Já em clima natalino e com edições magras, Folha, Estado e Globo trazem nesta sexta-feira poucas notícias relacionadas à mídia e imprensa. Os três diários destacam a seqüência do caso da autorização do presidente norte-americano George W. Bush para que cidadãos americanos e turistas fossem espionados, a fim de facilitar as buscas por terroristas no País. A notícia sobre o caso nesta sexta-feira foi a aprovação, no dia anterior, da prorrogação até 3 de fevereiro do o ‘Patriot Act’, pacote de leis antiterrorismo concebido após os ataques de 11 de Setembro. A decisão representa uma derrota para Bush, que queria tornar permanente a Lei Patriótica.
Entre os outros assuntos nas edições desta sexta estão, na Folha, um editorial crítico da medida do governo Lula de liberar os arquivos da ditadura militar; e um artigo do colunista Luís Nassif sobre TV Digital, tema ao qual ele tem dedicado uma série de textos.
Já O Globo noticia um inusitado incidente diplomático entre Bolívia e Espanha ocorrido a partir da ‘pegadinha’ de uma rádio da Espanha com o presidente eleito da Bolívia, Evo Morales: ‘Um humorista da Rádio Cope’, informa O Globo, ‘telefonara no início da semana a Morales. Passando-se pelo presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, ele parabenizou o presidente eleito, prometeu apoio e o convidou a visitar a Espanha. Quando Morales anunciou em entrevistas que havia conversado com Zapatero, Madri desmentiu a informação. Na quarta-feira a Cope levou ao ar a ‘pegadinha’. O fato levou o governo boliviano a protestar junto a Madri.’
Leia abaixo os textos desta sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Sexta-feira, 23 de dezembro de 2005
ARQUIVOS LIBERADOS
História Interditada
A transferência de documentos sigilosos produzidos pelo regime militar entre 1964 e 1975 das dependências da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para o Arquivo Nacional representa um avanço democrático. A papelada deixou de fazer parte do acervo de órgãos de investigação e passou a compor o conjunto da memória do país.
Nesse contexto, compreende-se o júbilo com que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, ela própria uma ex-guerrilheira que foi vítima de tortura no período, defendeu em artigo publicado ontem pela Folha o decreto nº 5.584, que determina a transferência dos documentos.
É preciso lembrar, no entanto, que o atual governo, seguindo os passos da gestão anterior, cometeu um delito de lesa-historiografia ao editar a medida provisória que deu ao Executivo poderes para manter determinados documentos classificados como ultra-secretos indefinidamente sob sigilo. Trata-se de uma afronta aos princípios democráticos e republicanos que norteiam a Constituição.
Existem de fato situações em que documentos públicos precisam ser mantidos em segredo, mas essa exceção ao princípio da publicidade dos atos de autoridades deve ser realmente extraordinária, e o sigilo não deveria estender-se além de um prazo fixado claramente em lei. Mas a norma baixada pelo governo e acatada por parlamentares servis fere ambas as condições.
Ela faculta a uma comissão de membros do próprio governo escolher, entre os papéis ultra-secretos, aqueles que possam ameaçar ‘a soberania, a integridade territorial nacional ou as relações internacionais do país’ e tirá-los de circulação por prazo indefinido, privando a população de saber como agiram seus governantes mesmo depois de passados séculos dos fatos.
É ótimo que os papéis da ditadura estejam sendo transferidos para o Arquivo Nacional, mas isso de modo algum escusa a censura que o governo petista impôs à história do Brasil.’
GRAMPO NOS EUA
Bush tem dificuldade em manter Patriot Act
‘A Câmara dos EUA aprovou ontem uma extensão de pontos controversos do Patriot Act, o principal pacote de leis antiterrorismo dos EUA -concebido após o 11 de Setembro-, até 3 de fevereiro próximo. Esses itens expirarão em 31 de dezembro.
Mas a aprovação da Câmara entrou em conflito com uma decisão tomada pelo Senado horas antes. Os senadores decidiram por uma extensão de seis meses do pacote antiterrorismo. Com a decisão da Câmara, o Senado poderia votar novamente o texto ontem à noite.
À tarde, o presidente George W. Bush, que queria tornar a maior parte do pacote de leis permanente, saudou sem efusão sua renovação temporária pelo Senado.
