Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Bruno Porto

‘Estudantes de jornalismo, Bernardo Mello Franco, de 20 anos, e Gabriel Brasil, de 21, fizeram o ensino médio juntos e desde então sonhavam em montar uma revista. Em outubro do ano passado, a uma semana do Festival do Rio, eles decidiram fazer uma cobertura diária (‘e brancaleônica’, ressalta Bernardo) da mostra e recrutaram dez amigos para ajudar na tarefa. Nascia o ótimo site Reator , que hoje reúne reportagens e críticas sobre cinema, música, literatura, teatro e artes plásticas.

– Bancamos algumas filipetas e divulgamos o site nas filas das salas de cinema durante a mostra – lembra Bernardo, aluno da UFRJ, que edita o Reator com Gabriel, da PUC. – Publicamos uma média de cinco artigos por dia, entre críticas de filmes e dicas de programação. Para nossa surpresa, deu certo.

Com o sucesso inicial, eles resolveram transformar o Reator numa revista semanal. As edições são atualizadas às sextas-feiras. Além de Bernardo e Gabriel a equipe do site hoje conta com 14 colaboradores fixos. A maioria também estuda jornalismo na UFRJ ou na PUC. Eventualmente textos de leitores são publicados no Reator. Bernardo diz que aos poucos o site está começando a tratar de temas não relacionados à cultura.

– Já publicamos uma série de entrevistas com correspondentes de guerra – diz ele, que explica o objetivo do Reator. – A idéia é fazer a revista que nós gostaríamos de ler toda semana. Só é proibido falar de política brasileira, senão a equipe acaba mais rachada que o PT.

Bernardo diz que o Reator é um bom estágio para quem, como ele, quer trabalhar com jornalismo.

– Discutindo e se ajudando nas reportagens, a gente aprende a escrever melhor. Além disso, a revista serve como válvula de escape, já que as faculdades dão pouco espaço para produzir e praticar a profissão.

O Reator tem uma média de 200 acessos por dia. A meta da equipe é chegar a mil acessos diários até o fim do semestre. Bernardo diz que 200 acessos é pouco, mas ‘está infinitamente acima do que poderíamos alcançar com uma edição impressa’. Uma edição impressa, aliás, é a próxima meta do Reator.

– Nosso objetivo é ser maior do que o ‘TheNew York Times’ – brinca. – Enquanto isso não acontece, já seria legal contar com uma pequena edição impressa, em formato tablóide, com alguns textos do site e outros exclusivos. Mas depende de arrumarmos patrocinadores.’



PLANTÃO DE NOTÍCIAS
Rodrigo Fonseca

‘Trash, brega e ‘CULT’’, copyright Jornal do Brasil, 6/03/04

‘Quem zapeia pelos canais da TV nas manhãs de domingo pode se deparar com uma cena surrealista se clicar na TV Record. O milionário saudita, terrorista nas horas vagas, Osama Bin Laden bebe cerveja com o ex-líder iraquiano Saddam Hussein, ao lado do jogador Ronaldinho e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, num bar da Glória, trocando impressões sobre o último Fla-Flu. O quadro pode continuar com o artilheiro tricolor Romário entrando em campo, possivelmente tropeçando em uma variedade de objetos espalhados pelo chão, como martelos de plástico (daqueles de carnaval), automóveis de papelão e um liquidificador.

Qual é o sentido disso tudo? Bom, lógica é algo que não importa muito para o Plantão de Notícias, programa criado há cinco anos pelo jornalista Maurício Menezes, que vai ao ar às 12h pela Record, e deve estar entre as mais mambembes atrações da TV brasileira. Sem ligar para a correção política e sem papas na língua, Menezes e sua trupe – um grupo que inclui radialistas e atores, um deles anão – querem é rir daquilo que todo mundo acha sério: a imprensa. Ou das gafes que ela comete. Com uma picardia que lembra o extinto Perdidos na noite, de Fausto Silva, e Casseta & Planeta, o Plantão zanzou por uma série de emissoras (CNT, Band), até fincar âncora na emissora paulista. Segundo a produção do show, o humorístico tem uma média de 4 pontos de audiência, com picos de 10.

