Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cisão política se mostra na TV

A profunda divisão política da Venezuela fica mais evidente que nunca através das emissoras de TV do país, aponta reportagem de Christopher Toothaker para a AP [17/3/04]. Desde que a autoridade eleitoral venezuelana pediu a revisão de 870 mil assinaturas do abaixo-assinado da oposição que pede um plebiscito sobre a continuidade do presidente Hugo Chávez no poder, violentos protestos irromperam nas ruas, matando pelo menos nove pessoas.

Desde o início dos conflitos, a emissora estatal VTV tem exibido repetidamente imagens de senhoras oferecendo água aos soldados que se esforçam para manter a ordem. Nos canais privados, no entanto, o que ganha ênfase é a violência com que as manifestações são reprimidas, junto com propagandas em favor do plebiscito. A emissora privada Globovision, que Chávez considera inimiga do governo, tem um quadro em um programa que se chama ‘O que o presidente disse’. Ele começa com trilha de filme de terror e, antes de as declarações de Chávez serem mostradas, um ‘Blá-blá-blá’ enche a tela.

Tanto o canal estatal como os privados transmitem mensagens pregando a paz. Mas nos bastidores as acusações entre oposição são intensas. O presidente da VTV, Vladimir Villegas, disse que opositores de Chávez atacaram instalações da emissora com pedras e fogos de artifício. Preparando terreno para alguma intervenção mais dura, o presidente venezuelano acusa as redes privadas de promoverem o ‘terrorismo’. Em recente discurso, ele pediu aos diplomatas estrangeiros que não se deixem enganar pela mídia privada e que contem a ‘verdade’ em seus países caso seja necessário fechar algum veículo.