Sinto-me na obrigação de manifestar-me quando alguma coisa ‘não desce bem’. Muitas vezes, ‘observar’ apenas não basta. Lamentável o comentário de Alberto Dines no programa do dia 18/5/04, dizendo que ‘a imprensa não pode ser controlada, apenas observada’ pela sociedade. Há muito já se afirma que à clássica tripartição do poder entre Legislativo, Executivo e Judiciário (em que cada um controla e é controlado pelo outro) juntou-se o quarto, a ‘Imprensa’. Ou seja, de ‘instituição’ criada para auxiliar a sociedade a refletir sobre si mesma, uma espécie de registro histórico-social de uma época, teria ela se transformado em verdadeira ‘força’ coercitiva e mesmo condutora desta mesma sociedade? Tal afirmação é, entretanto, grandemente discutida e ponderada, porém leviano seria dizer que a imprensa é mero ‘espectador da sociedade’.
De qualquer forma, usando da mesma lógica que tripartiu os poderes, sendo a imprensa um quarto poder, por que motivo haveria ela de não ser controlada e apenas observada? Diria o mais incauto dos boçais que somente o ‘ditador’ não quer ser vigiado em seus atos, o que nos faz pensar naquele outro lugar-comum, a ‘ditadura da mídia’. Que ‘essência’ especial teria ela para apenas ser observada? Seria talvez um superpoder, isento de pecados e deslizes, que pode prescindir de fiscalização? Ou estaria este comentário do jornalista fazendo eco ao próprio nome do programa? Ou eu não entendi o ‘espírito’ do comentário de Dines?
Por outro lado, não sendo a imprensa um ‘poder’ e sim uma ‘instituição’, mais motivo temos para imaginar que deva ser controlada, fiscalizada, vigiada… Finalizando, gostaria de agradecer a oportunidade de poder comunicar-me com esta organização ímpar, que desempenha um papel tão importante em nosso país, tão carente de profissionais e instituições comprometidas com seus objetivos.
Alexandre Silva, funcionário público, Rio de Janeiro
Responsabilidade é possível?
No programa Observatório na TV (TVE, 18/5/04) que tratou do episódio envolvendo o artigo do correspondente do jornal norte-americano e a reação do presidente Lula, o Sr. Alberto Dines disse a um telespectador que a sociedade deve observar a imprensa. Óbvio que a sociedade deve – ou deveria, estar atenta a tudo o que lhe diga respeito. Pretendia apresentar uma questão aos debatedores (ou seriam ‘concordadores’?) presentes, e não consegui por ter ligado a TV quase no fim do programa: é possível falar em responsabilidade quando se trata de atos de profissionais da imprensa?
Ou seja, devemos apenas observar as ações das divindades da mídia, não importando a veracidade delas? Será a redação o Olimpo da democracia? Não seria interessante se o direito à liberdade tivesse um temperinho de responsabilidade? Um mundo onde fazer o que se quer não estivesse desligado de responder pelo que se faz? Parece-me que só é possível uma lei que trate da atividade da imprensa. E com dois artigos apenas:: Art. 1º – É proibido criticar o crítico. Art. 2º – Revogam-se as disposições em contrário. Boa sorte para nós todos.
Glaiton Leite, representante, Florianópolis
Liberdade assim é fácil
Em referência ao programa de 18/5/2004, por que o OI só colocou jornalistas que foram contra a atitude do governo? O jornalista do governo no programa anterior não valeu, visto que ele está quase obrigado a defender o governo. Por que não colocou outra opinião sobre a liberdade de imprensa? Só ouvi sobre o ultraje à imprensa, mas não ouvi nenhum jornalista que falasse da responsabilidade da imprensa. Falar em observar a imprensa (como falou Dines) depois do leite derramado é fácil. Espalhe as penas ao vento e depois tente recolhê-las. Assim a liberdade é fácil.
Manoel Filho, músico, São Paulo
Tendência ao abuso
O corporativismo conseqüente à equivocada conceituação das assim chamadas ‘regulamentações das profissões e ocupações’, desde os idos medievais tem causado não poucos constrangimentos e danos à melhor condução na solução de questões, no exercício profissional e na informação ao cidadão. Noto crescente tendência ao abuso do corporativismo nos programas OI na TV. Que tal fazer deste tema um programa e debatê-lo aberta e democraticamente?
João Pupo, professor, Rio de Janeiro