. Como era um gênio, transformou a falta de assunto em assunto de algumas de suas melhores crônicas (…)

Errei, sim!

‘FORA, SAPATÕES – Jogadoras femininas conquistam título inédito, gritou em manchete o Estadão, ao celebrar o título mundial conquistado por Hortência, Paula & Companhia. Jogadoras femininas. Fiquei horrorizado. Janistraquis, todavia, me acalmou: ‘Considerado, concordo em que houve excesso de zelo mas é um modo até elegante de informar que não há sapatões na seleção feminina de basquete’. É…, pode ser.’ (julho de 1994)’