Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Rádio e controle social das comunicações

 Não queremos nesta reflexão defender a censura nem estimular o cerceamento da liberdade dos locutores, mas acreditamos que seja necessário e urgente uma atenção maior no que se passa pelas programações radiofônicas que enchem nossos lares de pornofonias e observações infelizes por parte de locutores que muitas vezes destilam idéias discriminatórias e ideologias que servem a interesses econômicos. Essa realidade não contribui para o desenvolvimento de uma comunicação que atenda os interesses da maioria do povo, que está ávido de informações, de contribuições cidadãs e de um rádio que exerça um papel firme na defesa dos direitos.

O poder público precisa fazer acompanhamento mais abalizado de certas programações de rádio. Nota-se uma proliferação de idéias que não têm nada a ver com a nossa sociedade democrática. É preciso que os radialistas passem urgentemente por uma reciclagem, pois o rádio é um meio de comunicação que está em todos os lugares – e aquilo que é emitido pelas ondas radiofônicas deve ser baseado no valor e no respeito aos que recebem a informação. O rádio não deve ser usado para satisfazer interesses políticos ou econômicos. Seu papel vai mais além: a missão dos que trabalham nesse meio de comunicação é atuar a serviço dos interesses da sociedade.

Em alguns casos o rádio é usado para macular a imagem de pessoas que não têm direito de defesa, pois a maioria dos programadores não dá este direito e deixam aqueles que são agredidos sem oportunidade de se defender. Os interesses econômicos e políticos fazem do rádio um instrumento de discriminação, segregação e negação da democracia. O rádio sempre esteve na vanguarda da sociedade e não podemos deixar que ele seja instrumento de um processo de fortalecimento da ânsia de lucro.

É preciso urgentemente uma maior participação da sociedade no controle desse meio de comunicação – não um controle antidemocrático, mas controle social . Os supostos proprietários de rádio (bem público) precisam criar mecanismos de participação da sociedade na programação; estimular ouvidorias para saber da opinião dos ouvintes sobre o que se emite, sobre o que se diz, sobre as idéias difundidas.

As programações devem cumprir um papel cidadão, estimulando ações de solidariedade, de respeito às leis e ao ambiente, de dignidade e luta contra a discriminação. O rádio dever ser cúmplice das lutas populares. Os detentores das concessões de rádio devem desenvolver programações interativas com participação popular. Rádio é de interesse público e o povo não quer baixaria em suas casas: quer conhecer a vida , saber dos seus direitos e contribuir com um mundo melhor e mais justo.

O rádio deve ser um instrumento a mais a serviço da melhoria do nível de vida do povo, pois a comunicação é um processo de trocas e, a comunicação, uma arma forte para a melhoria do nível de vida do nosso povo.

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Presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará