O anúncio dos vencedores do prêmio Pulitzer deste ano mostra que o editor do Los Angeles Times, John Carroll, conseguiu tirar o jornal do buraco, segundo reporta Terry McCarthy para a Time [17/5/04]. O diário vai receber cinco Pulitzers na festa de entrega que acontece ainda este mês. É o segundo maior vencedor em uma só edição, ficando atrás apenas do New York Times, que faturou sete em 2002.
Trata-se de um triunfo contrastante com a péssima fase que o LA Times vivia no final da década de 90. Naquela época, o jornal tinha seu lado de negócios conduzido por Mark Willes, um executivo oriundo da companhia de cereais General Mills e que, por ter vindo desse outro setor da economia e praticar uma política administrativa desastrosa ganhou o apelido de cereal killer. Ele demitiu jornalistas e derrubou o muro ético entre as áreas comercial e jornalística. Essa prática culminou num escândalo, em 1999, quando o LA Times publicou uma revista dominical especial sobre o novo centro de convenções da marca de produtos de escritório Staples em Los Angeles, cujos rendimentos de publicidade, descobriu-se logo depois, foram divididos entre o jornal e o próprio centro.
No ano seguinte, o jornal foi vendido para a Tribune Company, que controla a Chicago Tribune, e Carroll, que estava prestes a se tornar presidente da Fundação Nieman, da Universidade Harvard, foi chamado para ser editor.
Aceito o desafio, o primeiro passo de Carroll foi reorganizar as editorias e contratar Dean Baquet, então editor nacional do New York Times, como seu vice-editor, dando-lhe autonomia para administrar o cotidiano da redação. A equipe foi condicionada a fazer do LA Times um jornal capaz de concorrer com os grandes diários nacionais. O quadro de funcionários foi reduzido de 5.330 para 3.400 para que houvesse dinheiro para trazer de volta da costa leste profissionais de gabarito como Doug Frantz, Kevin Sack e John Montorio, do New York Times, e Deborah Nelson do Washington Post. O resultado foram reportagens premiadas sobre assuntos diversos, como as guerras no Afeganistão e no Iraque ou práticas obscuras da rede de supermercados Wal-Mart.
Apaixonado pelo jornalismo investigativo, Carroll supervisiona pessoalmente algumas reportagens, ajudando, inclusive a escrevê-las. Foi o caso de uma matéria sobre a venda irregular de remédios para os quais se deveria exigir receita, que ganhou um Pulitzer.
Desde que Carroll chegou ao jornal, a circulação caiu em 100 mil, estacionando pouco abaixo da marca de 1 milhão de exemplares diários. Mas o publisher John Puerner explica que a redução é composta, em sua maioria, de exemplares que eram distribuídos gratuitamente. A margem de lucro do LA Times, aponta o executivo, só tem aumentado.