Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ricardo Campos Soares

‘A emoção sempre foi fundamental. Não sendo possível precisar se algum dia conseguiu existir independente da razão, tem sido ópio e elã (com o sentido de inspiração) na história dos povos e de suas culturas.

Muito antes do surgimento da televisão, as imagens rupestres, por exemplo, já arrebatavam espectadores extasiados em rituais remotos. As imagens e seu conteúdo emotivo implícito são um patrimônio de nossa humanidade.

Mas o que será que nos move e o nosso olhar em busca daquela fotografia cuidadosamente por nós colocada em um porta-retrato? O que nos mantém de olhos vidrados diante de uma obra de arte? Ou ainda, o que sentimos quando somos envolvidos pela musicalidade que nos comove na voz de um cantor ou cantora de nossa admiração? Encontraríamos aí, possivelmente, um fundamento como resposta: a emoção é parte integrante de tudo o que realizamos.

Nós, os latinos, especialmente, somos muito emotivos. A nossa televisão reflete, conseqüentemente, este traço de nossa cultura. Então, por que deveríamos olhar com desprezo para o nosso entusiasmo pela vida?

E, por tratar-se de veículo que demanda recursos expressivos em suas operações, por que a televisão não haveria de explorar suas potencialidades em nosso favor, principalmente se somos nós que concedemos, em todas as instâncias, a esse meio tal poder?

O que não há de inteligente nessa discussão – e depois de ler o artigo A linguagem da televisão de Fernando Barbosa Lima (JB, 23/2) -, é a necessidade gratuita e insustentável de se culpar e de se desvalorizar tanto o povo brasileiro quanto à televisão feita aqui. E, justamente por aquilo que a televisão tem de maior e de melhor. Por sua linguagem que soube incorporar linguagens e influências advindas de diferentes áreas de atuação e dar-lhes uma forma, uma identidade, uma cara. E, com isso, conquistou lugar de destaque, além de presença garantida em quase todos os lares, de norte a sul do país.

A televisão se utiliza de várias influências assimiladas que não se constituem em propriedade de sua linguagem. As inúmeras formas de linguagem de que temos notícia se utilizam da televisão exatamente como um meio dinâmico de proposição e promoção de idéias e mensagens. Assim, a linguagem da televisão seria nada menos que a soma de possibilidades de convívio e colaboração criativa entre linguagens na televisão.

Tudo isso, é claro, sem jamais menosprezar a emoção, sem a qual a vida – com ou sem televisão – não teria a menor graça.’



ENTREVISTA / MARIANA XIMENES
Leila Reis

‘‘Queria fazer a Laura, de ‘Celebridade’’, copyright O Estado de S. Paulo, 18/03/04

‘Com apenas 22 anos, a paulistana Mariana Ximenes conquistou uma posição invejável na carreira de atriz. Nem bem terminou a premiadíssima minissérie A Casa das Sete Mulheres, tornou-se protagonista de Chocolate com Pimenta, com a honra de interpretar um papel escrito especialmente para ela por Walcyr Carrasco. E, nestes tempos de vacas magras em que atores são contratados só por obra na Globo, Mariana tem contrato garantido por mais três anos. Nesta entrevista, ela conta que quer fazer novela das 8.

Estado – Hoje você está na TV em dois momentos: na reprise de ‘Fascinação’ no SBT e em ‘Chocolate com Pimenta’, duas novelas de Walcyr Carrasco. Você imaginava que o sucesso chegaria tão rápido?

Mariana Ximenes – Não. Acho interessante comparar os dois trabalhos porque se passaram mais de cinco anos e dá para ver minha evolução.

Estado – O que você sente?

Mariana – Orgulho, porque me vejo na reprise com 16 anos e agora. Sou muito jovem e sei que tenho muita coisa a aprender. Desde que fui viver no Rio sozinha, traço metas para a minha carreira. Procuro fazer trabalhos alternativos, uso minhas férias para estudar literatura, interpretação.

Estado – Quais trabalhos alternativos?

Mariana – O filme O Invasor, do Beto Brant, me exigiu muito. Fiz muita pesquisa, freqüentei lugares onde se faz tatuagens, conversei com muita gente do universo clubber para compor minha personagem, fiquei 20 dias sem lavar o cabelo, coloquei um piercing falso no nariz. O curta Uma Estrela para Ioiô foi feito em preto e branco, como filme mudo. Adoro cinema, com 17 anos entrei na FAAP em Cinema, mas larguei quando fui para o Rio.

Estado – Você está filmado muito?

Mariana – Fiz Gaijin 2, da Tizuka Yamazaki, que deve ser lançado este ano. E Os Dias de Nietsche em Turim, do Júlio Bressane. Participei também de O Homem do Ano, do José Henrique Fonseca.

Estado – A que você atribui o sucesso de ‘Chocolate’?