Negociadores do Senado e da Câmara tinham concordado em adotar uma solução de compromisso que tornaria permanente a maior parte do pacote legal, acrescentando-lhe apenas algumas salvaguardas relacionadas à proteção dos direitos civis. Mas senadores democratas e um pequeno grupo de senadores republicanos impediram o início da votação e exigiram que novas salvaguardas fossem adicionadas ao texto.
‘Isso permitirá que tenhamos mais tempo para chegar a um acordo que protegerá nossos direitos e nossas liberdades e preservará ferramentas importantes para o combate ao terrorismo’, declarou o senador Russ Feingold, o único que votou contra o Patriot Act original em 2001.
Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca, acusou os democratas de buscarem tirar vantagem política da situação, agradando a organizações da sociedade civil, razão pela qual teriam bloqueado a extensão permanente das leis.
Ele afirmou que a extensão temporária do pacote é uma vitória para o governo, embora tivesse dito anteriormente que Bush só ficaria contente se as leis se tornassem permanentes.
‘Impedimos que os democratas do Senado pusessem fim ao Patriot Act. Ficamos felizes porque o Patriot Act atual será mantido, e suas ferramentas vitais para o combate ao terrorismo também serão mantidas’, disse McClellan antes da decisão da Câmara.
Bill Frist, o líder da maioria republicana no Senado, afirmou não ter tido escolha no caso. Segundo ele, os republicanos foram obrigados a aceitar apenas a extensão temporária para impedir que o pacote expirasse.
Bush indicou que sancionará a extensão, embora preferisse outra solução. ‘O trabalho do Congresso sobre o Patriot Act ainda não acabou. Ele expirará no próximo verão [setentrional], mas a ameaça terrorista que paira sobre a América não expirará na mesma data. Espero voltar a trabalhar com o Congresso para obter uma nova renovação do Patriot Act.’
Com a decisão da Câmara, não ficou claro, até o fechamento desta edição, o que ocorrerá com o pacote de leis, que expandiu os poderes governamentais no que tange à vigilância e à investigação de suspeitos de elo com o terrorismo e de seus financiadores.
França
O Parlamento francês adotou ontem uma nova lei antiterrorismo, que é defendida pelo ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, aumenta o número de câmaras de vigilância em locais públicos e intensifica o controle da internet e de telefones celulares.
Além disso, a nova lei eleva de quatro para seis dias a duração da detenção preventiva de suspeitos de delitos terroristas. Com agências internacionais’
The New York Times
Polícia filmou casal em momento de intimidade em NY
‘Um homem e uma mulher que compartilhavam um momento de intimidade na cobertura de um prédio de Manhattan, em Nova York, numa noite de agosto do ano passado, descobriram que foram filmados secretamente, uma intrusão que só se tornou possível por conta da maior autoridade concedida aos serviços de segurança responsáveis pelo combate ao terrorismo.
Naquela noite, policiais vigiavam ciclistas que circulavam pelas ruas de Manhattan com um helicóptero munido de um equipamento capaz de mostrar a placa de um carro a quase 400 metros de distância. Com ele, um policial gravou cerca de quatro minutos dos momentos íntimos do casal no terraço da cobertura na Segunda Avenida.
‘Quando assiste ao filme, qualquer um se sente meio doente. Concordo com o monitoramento de lugares públicos. Mas não concordo em ser filmado dentro de meu apartamento com um equipamento sofisticado’, declarou Jeffrey Rosner, 51. A mulher que estava com ele naquela noite não quis revelar seu nome.
A fita, feita em 27 de agosto de 2004, foi divulgada por uma rede de TV neste ano. ‘Não tinha idéia de que estava sendo filmado. Quem poderia imaginar algo do gênero nos EUA?’, perguntou Rosner.’
TV DIGITAL
A TV digital e a Casa Civil
‘Ao chamar a si a coordenação dos debates sobre a TV digital, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, apenas aplicou, em nível de governo, o conceito da convergência digital.
TV digital é tema que passa pelo Ministério das Comunicações (que cuida de telefonia e radiodifusão), pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (por suas implicações na política industrial e de comércio exterior), pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (por envolver desenvolvimento tecnológico) e pelo Ministério da Cultura (pelos desdobramentos na produção cultural).
