O Comitê de Distribuição Americano-Judaico (American Jewish Joint Distribution Committee) é uma organização de apoio à comunidade judaica com sede em Nova York. Com quase 100 anos de existência, atua em mais de 70 países, fornecendo comida, educação e treinamento profissional. Mas além da ajuda prática, a organização se dedica também a preservar a história e a memória do povo judeu.
Acadêmicos e genealogistas, além de descendentes de refugiados de guerra e sobreviventes de desastres, buscam informações sobre o movimento migratório dos judeus em todo o mundo, tentando construir um retrato das aventuras e desafios enfrentados por seus ancestrais. Estas pesquisas em busca de documentos e registros demandam esforço e paciência.
Internet
Agora, a organização vai colocar grande parte de seu acervo na internet e organizá-lo com uma ferramenta de busca que possibilite o acesso rápido a cada documento ou fotografia. A digitalização será uma grande ajuda para quem quer ter acesso a estas informações – os arquivos do Comitê contêm mais de 500 mil nomes e 100 mil fotografias.
A organização recebe 850 pedidos de pesquisa por ano, e espera que este número aumente consideravelmente com os arquivos online. “A importância do online é que, basicamente, você aumenta sua audiênca de maneira fenomenal, porque as pessoas não têm que vir a Nova York [fazer a pesquisa]”, explica Marion A. Kaplan, professora de história judaica moderna na Universidade de Nova York. Marion usou os arquivos da organização para um livro publicado em 2008 sobre um pouco conhecido assentamento de 800 refugiados na República Dominicana durante a Segunda Guerra Mundial.
A princípio, serão disponibilizados apenas documentos escritos de 1914 a 1932, mas aos poucos o resto do arquivo vai ser escaneado por um processo conhecido como OCR (reconhecimento óptico de caracteres), que converte palavras impressas em texto que pode ser editado ou buscado pelo sistema de palavras-chave do computador.
Entre os tesouros da organização estão uma fotografia de Leonard Bernstein conduzindo uma performance de “Rhapsody in Blue” para sobreviventes de um campo de concentração em um concerto em um campo de refugiados na Alemanha em 1948; cartas contando a odisseia do escritor búlgaro Elias Canetti, vencedor do Nobel de literatura, que participou de um comboio de judeus sefarditas da Europa ocupada pelos nazistas até a neutra Lisboa; e uma imagem de Marc Chagall, tirada em 1921, quando ele dava aulas para órfãos da Primeira Guerra e vítimas de ataques a comunidades judaicas russas em uma casa próxima a Moscou.
Auxílio
O “Joint”, como a organização é conhecida, foi fundado em 1914 por famílias judias alemãs ricas para ajudar judeus na Palestina que haviam perdido o auxílio vindo da Europa com o começo da guerra. Desde então, a organização ajudou judeus desesperados para deixar a Alemanha durante o Nazismo, sobreviventes do Holocausto e judeus isolados pela Cortina de Ferro. O “Joint” também presta assistência para não judeus após desastres naturais, como no tsunami de 2004 no Oceano Índico. Segundo Amir Shaviv, vice-presidente executivo da organização, ela conta hoje com orçamento de 333 milhões de dólares e fornece comida, remédios e outros tipos de auxílio para 200 mil judeus da ex-União Soviética e a pequenas comunidades na República Checa, Egito, Hungria e Polônia. Informações de Joseph Berger [The New York Times, 3/3/12].