‘Exibida pela Rede Globo sempre com horário oscilante entre 23h e 24h, a minissérie ‘Mad Maria’ tem andado fora dos trilhos no que diz respeito à audiência. Com jeito de superprodução, e apesar do elenco estelar, que inclui nomes de lindos (como Ana Paula Arósio e Fábio Assunção) e queridos (como Tony Ramos e Antonio Fagundes), o épico, que conta a história da construção da ferrovia Madeira-Mamoré em 1911 e é situado na selva amazônica, tem registrado números inferiores aos das suas antecessoras.
Em 28 capítulos, a trama só conseguiu média igual ou superior a 30 pontos em quatro ocasiões, nenhuma em março. A média de audiência até a última terça-feira (15/3) ficou em 23 pontos, segundo o Ibope. Um ponto representa 49,5 mil domicílios na Grande SP.
Para o autor, Benedito Ruy Barbosa, o problema da minissérie está diretamente ligado à grade de programação. Benedito cita o horário de exibição e a proximidade com o ‘Big Brother Brasil’ e com a transmissão de jogos de futebol, às quartas, como atrapalhadores. ‘O ‘Big Brother’ é um produto vencedor, está dando certo, tem uma audiência muito alta. A minissérie paga caro por isso. Quando tem futebol, as pessoas dormem. E quem assiste a esses programas não vê ‘Mad Maria’.’
Espectadores da minissérie concordam com o autor. A veterinária Anita Neves da Conceição, 39, que é fã de ‘Mad Maria’, começou a perder partes da trama desde o primeiro capítulo, exibido em uma terça-feira, dia de eliminação do ‘BBB’. ‘Por causa do longo paredão, acabei me distraindo com alguma outra coisa e perdi’, conta.
Conceição também reclama da duração dos capítulos. ‘Acho que são curtos e que, às vezes, são interrompidos sem a menor cerimônia. Terça mesmo foi assim’, diz a veterinária que não acha a minissérie excessivamente triste.
Na quarta-feira, dia 9/3, por exemplo, ‘Mad Maria’ foi ao ar por apenas 21 minutos. Nesse dia, o programa foi exibido a partir das 23h13. No dia seguinte, a minissérie começou ainda mais tarde, a partir das 23h48.
O engenheiro mecânico Aurélio Zacchi, 50, considera um ‘sacrifício’ esperar acordado pela minissérie. ‘Realmente é bastante sacrificado ficar esperando até tarde e sem um horário bem definido. Ainda, algumas vezes, passam apenas dois blocos e já termina.’
Ao analisar horários e datas, é possível encontrar ainda mais explicações para a baixa audiência de ‘Mad Maria’. Tanto ‘Um Só Coração’ (2004) quanto ‘A Casa das Sete Mulheres’ tiveram suas estréias marcadas no começo de janeiro (dias 6 e 7, respectivamente). As antecessoras contaram ainda com o primeiro capítulo colado ao fim da novela das oito. ‘Mad Maria’ começou no dia 25 de janeiro, depois do ‘BBB’, ocupando o lugar de ‘Hoje É Dia de Maria’.
Final fechado
Para Benedito Ruy Barbosa, ‘não há o que fazer’ para salvar a minissérie. Segundo ele, a trama já está ‘pronta’, com todos os capítulos escritos. O final não pode ser modificado e os capítulos não serão ‘requentados’ com cenas mais picantes. ‘É uma trama fechada’, disse.
Os telespectadores ouvidos pela Folha não reclamaram dos rumos que a trama tomou. Para Valdirene Luiza Silva, 30, que destaca a atuação do elenco, a minissérie consegue retratar muito bem o início do século 20. Silva diz que ‘só tem a reclamar’ do horário.
Benedito concorda: ‘É uma pena que é [exibida] tão tarde. Foi caro, a gente recuperou uma locomotiva, recuperou trilhos, e isso para ficar 20 minutos no ar. Mas não dá para discutir. Se eu fosse o programador também não saberia o que fazer. Não é um erro de estratégia’.
Em nota, a Central Globo de Comunicação afirmou que os índices alcançados pela minissérie são satisfatórios, mas não comentou a diferença de audiência entre ‘Mad Maria’ e outras minisséries exibidas nos anos anteriores.
‘A audiência da minissérie ‘Mad Maria’ está dentro das expectativas, considerando seu horário de exibição. As minisséries da TV Globo são elaboradas levando em consideração o perfil do público do horário em que são exibidas. Assim como toda a programação da TV Globo, que é produzida e pensada para atender a toda família.’’
TV CULTURA
‘Cultura revive teleteatro em nova roupagem’, copyright Folha de S. Paulo, 20/03/05
‘A retomada pela TV Cultura de programas consagrados nos anos 50, 60 e 70 confirmam a máxima do ‘nada se perde, tudo se transforma’. Iniciativas recentes da emissora têm o pé no passado: a mais nova delas é a filmagem dos célebres teleteatros.
