Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ataques à mídia são cada vez mais frequentes

O Chile está perdendo a batalha por uma mídia independente e livre, segundo artigo no principal jornal em inglês do país, o Santiago Times. Há duas semanas, um de seus repórteres multimídia, Jason Suder, foi detido pela polícia enquanto cobria um protesto, mesmo mostrando suas credenciais de imprensa. Depois de ficar diversas horas sob custódia, ele foi solto. Este tipo de ataque à liberdade de imprensa estende-se a outros países da América Latina, mesmo com a mudança de ditaduras arbitrárias para democracias civis, comenta Roy Greenslade [The Guardian, 9/3/12]. Os casos mais óbvios são Venezuela e Equador, mas a situação também é observada na Argentina.

Por um bom tempo, o Chile parecia ser um país com liberdade de imprensa. Entretanto, no último ranking da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), caiu 47 lugares, passando a ocupar a 80a posição. A queda, segundo a RSF, ocorreu devido às muitas violações ao direito de liberdade de informação, cometidas frequentemente por forças de segurança durante protestos estudantis.

Concentração

Um problema chave é a falta de diversidade midiática. Duas editoras são proprietárias de 95% dos jornais do país – trata-se de uma das imprensas mais concentradas no continente, ressalta Benoît Hervieu, da RSF. “Há um conflito de interesses no Chile: proprietários de mídia também são proprietários de terras e de indústrias”, afirma. Dois grandes jornais, El Mercurio e Copesa, recebem o equivalente a R$ 8,9 milhões por ano em subsídios do governo, criando outro conflito de interesses, desta vez entre a imprensa e o governo.

Este panorama não parecia importar até o Chile ser palco de uma série de protestos, incluindo um contra a construção de uma represa hidroelétrica na Patagônia, a tentativa de reformar o sistema de educação e a pobreza nas regiões mais periféricas do país. O governo passou a tomar uma posição mais ativa de repressão às manifestações populares e aos jornalistas que os cobriam. As ações abusivas das autoridades tiveram início durante os protestos estudantis de agosto do ano passado, e continuaram esporadicamente desde então.