Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Meritíssimos, Excelências, tirem as mãos da imprensa!

Além de autoritários, incompetentes. Tanto o juiz que impôs a censura prévia à Folha de S.Paulo e à Folha Online como os magistrados que autorizaram a polícia capixaba a fazer um grampo nos telefones da Rede Gazeta (ES) cometeram erros primários.


O titular da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Silvio Luís Ferreira da Rocha, pretendeu impedir a publicação de qualquer notícia sobre o caso de espionagem praticado pela Kroll, mas acabou chamando a atenção para aquilo que pretendia manter em sigilo. Quem havia esquecido do caso foi lembrado pelos jornais que registraram fartamente o ato censório. Internautas mais expeditos foram às bases de dados e levantaram tudo o que havia a respeito da arapongagem da Kroll.


O grampo na Rede Gazeta foi patético: o desembargador que autorizou a espionagem acabou admitindo que foi induzido a erro pois ‘pensou tratar-se do número telefônico de uma empresa de fachada, de nome Telhauto’ (Folha, 11/12, pág. A 23). [Ver ‘Grampos telefônicos na Rede Gazeta‘, neste OI]


Mancada igual do judiciário nunca aconteceu. Precisa ser punida com rigor pelo recém-instalado Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os delegados de polícia que solicitaram a escuta foram ineptos, o juiz que encaminhou o pedido e o desembargador que o autorizou estavam despreparados. E isso não pode ficar assim. A imprensa não pode resignar-se com esta dupla combinação de prepotência com incompetência [ver matéria ‘Ligações perigosas‘, de ClaudioTognolli, no site Consultor Jurídico].


Atacada pelo governo e pelo partido do governo por denunciar infrações que eles próprios admitiram e vilipendiada por um bando de gozadores irresponsáveis, a imprensa brasileira precisa reagir com mais altivez.


Não são as empresas jornalísticas que estão sendo desacreditadas, é um pedaço vital da democracia brasileira que está sendo perigosamente corroído.