Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalistas da Globovisión agredidos durante evento político

 

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condenou um ataque ocorrido no domingo (4/3) contra jornalistas da emissora Globovisión que cobriam um ato político do candidato de oposição Henrique Capriles em San José de Cotiza, bairro de Caracas. O ataque ocorreu depois que a equipe do canal filmou um tiroteio no local.

A Globovisión informou que homens armados, que usavam camisetas vermelhas associadas aos partidários do presidente Hugo Chávez, ameaçaram seus jornalistas e roubaram equipamentos. Capriles, que enfrentará Chávez nas eleições presidenciais marcadas para 7/10, foi imediatamente transportado em um veículo para um local seguro, segundo informações da imprensa venezuelana.

Depois que a Globovisión filmou o tiroteio, homens armados se aproximaram da repórter Sasha Ackerman e do cinegrafista Frank Fernández. O câmera tentou refugiar-se dentro de uma casa, mas os homens entraram e roubaram seu equipamento sob a mira de uma pistola. O filho do político de oposição Ismael García foi atingido por um tiro no pulso, e outras quatro pessoas também ficaram feridas. “Este tipo de censura sob a mira de uma arma não é um bom presságio para os jornalistas que informam sobre a crucial eleição presidencial que se aproxima”, declarou Robert Mahoney, subdiretor do CPJ. “As autoridades devem demonstrar que não vão tolerar intimidações escandalosas contra a imprensa e iniciar uma investigação completa sobre o ataque aos jornalistas da Globovisión”.

Tareck el-Aissami, ministro da Justiça, disse que as autoridades estavam investigando o ataque, mas alegou que a oposição foi responsável pelo tiroteio. “Montaram este show”, afirmou ele. Outros funcionários públicos afirmaram que os guarda-costas de Capriles iniciaram os disparos e feriram as pessoas.

Crítica

Jornalistas da Globovisión já foram ameaçados e agredidos por partidários do governo em outras ocasiões, o que motivou uma determinação da Corte Interamericana de Direitos Humanos recomendando que a Venezuela forneça proteção ao canal e a seus repórteres. A Globovisión, crítica ao governo, tem mantido uma dura disputa com Chávez. Em outubro passado, o órgão regulador de telecomunicações multou a emissora em R$ 3,5 milhões sob acusação de violar a lei de responsabilidade social em rádio e televisão por suas informações sobre uma rebelião com mortes em presídios.

A Globovisión é o único canal de TV crítico ao governo Chávez que permanece em funcionamento. Outra emissora de oposição, a RCTV, foi obrigada a sair da TV aberta depois que sua licença foi revogada, em 2007 – ela conseguiu voltar ao ar via cabo, mas em 2010 foi novamente fechada pelo governo. Informações do CPJ [6/3/12].