Produto de vanguarda nos anos 50/60 na Tupi e nos 70 na Cultura, os teleteatros voltam em abril à grade da emissora pública paulista, aos sábados, às 22h. Ainda não há data definida para a estréia.
‘Não temos nenhum problema de voltar com programas antigos que possam ser colocados no ar com uma roupagem nova, adaptados para a circunstância atual’, diz o presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça.
O nome deste primeiro projeto do núcleo de dramaturgia da emissora, ‘Senta que Lá Vem Comédia’, entrega o gênero dos textos adotados à encenação e dá a impressão de também ter sido ‘reciclado’ (quem não se lembra daquele quadro infantil da rede, o ‘Senta que Lá Vem História’?).
‘A opção pela comédia é porque ela tem uma linguagem mais fácil. Na televisão você nunca tem a mesma concentração que tem no teatro. Em casa toca o telefone, o carro passa na rua, o filho chama. A comédia não é um texto que, se você perder uma palavrinha, perde o que ele quer dizer’, justifica Analy Alvarez, coordenadora do núcleo de dramaturgia.
Entre os textos encenados, comédias de costumes do século 19 (‘O Primo da Califórnia’, de Joaquim Manoel de Macedo) dividem espaço com textos mais contemporâneos (‘Um Edifício Chamado 200’, de Paulo Pontes).
‘São comédias excelentes, relegadas ao segundo plano pela intelectualidade brasileira. Eu quero resgatá-las’, diz Alvarez.
Teatro + televisão
Com valores de produção estimados entre R$ 80 mil e R$ 100 mil por programa, os episódios são gravados nos teatros Franco Zampari e Maria Della Costa, em São Paulo. A intenção da emissora é produzir e finalizar até o fim de agosto 26 episódios. Não à toa, o ritmo é acelerado. O elenco de cada peça tem, em média, três semanas para discutir o texto, acertar o figurino, decorar as falas, ensaiar e se apresentar diante da platéia que acompanha as gravações.
‘A gente brinca que é um coito interrompido. Fica lá com aquele processo todo, quando vai chegar ao orgasmo, acabou’, brinca o ator Fabio Azevedo, 26, sobre a apresentação única.
O público que assiste às encenações é um elemento-chave. Como em qualquer peça, em especial nas comédias, é a platéia quem baliza o tom de cada gesto. ‘Às vezes a gente ensaia prevendo uma reação, e acontece outra’, conta Luiz Serra, 67, que pretende aproveitar a preparação de ‘Toda Donzela Tem um Pai que É Uma Fera’ e levá-la ao cartaz.
Aliás, a reação da platéia não só serve de termômetro mas também é incentivada, como comprovou a Folha na última terça na gravação de ‘O Primo…’.
‘Aplaudam e riam bastante!’, recomendava Alvarez após apresentar o elenco. É que as imagens e sons da platéia são captados e intercalados às cenas da peça.
No palco
O elenco de ‘Senta que Lá Vem Comédia’ mescla iniciantes e grandes diretores e atores de teatro, caso de José Renato Pécora, que dirige ‘Um Edifício Chamado 200’, e dos atores Francarlos Reis, Serafim Gonzalez, Luiz Serra e Paulo Hesse. Caras conhecidas da TV brasileira de hoje não ficam de fora. Tuca Andrada é o protagonista de ‘Um Edifício…’; Bárbara Paz atua em ‘Toda Donzela…’ e Paula Picarelli participará de ‘Onde Canta o Sabiá’.
‘É claro que neste começo eu preciso de alguns atores conhecidos, até para ganhar credibilidade do telespectador que está acostumado com essas caras na televisão’, admite Alvarez. ‘A gente precisa ter muito cuidado quando fala disso, porque não quero passar a idéia de que estamos chamando atores conhecidos da Globo. Estamos chamando bons atores’, reforça.
Embora não seja uma emissora comercial, a aceitação do público pesará na decisão de dar continuidade ao projeto. ‘Se você não tem retorno de público, não tem parceiro. Sem parceria, a emissora não vai conseguir fazer tudo o que quer’, diz Alvarez.
Mais que isso, a TV Cultura pretende fazer pesquisa de qualidade junto ao público para avaliar a necessidade de ajustes no programa.’
Isabelle Moreira Lima
‘Tupi lançou gênero nos anos 50’, copyright Folha de S. Paulo, 20/03/05
‘Em tempos preliminares à era do videoteipe, o teleteatro surgiu como uma das primeiras soluções para a teledramaturgia brasileira. Precursor da telenovela, nessa primeira fase, o gênero começou a ser amplamente produzido no Grande Teatro Tupi e exibido pela TV Tupi de São Paulo a partir de 1952. A fase duraria até o início dos anos 60, quando o advento da gravação possibilitou tramas com seqüência e mais locações.