Mariana – As três novelas da Globo são boas. O charme de Chocolate é passar-se na década de 20, ter situações de pureza e outras cômicas. A mistura de romance e humor é o que agrada. Além do mais, o elenco é maravilhoso. Às vezes eu fico quieta só para observar Laura Cardoso, Osmar Prado, Drica Moraes. Fico degustando os personagens e o trabalho desses atores incríveis.

Estado – Você é muito criteriosa na utilização de sua imagem. Com quem você aprendeu isso?

Mariana – Acho que com minha família. Tenho um pouco de guerreira da minha mãe. Ela me falava muito para eu não me perder, fazer as coisas com certeza, me preparar. Meu pai (advogado) me ensinou a acreditar no ofício. Eu só vou a lugares que eu quero. Tenho cuidado porque não é para todo mundo que quero contar quem eu sou. As personagens são públicas, mas a Mariana eu quero preservar para mim e para os meus entes queridos.

Estado – Como você se sente com o assédio da mídia?

Mariana – Quando se é ator e trabalha na Globo, nos expomos a milhões de pessoas. Dou autógrafos, entrevistas, não tenho pudor em relação a isso. Mas gosto de ter uma aparição balanceada. Quero qualidade e não quantidade. Não sou impulsiva, gosto de pensar no que vou fazer.

Estado – O que mais gostaria de fazer na TV?

Mariana – Fazer novela das 8, gostaria de trabalhar com Luiz Fernando Carvalho, Guel Arraes, fazer novela do Gilberto Braga, do Manoel Carlos.

Estado – Ana Francisca é mais uma heroína. Tem vontade de fazer uma garota má?

Mariana – Queria fazer a Laura, de Celebridade, a Odete Roitman e a Maria de Fátima, de Vale Tudo. Adoro Gilberto Braga.

Estado – Que destino você daria para Ana Francisca?

Mariana – Gosto de ser surpreendida, deixo o destino totalmente a cargo do autor.

Estado – Muitos atores defendem seus personagens como se fossem pessoas.

Mariana – Tenho visto isso, mas acho que é porque eles se envolvem demais.

Minha postura é não criar expectativa, porque mais do que ninguém, o autor é quem sabe de tudo.’



SBT
Daniel Castro

‘Negócio com SBT não progride, diz Boni’, copyright Folha de S. Paulo, 18/03/04

‘Ex-vice-presidente da Globo e um dos responsáveis pelo ‘padrão Globo de qualidade’, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, já dá como praticamente encerradas as negociações com o SBT pela compra de parte da TV.

‘Não vejo como progredir [as negociações]. Silvio Santos é muito receoso de perder o controle da emissora’, afirma Boni. ‘Se eu não tivesse o controle acionário, pelo menos gostaria de ter controle sobre a programação. Não quero ir para lá como empregado. Tenho um grupo de investidores’, diz o executivo.

Esta não é a primeira vez que Boni tenta um acerto com Silvio Santos. A primeira foi em 1998. Há dois anos, estava quase tudo certo quando Silvio Santos voltou atrás e rasgou contratos.

Boni e Silvio Santos voltaram a negociar no final do ano passado, quando tiveram uma reunião a sós, sem assessores. Segundo Boni, um novo encontro estava previsto para após o Carnaval, mas até agora não foi agendado. ‘Acho que não vai mais acontecer. [O negócio] Foi para o telhado por ele ter protelado’, afirma.

Outro indicador de que Silvio Santos trocou mais uma vez Boni pela mexicanização são os rumores de que Eugênio Lopez, ex-executivo da Televisa, vai assumir um importante cargo na emissora em abril. Especula-se que Lopez será formalmente consultor (porque seria estrangeiro), mas terá poderes de vice-presidente.

OUTRO CANAL

Atração

A Globo programou o longa ‘Náufrago’, em que Tom Hanks emagrece 20 quilos, para abrir sua ‘programação 2004’, em abril. O filme será exibido na ‘Tela Quente’, dia 12. E está pedindo caro pelos intervalos. Cada cota de patrocínio custa R$ 600 mil.

Upgrade

A Record está negociando com Lorena Calábria (Multishow) para apresentar o ‘Domingo Total’, seu ‘Fantástico’.

Tecnologia

A Oi, operadora de telefonia móvel da Telemar, começa hoje a oferecer a seus assinantes conteúdo de TV em celular. Fazem parte do pacote flashes de ‘Big Brother Brasil’, da Globo, boletins da BandNews, gols da rodada fornecidos pelo BandSports e vídeos do ‘Porteiro Zé’ (personagem que faz sucesso na 89 FM).

Crise 1

Depois de Marcílio de Moraes e Mário Prata, foi a vez de José Louzeiro deixar a equipe de roteiristas de ‘Metamorphoses’. O motivo é o mesmo dos antecessores: dificuldade de se relacionar com Arlette Siaretta, dona da Casablanca, produtora da novela.

