O proprietário do canal de notícias C5N disse que não censurou entrevista em que um ex-funcionário do kirchnerismo fazia críticas à presidente Cristina Kirchner. “Foi um erro, nunca interrompi uma reportagem”, disse Daniel Haddad, que justifica a súbita retirada do ar do programa do jornalista Marcelo Longobardi (Longobardi en Vivo) pelo fato dele não ter respeitado o tempo para a entrada da publicidade. Longobardi estava entrevistando o ex-chefe de gabinete da gestão Néstor Kirchner (2003-2007), Alberto Fernández, quando este começou a criticar a mandatária. Afirmou que, quando ela se irrita com uma notícia, desconta no emissário. Atacou Cristina por ela ter rotulado colunistas do Clarín e do La Nación de “nazista” e “antissemita”.
Os dois jornais publicaram colunas em que faziam críticas ao vice-ministro de Economia, que é judeu. Abruptamente, enquanto Longobardi e Fernández comentavam o fato, subiu o volume da música de fundo e a imagem foi cortada. Diferentemente do que acontece todas as semanas, o programa também não foi repetido de madrugada.
Ministro teria pedido suspensão
“O C5N recebe volumosa verba de propaganda oficial, não só do governo federal também como das províncias. Isso demonstra que está cada vez mais vinculado ao kirchnerismo”, disse à Folha Maria O’Donnell, autora do livro Propaganda K, que analisa o aparato midiático patrocinado pelo governo.
Em entrevistas ontem, o ex-chefe de gabinete classificou o caso como “patético”. No Twitter, o jornalista mexicano Alberto Padilla, que seria entrevistado na sequência, disse ter ouvido, no estúdio, os produtores falando que o ministro do Planejamento ligou para pedir a suspensão do programa. Um porta-voz de Julio De Vido refutou a acusação.
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[Sylvia Colombo, da Folha de S.Paulo]