Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Futuro da News Corp pode ser longe dos jornais

Não se sabe se, depois de todo o escândalo envolvendo grampos telefônicos ilegais e subornos a policiais, James Murdoch, que deixou a presidência do braço britânico do grupo de mídia News Corporation, poderá um dia suceder o pai, o magnata Rupert Murdoch, na liderança dos negócios da família. A saída de James da News International, anunciada no último dia de fevereiro, está sendo mostrada pela News Corp como algo rotineiro: ele deixa a unidade que cuida dos jornais no Reino Unido, mas continua a atuar como vice-presidente de operações do grupo e a dirigir seus negócios internacionais. A News Corp também tenta deixar claro que a mudança de James de Londres para Nova York não foi novidade; já havia sido anunciada há um ano.

A verdade é que nada é tão simples. O escândalo que estourou no ano passado – e até hoje mantém as estruturas da News Corp abaladas – foi grave. A partir da informação de que o tabloide News of the World havia grampeado a caixa de mensagens do telefone de uma adolescente sequestrada, investigações levaram a milhares de outras vítimas de invasão de privacidade, entre famosos e anônimos. Uma crise se instalou no órgão responsável por fiscalizar a mídia impressa no Reino Unido – depois de 21 anos de atuação, a Press Complaints Commission será fechada em breve, noticiou o Guardian na semana passada. E o primeiro-ministro, David Cameron, pediu a criação de um inquérito para avaliar o estado da imprensa britânica e descobrir como consertar os problemas. O escândalo provocou o fechamento do News of the World, que tinha 168 anos, e a detenção de jornalistas e executivos. Recentemente, jornalistas do Sun, o outro tabloide do grupo, também foram presos para interrogatório em uma investigação sobre suborno de autoridades.

Recomeço

Dizer que a dança das cadeiras na News International não é nada demais é tentar tapar o sol com uma peneira. Em teoria, James Murdoch pode tentar um novo começo, longe da atmosfera venenosa de Londres. Uma das novas atribuições de James será cuidar da TV por assinatura, setor em que ele atuava com sucesso antes de assumir os jornais britânicos, em 2007.

Quando Rupert Murdoch chegou a Londres em fevereiro para lançar o Sun on Sunday, espécie de substituto do News of the World, James não estava com ele, e sim o filho mais velho, Lachlan – o que foi visto pela imprensa britânica como um indício de troca de herdeiros. Afinal, James ficará para a posteridade como o homem responsável pelo fechamento do maior jornal dominical do Reino Unido – pior: como o homem que chefiava este jornal e alega não ter visto o tamanho do problema que estava a sua frente, apesar de ter sido avisado sobre ele.

Negócio secundário

Mas apesar de toda a preocupação envolvendo os jornais do grupo, para o mercado eles ficam em segundo plano. Em 2010, quando a News Corp apresentou pela última vez a receita dos jornais separadamente do resto de seus negócios, os impressos representaram menos de um quinto da receita total e apenas um oitavo dos lucros. Os investidores – ainda que tenham comemorado a chegada do Sun on Sunday como meio de reconquistar leitores do News of the World – veem os bens impressos da News Corp como um negócio de crescimento lento e pouco lucrativo. O dinheiro estaria nos canais de TV e nos estúdios de cinema.

As ações da News Corp vem crescendo nos últimos quatro anos, mas continuam abaixo do valor ideal. Nas últimas semanas, elas subiram no dia do anúncio da saída de James da News International e logo depois que Chase Carey, vice-presidente da News Corp, reconheceu que os executivos do grupo haviam discutido a possibilidade de vender os jornais. Informações da Economist [3/3/12].