No ano passado, o então ministro das Comunicações Miro Teixeira reservou uma verba e convocou uma rede de institutos de pesquisa nacionais para discutir o padrão nacional de TV digital. Os institutos acabaram se apropriando do conhecimento, criando uma massa crítica que os transformou em uma espécie de bússola qualificada. A discussão ficou mais rica, mas tudo isso foi feito antes de discutir as regras de convergência digital.
A ministra Dilma sabe que ninguém vai querer impedir a convergência. Em um determinado momento, tanto TVs vão poder ser capazes de atuarem com telefonia quanto as telefônicas poder distribuir conteúdo. Mas há vários fatores a serem considerados.
O primeiro é a desproporção de poder econômico entre as empresas de radiodifusão -a parte nacional da história- e os gigantes internacionais da telefonia. Por outro lado, não se pode perder de vista que novas tecnologias com voz sobre IP -tipo Skype- ameaçam destruir valor da telefonia convencional, obrigando-a a buscar novos modelos de negócio. Finalmente, há a questão da produção independente no Brasil, com poucos canais de divulgação devido à estratificação do sistema de concessões radiofônicas. A nova legislação terá que compatibilizar todos esses interesses e dificilmente será ótima.
O grupo gestor trabalha com três cenários de referência:
1. Um cenário incremental, usando a TV digital dentro do mesmo espectro de freqüência atual. Se utilizar o sistema de modulação japonês e o compressor de áudio e vídeo MPEG 2, haveria possibilidade de utilizar uma banda para a HDTV (TV digital) e 3 mb ou 4 mb para multicasting (sistema que permite enviar programas de uma fonte para várias fontes IP). Esse é o cenário ideal para os radiodifusores.
2. Cenário de desenvolvimento com multiprogramação, adicionando mais canais aos atuais, mais atores e permitindo criar uma rede pública de TV. Haveria outros serviços, não apenas radiodifusão, exigindo outra regulação.
3. Cenário de convergência, em que se utilizaria a capacidade do canal de retorno da HDTV para prover a interatividade. Teria um formato multiplataforma, com telefone e internet. Nesse modelo seria criado o operador de rede, autoridade que definiria as regras de trânsito entre os diversos conteúdos e plataformas, tal qual o modelo inglês.
É apenas um início da discussão que promete ser rápida e precisa contemplar todos os interesses envolvidos, da forma mais transparente possível.’
TELEVISÃO
Record negocia ‘Gabriela’, de Jorge Amado
‘A Record está negociando a compra dos direitos para televisão do livro ‘Gabriela, Cravo e Canela’, que a Globo transformou em 1975 em uma das principais novelas de todos os tempos, levando Sonia Braga ao estrelato.
Hiran Silveira, diretor do bem-sucedido núcleo de teledramaturgia da Record, é quem negocia a aquisição da obra, com a empresa Copyrights Consultoria, especializada em gerenciamento de direitos artísticos e representante do catálogo de Jorge Amado.
Segundo Adriana Vendramini, da Copyrights, o fato de a Globo ter realizado ‘Gabriela’ não impede um remake na Record. ‘O contrato da Globo já foi completamente realizado. Todos os prazos estão esgotados’, disse, confirmando a negociação com a Record: ‘Estamos namorando’.
A idéia da Record (que oficialmente não confirma a negociação) é exibir ‘Gabriela’ às 21h, em 2007. Com o título, quer confirmar ao mercado a seriedade de seu projeto de teledramaturgia, afinal ‘Gabriela’ tem forte conteúdo erótico (a jovem órfã Gabriela se envolve numa sensual história de amor com o turco Nacib), político e religioso.
A Globo, por sua vez, acaba de adquirir de Benedito Ruy Barbosa os direitos do texto de ‘Pantanal’, exibida pela Manchete em 1990. Vai usar os argumentos de ‘Pantanal’ como subtrama da novela de Barbosa, sobre agrônomos, que deve exibir no final de 2007.
OUTRO CANAL
Natal 1 Presente de Papai Noel para quem não suporta a overdose de Gilberto Barros na TV. A partir de janeiro, o ‘Boa Noite, Brasil’, da Band, deixa de ser diário. Passa a entrar às terças, quartas e quintas, às 22h50 (e não mais às 22h, horário de ‘Mandacaru’ a partir de 9/1).
