Anibal Antonio dos Santos, condenado a 28 anos de prisão pelo assassinato do jornalista Carlos Cardoso, fugiu do presídio de segurança máxima de Maputo, em Moçambique.
A polícia anunciou a fuga de Anibalzinho – como é conhecido – na segunda-feira, 10/5, mas não divulgou detalhes. Ele já havia escapado da prisão em setembro de 2002, mas foi recapturado na África do Sul no dia da sentença que o condenou pela morte do jornalista.
Cardoso era editor do jornal diário Metical. Ele foi assassinado em 22/11/00, enquanto passava por uma avenida de Maputo. Dois homens bloquearam a via e abriram fogo contra o carro do jornalista. Atingido na cabeça, Cardoso morreu na hora. Seu motorista ficou seriamente ferido.
O jornalista investigava o maior escândalo financeiro do país desde sua independência: o desfalque de uma quantia equivalente a 14 milhões de euros do Banco Comercial de Moçambique. Em matérias publicadas sobre o assunto, Cardoso acusava três poderosos executivos do país: os irmãos Satar e Vicente Ramaya.
Um tribunal especial condenou os acusados por homicídio em 31 de janeiro de 2003. Momade Abdul Satar foi sentenciado a 24 anos de prisão; seu irmão, Ayob Abdul Satar, junto com Vicente Ramaya, Manuel Fernandes e Carlos Rashid Cassamo, a 23,5 anos. Anibalzinho foi condenado a 28 anos de prisão e a 15 anos de perda dos direitos civis.
Em diversas ocasiões durante o julgamento, dois dos réus acusaram o filho do chefe de estado, Nyimpine Chissano, de ser o mandante do crime. Em dezembro de 2002, o procurador geral da República, Joaquim Madeira, anunciou que estava sendo aberta uma nova investigação para determinar se Chissano estava envolvido no caso. Em novembro de 2003, o procurador afirmou a um representante dos Repórteres Sem Fronteiras que as investigações estavam perto do fim. Informações dos Repórteres Sem Fronteiras [11/5/04].