Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Dois furos em quatro dias

Está sendo interessante acompanhar o esforço de recuperação do jornal carioca O Dia. Na segunda-feira (14/3), a manchete chamava atenção na banca: ‘Pai entregou bandido americano preso no Brasil que pode ser condenado à morte’. A informação era nova, jornalismo popular da melhor qualidade: os outros jornais nem falavam do pai de Jesse James Hollywood, o mais jovem criminoso na lista de procurados do FBI, preso em Saquarema (RJ) na semana anterior e deportado rapidamente para os Estados Unidos.


Na quinta-feira, outra chamada diferente no alto da primeira página do jornal: ‘Assessor de deputada – Universitário traficante enganou até Denise Frossard’. O concorrente Extra deu chamadinha no pé da primeira página; o Globo nem chamou o leitor para a excelente matéria interna sobre a onda de prisões, no Rio, de universitários de classe média que são traficantes nas horas vagas. Entre eles, Elton Gomes da Silva, o assessor da deputada federal do PPS. Nenhum dos dois mencionava que o rapaz trabalha no escritório de Denise Frossard no Rio.


O Dia furou não só o concorrente popular direto, mas também o jornalão. Na página 14, embaixo da manchete ‘De dia mocinho, à noite vilão’, e da linha de apoio ‘Além de ir à faculdade e trabalhar em escritório de deputada, rapaz dava ‘expediente’ em uma favela de Niterói com chefão do pó’, um box completava o furo: ‘Parlamentar chocada – Ela e o rapaz se encontravam toda semana’.


Alberto Dines, editor-responsável deste Observatório, observa que quando o jornalismo popular sai-se bem assim é porque a grande imprensa está comento mosca. ‘Quando a imprensa popular quer fazer bom jornalismo, a chamada imprensa de qualidade fica para trás’, diz. ‘O país precisa ter uma imprensa de nível e uma imprensa popular bem-feita.’ (Marinilda Carvalho)