Natal 2 A Band esclarece, no entanto, que a mudança não tem nada a ver com audiência _o ‘Boa Noite, Brasil’ fechou novembro com 4,5 pontos, média boa para a emissora. Acredita a Band que assim irá ‘beneficiar o programa’, que ficará mais ‘concentrado’.
Roteiro Autor de ‘Belíssima’, Sílvio de Abreu está tendo de reescrever um calhamaço de cenas da novela, por causa de um acidente sofrido pela atriz Íris Bruzzi, a Guida, vedete que tenta voltar à ativa. Ela quebrou o braço. ‘É uma pena. Terei que esperar para montar o show das duas [Íris e Carmen Verônica, a Mary Montilla, que formam as Furacões de Cuba]’, lamenta.
Terremoto 1 A Globo está fazendo uma revolução em Albuquerque, a fictícia cidade de ‘Bang Bang’. Personagens estão mudando de perfil, caubóis estão tirando a roupa e mostrando o dorso nu (e musculoso) para beatas e até o mocinho Ben Silver (Bruno Garcia) resolveu fingir que é fantasma.
Terremoto 2 Mas a audiência de ‘Bang Bang’, até agora, nada. Anteontem, deu 25 pontos na Grande SP.’
Marcelo Bartolomei
Atrações infantis fazem a festa do Natal na TV aberta
‘Tradições à parte, as emissoras de TV apostam em atrações infanto-juvenis na programação de fim de ano, que começa hoje e segue durante a próxima semana. Parte do pacote gira em torno do que fez sucesso durante o ano, com poucas opções inéditas.
Na TV Cultura, serão apresentados novos episódios dos infantis ‘Cocoricó’, ‘Zum Zum, Zum’, ‘Baú de Histórias’ e ‘Tá na Hora com o DJ Cão’, entre hoje e amanhã durante o dia. No domingo, às 16h30, a emissora exibe ‘Castelo Rá-Tim-Bum – O Filme’, produto da série que marcou época no canal na década de 90.
A emissora pública também preparou uma maratona de reprises das séries ‘Anos Incríveis’ (amanhã, às 19h) e ‘Confissões de Adolescente’ (amanhã, às 15h). O ‘Bem Brasil’ (amanhã, às 17h) mostra um show do Paralamas do Sucesso em São Paulo.
Já a TVE Brasil, outro ícone da programação infanto-juvenil no país, terá uma série de reprises de seus sucessos em 2005. Desenhos educativos e o primeiro episódio da série polonesa ‘A Árvore Mágica’ (amanhã, às 20h30, e domingo, às 11h), preenchem a programação no sábado e domingo.
Xuxa Meneghel terá, na véspera de Natal, seu tradicional especial na Globo (sábado, às 22h). Logo após, a emissora exibirá um especial de Walt Disney, ‘O Conto de Natal do Mickey’, adaptação do romance de Charles Dickens para o público infantil.
A Band, que descobriu no público infanto-juvenil seu filão, mostrará um show da novela teen ‘Floribella’, que um mês antes do Natal terminava comemorando uma das maiores audiências da emissora. Nele (domingo, às 13h), Juliana Silveira interpreta as canções da trilha sonora da novela.
Além das tradicionais reportagens de fim de ano, das atrações musicais, dos filmes cristãos e das eleições de ‘melhores’ do ano, algumas atrações podem fazer diferença. É o caso da estréia de ‘Brasileiros e Brasileiras’ (Cultura, às 21h), série de documentários que começa com uma biografia da produtora, atriz e diretora de teatro Ruth Escobar.
Na TVE Brasil, a série ‘Os Mistérios da Bíblia’, da BBC de Londres, começa amanhã (19h30) e vai até o dia 1º com reconstituições, entrevistas e descobertas arqueológicas sobre a história cristã. A emissora também mostra um show do tenor italiano Andréa Boccelli na véspera de Natal.
Na Band, a grande atração do domingo é o show do Pearl Jam em São Paulo no início do mês, que será exibido na íntegra às 14h.
Na noite de domingo, a Record exibe o filme ‘Jesus de Nazaré’ (1976), de Franco Zefirelli, na investida em filmes sobre personagens bíblicos que começarão a surgir na programação, que já foi toda dedicada à igreja evangélica.’
