É tempo de frenesi nos sindicatos de jornalistas americanos e germânicos. Na Alemanha, as notícias são boas. Já nos EUA, os trabalhadores dispararam alertas em dois dos mais prestigiosos jornais no país, The Wall Street Journal e The New York Times.
O presidente da Dow Jones, Peter Kahn, ficou perturbado com a mobilização de centenas de empregados sindicalizados em passeata que durou de 15 a 20 minutos na tarde de 24/2/04, no Journal e em outras publicações da companhia. O evento é o sinal mais recente das relações desgastadas entre a Dow Jones e seus funcionários. Segundo Keith J. Kelly [New York Post, 25/2/04], empregados esvaziaram as redações de Nova York e South Brunswick, em Nova Jersey. Funcionários não-sindicalizados também participaram do protesto.
De sua parte, uma porta-voz da companhia disse que a mini-passeata ‘não teve impacto significativo em suas operações’. A manifestação, porém, indica piora no ambiente de trabalho uma vez que os cerca de 1.700 funcionários sindicalizados rejeitaram enfaticamente a última oferta de salário oferecida pela administração.
Problemas de gráfica
No caso do New York Times, a ação de funcionários sindicalizados está prejudicando a entrega diária do jornal na região metropolitana, o que levou a companhia a reclamar junto à justiça. A New York Times Co. alega que a diminuição do trabalho dos empregados e a sabotagem às gráficas de jornal estão ‘impedindo que o Times seja impresso e até entregue aos consumidores na hora em que precisam e costumam recebê-lo’.
A polêmica, segundo James T. Madore [Newsday, 25/2], gira em torno de duas gráficas de Nova Jersey, que, juntas, produzem todas as cópias do jornal na região metropolitana, consumidora de mais de 50% da tiragem diária do Times.
Os dois lados têm brigado por causa de salário. Também se desentenderam devido à punição aplicada às gráficas por imprimir 140 mil cópias de um anúncio na seção errada. ‘Membros do sindicato estão sabotando os equipamentos de impressão do Times e diminuindo a produção’, disse a companhia.
Acordo na Alemanha
No velho continente, as notícias são boas. A Federação Européia de Jornalistas (EFJ) deu boas-vindas ao acordo feito pelos dois sindicatos de jornalistas germânicos, Ver.di e Deutsche Journalisten Verband (DJV), com a Associação Germânica de Publishers de Jornais (BDZV). Após semanas de conversas, mais de 14 mil jornalistas serão beneficiados pelo acordo, segundo a Federação Internacional de Jornalistas [26/2].
A princípio, as propostas da BDZV eram provocativas e inaceitáveis para os sindicatos. Entre outras coisas, a BDZV queria aumentar a carga horária de trabalho, reduzir feriados e diminuir os pagamentos desses dias de suposta folga. Em 13/1, representantes da EFJ protestaram em frente à Associação Européia de Publishers de Jornais (ENPA), pedindo que a entidade interviesse a favor dos trabalhadores. Em 28/1, cerca de 95% de seus membros votaram a favor de uma greve nacional. No dia seguinte, as primeiras greves começaram em 70 redações.
Agora, os principais pontos de conflito foram resolvidos. O acordo estabelece licença nos feriados de acordo com idade, em vez de reduzi-la a um único número comum a todos. A tentativa de aumento nas horas de trabalho foi abandonada e os salários não foram reduzidos, apesar de não se ter chegado a um acordo em relação a correção monetária da inflação.