– Isso aqui é um programa desaconselhável para estudantes de comunicação – alerta Menezes, que a partir deste fim de semana levará para o palco o escracho da telinha.

Até maio, ele e seu grupo ocuparão o Teatro Serrador, na Cinelândia, todos os fins de semana (sextas e sábados às 20h30 e domingos às 19h) com o espetáculo Plantão de Notícias.

– Quem for ver, vai saber que errar é humano, sobretudo no jornalismo. Nenhum profissional acha mais graça em contar seus erros do que o jornalista – diz Maurício, que conduz quadros como O jornal dos jornais, versão 1,99 do Jornal nacional, e Bola murcha, uma anárquica resenha esportiva em que atores fazem o papel de astros do futebol brasileiro.

Menezes e seus parceiros buscam diariamente material para o show mergulhando em pilhas de jornais, ouvindo programas de rádio e vendo televisão em busca de desacertos dos coleguinhas.

– O jornalista tem um inimigo mortal: a pressa. É ela que conduz ao erro – afirma Menezes, que, apesar de não abrir mão da acidez nas piadas, não admite palavrões, termos chulos ou insinuações pornográficas.

– É um programa na hora do almoço de domingo. Tem que ser para toda a família.

Mineiro de Gurinhatã, Menezes, 54 anos, admite que já errou numa carreira iniciada quase por acaso, em 1971, na Rádio Globo, quando foi obrigado pelo pai a desistir do sonho de ser roqueiro e arrumar um emprego. Jornalista de O Estado de S. Paulo por 21 anos, hoje assessor de imprensa no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ele não esconde que também já cometeu suas gafes.

– Uma vez, entrevistando Adionel Carlos, o assessor da Arquidiocese do Rio de Janeiro, perguntei há quanto tempo ele tinha sido ordenado Adionel. Não sabia que a palavra não era um cargo da Igreja, mas o nome dele – diz Maurício, lembrando uma história que ficou folclórica.

A inspiração principal para as piadas do grupo está nos cadernos científicos, conforme garante o radialista Hélio Jr., imitador oficial do presidente Lula no Plantão.

– A seção de ciências é a que mais rende. Toda semana elas publicam coisas do tipo: ‘Descoberto na África: elefante escuta mais do que o morcego’. A quem interessa isso? Só ao elefante, que não lê jornal.

Em cena, a anarquia da proposta se traduz na produção. Cenário organizadinho, no estilo global, é bobagem para Menezes e seus colegas de trabalho, que gastam na produção cerca de R$ 30 mil por mês – tostões, em termos de produção audiovisual -, incluindo o aluguel do horário na Record.

– Roupa bonita não é com a gente, nosso negócio é texto. Fazer humor em cima da mídia – afirma França Jr., filho do veterano radialista Luiz de França e parceiro de Menezes na criação dos quadros do Plantão.

Na TV e no espetáculo, França assume o papel do colunista anti-social Astolfo Foca, um dos exóticos exemplares da fauna de repórteres do Plantão. Somam-se a ele tipos como a estagiária Kika Loura, uma foca que sempre engasga quando aparece ao vivo, Silvério Estalonge, correspondente do Jornal dos jornais , no Acre, e Aparício Patrício, um português que considera o dirigente do Vasco, Eurico Miranda, o culpado por todas as suas mazelas. E ainda tem Márcio Manguaça, personagem que sempre leva a culpa (e até bordoada) quando algo sai errado ou uma piada entala. Manguaça – ou o ator Márcio Fagundes – já foi até agredido na rua por uma espectadora.

– Um dia, passeando em um shopping, uma senhora me deu uma bolsada, sem mais nem menos. Eu disse: ‘O que é isso?’ e ela respondeu: ‘Ah! Você é o Manguaça. Tem de apanhar mesmo’ – conta Márcio.

O show tem fãs cativos. É o caso do professor de português Diogo de Oliveira Mendes, 25 anos, que tem episódios gravados.

– Eles apostam na espontaneidade, no improviso ao tratar de temas do cotidiano carioca. Coisa que o Casseta & Planeta também tinha quando começou, mas que acabou perdendo. O Plantão de Notícias tem ousadia, brinca sem medo de se expor. Mesmo quando lida com algum tema já muito batido pela mídia, sobretudo o esporte, como a contusão de um atleta ou a venda do passe de um jogador, sempre consegue trazer uma nova abordagem.