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O Globo
Sexta-feira, 23 de dezembro de 2005
INTERNET
Deputados franceses aprovam troca de arquivos de música na internet
‘A Câmara dos Deputados da França autorizou, em votação realizada na noite de quarta-feira, o compartilhamento gratuito de músicas e filmes pela internet, abrindo um conflito com o governo francês e a indústria de mídia. Essa autorização consta de uma emenda ao projeto de lei antipirataria do ministro da Cultura, Renaud Donnedieu de Vabres.
O projeto original previa multa de 300 mil euros (US$ 360 mil) e até três anos de prisão para a troca de arquivos online. Já a emenda estabelece apenas o pagamento de uma taxa – no valor sugerido de sete euros (US$ 8,50) – para legalizar o download.
Se a emenda for aprovada em todas as instâncias, a França será o primeiro país a legalizar a troca de arquivos online, disse Jean-Baptiste Soufron, consultor jurídico da Associação de Audionautas, que defende pessoas processadas por compartilhar arquivos de música.
A lei seria um golpe para as empresas do setor de entretenimento, como Viacom e Fox, que argumentam que o download não-autorizado de programas de TV e filmes antes de seu lançamento em DVD vai custar a elas US$ 5 bilhões em receita este ano.
– Os deputados quiseram mostrar sua independência em relação ao governo, mas não sabem o que estão fazendo – disse Nicolas Seydoux, diretor-executivo da produtora cinematográfica francesa Gaumont.
Mas associações de consumidores elogiaram a emenda. A UFC-Que Choisir, a maior da França, disse que isso vai criar ‘uma nova era de liberdade, permitindo acesso à diversidade cultural e pagamento justo aos criadores’.
O Senado pode derrubar a emenda quando voltar do recesso, em 17 de janeiro.
(*) Com agências internacionais’
GRAMPO NOS EUA
Senado prorroga Lei Patriótica nos EUA
‘WASHINGTON. Num acerto de última hora entre democratas e republicanos, o Senado dos Estados Unidos aprovou anteontem à noite a prorrogação da Lei Patriótica por mais seis meses, numa vitória temporária da Casa Branca, que mantém por mais algum tempo sua principal ferramenta legal na luta contra o terror.
A decisão foi tomada por unanimidade, após 52 senadores – incluindo oito republicanos – terem enviado uma carta ao líder da maioria republicana, Bill Frist, concordando em prorrogar a lei, que expiraria dia 31, por três meses. Posteriormente chegou-se a um acordo sobre a extensão por meio ano, o que dará fôlego ao Senado para discutir as salvaguardas às liberdades civis antes de tornar a lei permanente como quer o presidente George W. Bush.
– Esta é uma solução de bom senso que dá ao Senado mais tempo para elaborar uma lei de consenso que promoverá nossa segurança, ao mesmo tempo em que preserva as nossas liberdades – disse o democrata Patrick Leahy, de Vermont.
Aprovada após os atentados do 11 de Setembro, a Lei Patriótica permite às autoridades federais fazerem buscas secretas, obterem registros privados e interceptarem telefonemas, entre outras medidas para caçar suspeitos de terrorismo. Os democratas e outros críticos reclamam que o governo acumulou poder demais de espiar as vidas privadas dos cidadãos americanos e querem mudanças na lei.
Bush elogia senadores pela extensão da legislação
Num comunicado, o presidente Bush elogiou a decisão dos senadores: ‘Aprecio o Senado por trabalhar para manter a atual Lei Patriótica até julho próximo, a despeito de afirmações do líder democrata na semana passada de que a tinha bloqueado.’ A provação da prorrogação tinha se tornado mais difícil após a recente revelação de que Bush autorizou espionagem de americanos suspeitos de ligações com o terror sem mandado judicial. Bush negou e acusou os democratas de porem os Estados Unidos em perigo ao bloquearem a extensão do prazo de vigência da Lei Patriótica.’
BOLÍVIA
Rádio engana Evo Morales e cria incidente
‘LA PAZ. Uma ‘pegadinha’ de uma rádio da Espanha com o presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, criou um incidente diplomático entre os dois países e levou Madri a chamar o núncio apostólico, o equivalente ao embaixador do Vaticano, para protestar, já que a rádio é da Conferência Episcopal espanhola.
