O jornalista Dan De Luce, correspondente do jornal britânico Guardian em Teerã, foi expulso do Irã. O motivo da expulsão foi uma visita não-autorizada que De Luce fez aos destroços deixados pelo terremoto na cidade de Bam, no sudeste do país.
O correspondente disse estar desapontado com a decisão do governo iraniano. ‘Eu estava apenas fazendo meu trabalho. Escrevi uma matéria sobre Bam porque achei que era importante documentar a situação em que vivem seus habitantes’, desabafou ele.
De Luce tem 38 anos e passaporte americano. Trabalha como correspondente do Guardian no Irã desde janeiro do ano passado. Sua antecessora, Geneive Abdo, deixou o país em 2001. Ela não foi expulsa, mas tinha medo de ser processada pelo governo por uma entrevista que fez com um prisioneiro político.
O governo iraniano afirmou que o banimento de De Luce é por apenas três meses, e que depois deste período ele pode solicitar um novo visto de residente e uma credencial de imprensa.
O terremoto na cidade de Bam aconteceu em dezembro do ano passado. Estima-se que tenham morrido 26 mil pessoas na ocasião. De Luce não estava no país durante o terremoto, mas em fevereiro acompanhou a visita do príncipe Charles à cidade.
O jornalista solicitou ao ministro da cultura para fazer uma nova visita a Bam, que estava temporariamente fechada a jornalistas estrangeiros, mas teve permissão negada. Mesmo assim, De Luce esteve na cidade em março, onde realizou trabalho voluntário ajudando a limpar os escombros.
Ele diz que na ocasião não havia planejado escrever nada para a imprensa. Mas, movido pelo que viu e ouviu em Bam, escreveu o artigo publicado em 2/4 pelo Guardian, no qual ele reportava as críticas feitas pelos sobreviventes do terremoto ao governo.
De Luce pediu a renovação de seu visto no dia 25/4. Foi informado que teria que sair do país por três meses. Para ele, ‘não é sensato banir jornalistas do local onde aconteceu um grande terremoto que atraiu tanta atenção internacional’. O jornalista também disse acreditar que sua expulsão tenha sido armada para servir de exemplo para outros correspondentes estrangeiros que trabalham no país. ‘As autoridades utilizam os vistos para nos manter em coleiras apertadas. Se puxarmos muito, arriscamos nossa situação aqui’, concluiu. Informações de Ewen MacAskill [The Guardian, 20/5/04].