Nova a idéia de Plantão de Notícias não é. Desde a década de 80, Bussunda, Hélio de la Peña e a turma do Casseta & Planeta vivem disso. Antes deles, havia Ernesto Varela, o Clark Kent tupiniquim do apresentador Marcelo Tas. O próprio Menezes há anos explora o filão, desde 1990, quando investigava detalhes do seqüestro do empresário Roberto Medina.

– Fazia plantão em frente à casa dele na Barra, onde não havia nem onde comprar um lanche. Era um estresse. Foi aí que comecei a contar histórias sobre o jornalismo, brincar com as notícias ao lado dos colegas Maurício, Valério Meinel, que já morreu, e do Luarlindo Ernesto, que era do JB.

Enfoque indispensável

– Começamos a ver que muita gente ia pra lá só pra ouvir a gente.

Por sugestão dos amigos, Menezes passou a contar seus causos no Bar Constituinte, no Centro. com o nome Plantão de seqüestro.

De lá, foi para o teatro, passou pelo rádio, no Agito geral, e alcançou a TV.

– Virei artista por acaso – diz Maurício.

A proposta de Menezes lhe rendeu a admiração de profissionais como Fernando Barbosa Lima, criador do Roda Vida.

– Repórter inteligente, Maurício Menezes é, antes de tudo, um grande pesquisador. Ao procurar diariamente na imprensa os escorregões dos colegas, ele ressalta a importância de se dar uma notícia completa – diz Barbosa Lima. Em três décadas de carreira, Maurício Menezes participou de episódios polêmicos. Ao escrever sobre o sumiço do menino Carlos Ramires da Costa, em 1973 (conhecido na imprensa como ‘Caso Carlinhos’), foi o único a defender o principal suspeito, afirmando que não havia provas contra ele. Também fez parte da equipe de O Estado de S. Paulo que venceu o Prêmio Esso pela cobertura da explosão de uma bomba no Riocentro, em 1981.

A transformação de Menezes, de jornalista a humorista rende elogios de repórteres como o amigo Roberto Assaf, autor de O mundo das copas do mundo:

– Ele usou as agruras da reportagem para mudar de profissão: passou de repórter a showman.

Ricardo Boechat, colunista do JB, que foi chefe de Menezes no Estadão, diz que o que ele faz hoje na TV é um tipo de jornalismo indispensável.

– O jornalismo humorístico é o mais adequado à nossa realidade, já que há muito mais matéria-prima para piada do que para editorial no que é vendido como notícia séria.’



TV GLOBO / ANGÉLICA
Daniel Castro

‘Novo programa de Angélica será itinerante’, copyright Folha de S. Paulo, 7/03/04

‘Será itinerante, com gravações nas principais cidades brasileiras, o novo programa que a Globo planeja para o segundo semestre, nas tardes de sábado (das 16h às 18h), com a apresentação de Angélica.

A loira, que apresenta o ‘Vídeo Game’, é uma das grandes apostas da Globo em 2004. Ela irá ancorar também o ‘reality show’ ‘Fama’, em junho.

O novo programa será uma mistura de ‘game show’ com musicais, celebridades e reportagens sobre turismo nas cidades em que for gravado. Parte do cenário será permanente e itinerante. Outra parte, variável, terá elementos culturais regionais. Seu alvo será o público ‘jovem adulto’.

OUTRO CANAL

Verde… Paulo José, Lima Duarte, Edson Celulari e ‘Domingão do Faustão’ serão os homenageados deste mês da Globo na campanha ‘Talento Brasileiro’ (comerciais com os melhores momentos de seus principais atores e programas, como já ocorreu com Regina Duarte).

…Amarelo Em abril, será a vez de Chico Anysio, Antonio Fagundes, Roberto Carlos, ‘Caldeirão do Huck’, ‘Programa do Jô’ e ‘Casseta & Planeta’. Faz parte da estratégia de ‘valorizar o conteúdo nacional’.

Poder A Rede TV! negocia com Clodovil o lançamento de uma grife de acessórios para cozinha e um CD (com o apresentador cantando). Para vender por telefone.’