Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Novo manual de redação

O editor-executivo do Washington Post, Leonard Downie Jr., disse que o jornal renovou seu manual de redação a fim de tornar mais claro o uso de fontes confidenciais, créditos do local de reportagem e citações.

Após meses de discussão por um grupo de editores do Post, que examinou as políticas do jornal à luz do escândalo Jayson Blair no New York Times, o novo manual foi apresentado em um memorando interno distribuído em uma reunião de funcionários no dia 18/2/04.

Entre as principais mudanças, segundo apurou Joe Strupp [Editor & Publisher, 19/2/04],
estão a necessidade de que as citações reflitam exatamente o que a pessoa disse – apenas com correções gramaticais –; a exigência de que pelo menos um editor saiba a identidade de qualquer fonte confidencial usada pelo jornal; a fidelidade ao off (Downie afirmou, inclusive, que recomenda que o repórter ‘evite esse tipo de conversa’); a possibilidade de se usar informações de fontes confidenciais citando uma descrição da pessoa, algo como ‘uma fonte da Casa Branca’, por exemplo; mais cuidado no uso do crédito dos locais de reportagem, os quais só poderão constar na chamada ‘dateline‘ se pelo menos um dos repórteres de determinada matéria tenha feito ‘apuração substancial’ nesse local, entre outras regras.

O estilo das correções também recebeu leves mudanças. De agora em diante, a culpa pelos erros não será direcionada a determinados membros da equipe. Ou seja, segundo Downie, não serão mais publicadas frases que contenham expressões como ‘devido a um erro de edição’ ou ‘baseado em um erro de reportagem’.



Crise gera aposentadoria voluntária em massa

A crise atingiu de vez o Washington Post. O jornal lançou um plano de aposentadoria voluntária para reduzir seus custos a longo prazo. Foi oferecido um pacote para funcionários de diversas áreas, com mais de 55 anos e que trabalhassem no jornal há mais de 10. Se fossem voluntários, receberiam benefícios como plano de saúde e um pagamento correspondente a dois anos de salário.

Segundo reportagem do New York Times [16/2/04], o plano era tão tentador que o número de voluntários foi maior que o esperado. Só na redação, 54 repórteres, editores e fotógrafos se candidataram. Desta forma, o jornal perdeu, de uma única vez, aproximadamente 7% de sua equipe editorial. Na área administrativa, incluindo os departamentos de circulação e publicidade, 70 pessoas saíram. O que parecia solução virou problema.

Pelo menos na área editorial, o baque foi contido com uma saída provisória. Os jornalistas recém-aposentados assinaram um contrato de free-lance e continuarão a trabalhar por até um ano para ajudar o jornal a se restabelecer da grande perda que sofreu. Mas quando a poeira baixar, afirma o editor-executivo Leonard Downie Jr., o jornal pretende contratar novos jornalistas para preencher quase todas as vagas que ficaram vazias.