Eis se não quando, incrustada na matéria ‘Presidente diz que investiu mais que todos em educação’, no Estado de de S.Paulo de sábado (3/12), o incauto leitor se depara com um quadrinho de 23 linhas, sob o título ‘Planalto nega que Lula pense em obter cidadania italiana’.
Cumá?!, como se diz em Garanhuns.
Aí já aturdido leitor começa a ler. Topa nas primeiras linhas com a repetição do título. Topa em seguida com a notícia de que a mulher do presidente, Marisa Letícia, neta de italianos, obteve recentemente a cidadania de seus avós. Topa em seguida com a digressão de que o fato ‘virou polêmica na Itália’, onde a esquerda, já que é assim, quer que todos os estrangeiros que trabalham no país tenham o mesmo direito.
Pensa o leitor, depois de ter superado o engasgo com o café da manhã, que o título da nota lhe causou: justa, muito justa a demanda da sinistra peninsolare, e por que cargas d’água a chamada primeira-dama da República Federativa do Brasil resolveu ter dupla cidadania?
Linha direta
Aí lê que ela não era primeira-dama quando entrou com o pedido no consulado italiano em São Paulo, há cinco anos. E pensa o desconcertado leitor: não era, mas em 2000, o caro-metade já tinha se candidato três vezes ao Planalto e até as ruínas do Coliseu sabiam que ele se candidataria de novo daí a dois anos – com fortes chances de ganhar. Mas cada um (ou uma) sabe o que é bom para si e apropriado para o seu lugar na ordem das coisas.
E então, só então, é informado que a mulher de Lula pode passar a cidadania italiana para filhos e netos, ‘mas não para o marido’.
Se não pode, ele não poderia ter pensado em imitá-la, e o título da notícia não faz o menor sentido.
Vai ver o Planalto tinha esclarecido que Lula não tem o direito que a lei italiana [e dos demais países-membros da União Européia] assegura aos descendentes em linha direta de seus cidadãos, e ponto final.
Se assim é, como parece, o leitor se pergunta, coberto de razão, enquanto vira a página: Ma che giornale è questo? [Postado às 9h29 de 3/12/2005]