Nessa primeira fase, tanto em São Paulo quanto no Rio, nomes do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) como Fábio Sabag, Fernanda Montenegro, Nathália Timberg, Leonardo Villar, Ítalo Rossi e Zilka Salaberry participaram das montagens.
Em 1965, a Globo exibiu seu primeiro investimento no gênero, ‘4 no Teatro’, com direção de Sérgio Britto e Fernando Torres. O programa procurava repetir a fórmula da Tupi, com um núcleo fixo de atores que se revezavam a cada semana no papel de protagonista.
Os textos encenados eram, em sua maioria, adaptações de peças famosas, produzidas por Janete Clair e Oduvaldo Vianna Filho, entre outros. Um exemplo é ‘Por Amor a Minha Cidade’, de Flávio Rangel, baseado em ‘O Inimigo do Povo’, de Ibsen. As peças tinham duração de uma hora, eram gravadas no Rio e exigiam de duas a três semanas de ensaio.
Além de ‘4 no Teatro’, a Globo exibiu ainda a série ‘A Poltrona’ (1966), de adaptações de clássicos, e ‘Dercy Comédias’ (1967), de comédias escritas para Dercy Gonçalves. A emissora retomou as produções com ‘Comédia Especial’ (1972) e ‘Aplauso’ (1979), de adaptações de clássicos. A última produção da Globo, ‘Coco, My Darling’, data de 1988.’
REDE TV!
‘Rede TV! ‘dribla’ Band e leva 2ª divisão’, copyright Folha de S. Paulo, 19/03/05
‘Ex-’o canal do esporte’, a Band queria, mas quem vai transmitir a Série B do Campeonato Brasileiro de futebol em 2005 será a Rede TV!. A emissora acaba de fechar acordo com a FBA (Futebol Brasil Associados), entidade que congrega os times da segunda divisão do Nacional, e irá exibir 32 jogos.
A Rede TV! irá mostrar as partidas aos sábados, às 16h, tentando conquistar um público que estava habituado com as transmissões de futebol que a Globo fazia nesse horário. Sua estréia na Série B será em 23 de abril, com Marília x Vitória. Segundo Amilcare Dallevo Jr., presidente da Rede TV!, a emissora tem direitos de exibir jogos aos sábados até novembro, ou seja, até o final da competição.
O time de maior expressão da Série B deste ano é o Grêmio. Há também clubes de respeitáveis torcidas regionais, como Bahia, Vitória, Sport e Náutico, além dos paulistas Guarani, Portuguesa, Santo André e Ituano.
A Rede TV! só conseguiu os direitos em rede nacional da Série B após uma negociação que envolveu a Globo. Sem interesse em exibir jogos às 16h dos sábados, a Globo concordou em devolver à FBA, por R$ 800 mil, parte dos direitos que já tinha adquirido.
A Globo manteve parte dos direitos de exibir o campeonato, aos domingos, às 16h, em transmissões regionais. Segundo a emissora, isso só deve ocorrer no quadrangular decisivo do torneio, em outubro e novembro.
OUTRO CANAL
Alforria O Superior Tribunal de Justiça decidiu devolver ao Tribunal de Justiça do Rio o processo em que a Globo tentava anular sentença que impedia a exibição de ‘Laços de Família’ antes das 21h. A emissora fez um acordo com o Ministério Público dizendo que iria reeditá-la, o que compromete o processo. Assim, a ação será arquivada, e a novela está definitivamente liberada.
Resgate Depois do susto da quarta, quando deu 43 pontos, a novela ‘América’ voltou a registrar audiência de gigante na quinta. Deu 52 pontos. Na média dos quatro primeiros capítulos, tem 51 pontos, contra 50 de ‘Senhora do Destino’. Mas ambas empatam em ‘share’ (participação no total de televisores ligados): 72%.
Rugido Ratinho não gostou nada de saber que a novela ‘Xica da Silva’ entrará às 21h15 a partir do dia 28. Para ele, isso significa que não tem mais chances de seu programa voltar a esse horário. O pior (para Ratinho) é que ‘Xica’, se for bem, abrirá espaço para a produção de uma segunda novela nacional, na linha ‘picante’.
Náufragos Exibido simultaneamente pelos canais Sony e AXN, o seriado ‘Lost’ foi líder absoluto de audiência da TV paga em sua estréia no Brasil, no último dia 7. No horário (20h/21h30), o Sony ficou em primeiro, e o AXN, em segundo, no ranking da TV paga. Segundo os canais, a série alcançou 439 mil telespectadores.’