Crise 2

Siaretta, que faz intervenções nos textos, vem colecionando tantos desafetos que já está sendo chamada de ‘Madame K’, alusão à fictícia autora da novela da Record, Charlotte K, que é ela mesma. E tem gente pensando em escrever uma peça sobre os bastidores de ‘Metamorphoses’. Título provisório: ‘A Múmia Emproada’.’



TV RECORD
Eduardo Ribeiro

‘Record estrutura equipe de programa’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 17/03/04

‘Após meses e meses a seco, convivendo com uma série (que parecia infindável) de notícias ruins, com demissões no atacado e no varejo, finalmente o mercado está ganhando um projeto de fôlego, importante e que deve gerar um considerável número de empregos diretos e outros tantos indiretos no nosso meio. Nada que vá, obviamente, salvar a pátria, mas ao menos temos um assunto para comentar muito mais animador.

A Rede Record decidiu investir numa revista eletrônica para ocupar um pedaço da faixa noturna de sua programação dominical – nos moldes do Fantástico – e se não houver percalços o projeto emplaca na telinha em abril próximo, em dia e hora a serem anunciados oportunamente. E tudo faz crer que a emissora vai partir para uma estratégia diferenciada: programa nos moldes do Fantástico, mas na faixa do Faustão, das 18h às 20h.

De concreto o que há é que a emissora já começou a montar o novo núcleo, vinculando-o diretamente à Direção Artística (leia-se Luciano Calegari e Del Rangel), e a fazer as respectivas contratações.

O comando do projeto é de Carlos Amorim, profissional que militou vários anos na Band, lá convivendo com colegas que acabaria chamando para a nova empreitada. Um deles é Hélio Matosinho, que trocou o posto de editor-executivo do Jornal da Band pelo de editor-chefe do novo projeto. Nos próximos dias apresenta-se à equipe o editor-executivo Simão Pedro Scholz, que também era da Band, da equipe do José Luiz Datena. Matosinho e Simão Scholz compartilham uma outra afinidade, ambos têm origem na imprensa paranaense, onde atuaram por muitos anos.

Adalberto Bottini, que passou por várias emissoras e também uma temporada em assessoria de imprensa, retoma seu trabalho na tevê, chamado para ser produtor executivo do projeto. Aliás, a área de produção será estratégica em todos os sentidos, pelos temas diferenciados que precisará buscar permanentemente para construir não só repercussão como audiência. Esta é uma das razões da contratação de José Vicente, colega que era da tevê Cultura e que na Record terá a missão de comandar uma equipe com outras cinco produtoras, entre elas Fernanda Barroso, que foi da Globo no Rio e está agora em São Paulo.

No total, a equipe de produção do novo programa terá 36 profissionais, entre eles os repórteres Eduardo Elias, que vem da ESPN; Tatiana Chiari, que era da tevê Cultura mas foi anteriormente na Editora Abril (Playboy, Veja e Núcleo de Especiais); e Luciana Lancelotti (ex-Globo e por último no Escritório de Comunicação de Lu Fernandes) – além de Adriana Ramos, que deixa o Fala Brasil para se integrar à equipe, Ulisses Rocha, que continuará no Cidade Alerta entrando também na programação dominical, e de Nill Marcondes (Jamanta), jornalista e ator da série Turma do Gueto. O projeto valer-se-á também da estrutura de jornalismo da casa e da colaboração dos demais profissionais do departamento dirigido por Luiz Gonzaga Mineiro.

Outro fato relevante é a questão da remuneração. Se a emissora está conseguindo atrair colegas que estavam bem em outras emissoras, é porque certamente as ofertas são compensadoras. O que não deixa de ser importante, visto que até aqui o que havia era um movimento único no sentido do achatamento salarial.

Também a Símbolo investe

Outra boa notícia vem dos lados da Editora Símbolo, empresa que na segunda metade dos anos 90 deu uma espetacular arrancada, com lançamentos como Atrevida e Raça Brasil, a ponto de ser cobiçada pela poderosa Editora Abril. A Abril, aliás, partiu para o assédio e acabou assumindo o controle da empresa, por um período. Depois decidiu desfazer o negócio e a operação voltou para o comando de Joana Woo. Feitos os ajustes, a Símbolo recobrou o ânimo e a capacidade de investir e pelo visto prepara inúmeros projetos para os próximos meses. Dois deles serão comandados por Lais Castro, contratada como diretora da Divisão de Trabalho e Negócios, mas apenas um é conhecido: a revista Vida Executiva, para mulheres que trabalham, prevista para chegar ao mercado em 5 de maio. A publicação já tem um núcleo editorial fechado, com as presenças de Ivonette Lucírio, como editora-chefe, Andréa Bid, como editora de Arte, e a repórter Juliana Nogueira.’