Leitores não terão que pagar – pelo menos a curto prazo – para ter acesso ao site do Washington Post, comenta, em sua coluna [23/3/12], o ombudsman do jornal, Patrick B. Pexton. A cobrança pelo conteúdo digital foi um tema em destaque na mídia americana nas últimas semanas. Na semana passada, o sistema pago do New York Times completou um ano e o diário anunciou a redução do número de artigos gratuitos pela metade; o Los Angeles Times lançou seu programa de assinatura digital no dia 5/3; e o grupo Gannett anunciou que seus 80 jornais regionais – excluindo o USA Today – começarão a cobrar por conteúdo online até o fim do ano.
O Post optou por não entrar para o time dos sites pagos porque quer atingir duas metas antes de considerar a cobrança. Uma delas é atrair mais leitores para seu site. Segundo números internos, o tráfego online cresceu no último ano. Especialistas dizem que, para funcionar, um sistema de cobrança deve ter um número significativo de usuários leais ao site – e o Post acredita que só terá esta quantidade daqui a um ou dois anos. A outra meta é melhorar os sistemas de tecnologia – software e hardware – para que o site seja mais rápido.
Mais receita?
O New York Times Media Group — grupo que inclui o New York Times e o International Herald Tribune – aumentou em 3% sua receita com circulação (de venda em banca, assinatura das versões impressa e digital) de 2010 para 2011, para US$ 21 milhões (o equivalente a R$ 38 milhões). No ano anterior não houve crescimento na receita com circulação. Levando em conta que a maior parte ou todo o aumento foi devido a novas assinaturas digitais, ainda assim o valor não cobriu o declínio na receita com publicidade em 2011, que foi de US$ 24 milhões (cerca de R$ 43 milhões).
O relatório anual do Post não discrimina a receita da divisão de jornais em publicidade e tiragem, e inclui os outros jornais da empresa. Mas a receita de tiragem anual do Post deve ficar entre US$ 250 milhões (R$ 452 milhões) e US$ 275 milhões (R$ 497 milhões). Aumentando esta receita em 3%, como aconteceu no NYTimes no seu primeiro ano de assinaturas digitais, o acréscimo seria de algo em torno de US$ 8 milhões (equivalente a R$ 14 milhões) – o que não cobriria o declínio da receita publicitária do impresso em 2011, de US$ 33 milhões (cerca de R$ 59 milhões). Portanto, cobrar pelo acesso não é a solução; pode ajudar a longo prazo, mas não provocará uma “revolução” nos lucros.
Outro ponto a considerar é que, se todos os outros jornais passarem a cobrar e o Post não, ele pode ter uma grande oportunidade: se tornar o único diário de qualidade nos EUA com acesso online gratuito. Leitores do site do Post afirmaram ao ombudsman que estariam dispostos a pagar pelo conteúdo online: um grupo pagaria pelo conteúdo puro e simples; outro pagaria se isso ajudasse o site a funcionar melhor; e outra parte alega que o jornalismo da capital americana deve manter-se forte para ser um vigilante atento do governo.