Um humorista da Rádio Cope telefonara no início da semana a Morales. Passando-se pelo presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, ele parabenizou o presidente eleito, prometeu apoio e o convidou a visitar a Espanha. Quando Morales anunciou em entrevistas que havia conversado com Zapatero, Madri desmentiu a informação. Na quarta-feira a Cope levou ao ar a ‘pegadinha’. O fato levou o governo boliviano a protestar junto a Madri.
Episódio aumenta tensão entre Espanha e Vaticano
Ontem o ministro do Exterior da Espanha, Miguel Angel Moratinos, convocou o núncio apostólico do Vaticano em Madri, Manuel Monteiro Castro, para apresentar o protesto de La Paz e a desaprovação do governo espanhol. Moratinos pediu ao representante do Vaticano que evitasse atos do gênero ‘pois poderiam prejudicar os interesses políticos e econômicos da Espanha’. A empresa de petróleo espanhola Repsol YPF tem negócios na Bolívia e Morales pretende renegociar contratos.
O episódio também aumentou a tensão entre Madri e o Vaticano, que critica duramente políticas do governo socialista espanhol, como a legalização do casamento entre homossexuais.
O próprio Zapatero, por fim, ligou para Morales para desfazer o mal-entendido.
– O verdadeiro presidente me telefonou para me felicitar. Ele me convidou a visitar a Espanha – contou Morales.
Embora a apuração ainda não tenha acabado, a vitória de Morales foi confirmada ontem. Segundo a Corte Nacional Eleitoral, ele teve 54% dos votos válidos, contra 28,5% de Jorge ‘Tuto’ Quiroga. Mesmo que perdesse nas mesas restantes, Morales ainda teria 50,3%, maioria necessária para vencer sem que a disputa vá para o Congresso.
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O Estado de S. Paulo
Sexta-feira, 23 de dezembro de 2005
CASO CHATÔ
Guilherme Fontes vê retaliação e perseguição em ato da Ancine
‘O ator Guilherme Fontes disse ontem ao Estado que a decisão da Agência Nacional de Cinema (Ancine) de cobrar dele R$ 30 milhões pelo filme inacabado Chatô, na quarta, pode ter sido um tipo de retaliação. ‘Movi um mandado de segurança contra eles no fim do ano. A ação deles foi imediata. Provavelmente foi (retaliação)’, afirmou. A Ancine deu 30 dias para ele devolver o dinheiro ou entregar o filme pronto. ‘Eles estão querendo inverter a posição. O único responsável pelo filme não ter sido finalizado é o órgão regulador, que não permitiu que eu sacasse os recursos’, disse. ‘Estão armando mais uma vez para cima de mim. O mesmo grupo da época do Moisés (José Álvaro Moisés, ex-secretário do Audiovisual)’, acusou. Fontes começou a captar recursos para Chatô e um projeto conexo, 500 Anos de História do Brasil, em 1995. Foi autorizado a captar R$ 20 milhões, levantou R$ 13,2 milhões (ou seja, teria mais de R$ 6 milhões ainda a buscar).’
INCLUSÃO DIGITAL
TVA participa de projeto do Ministério das Comunicações de internet sem fio
‘Belo Horizonte deve ganhar hoje dois pontos de acesso rápido à internet via Worldwide Interoperability for Microwave Access (WiMax), tecnologia sem fio. As conexões fazem parte de um acordo que o ministro das Comunicações, Hélio Costa, assina hoje com as empresas de TV paga TVA e ITSA, na sede da administração municipal.
‘O acordo faz parte de uma iniciativa de aperfeiçoar o Gesac, programa de inclusão digital do governo’, explicou Amilton de Lucca, diretor de Novos Negócios da TVA. O Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento do Cidadão (Gesac) conectou 3,2 mil pontos via satélite, tecnologia mais cara que outras, sendo que alguns deles não funcionam. O governo avalia alternativas, como o WiMax. No começo do mês, Costa assinou um acordo com a Intel, que também participa do projeto de WiMax.
‘Poderíamos atender sete vezes mais escolas pelo mesmo custo’, afirmou Leila Loria, diretora-superintendente da TVA, sobre o Gesac. ‘É uma oportunidade para nós e para o País.’ O piloto de WiMax em Belo Horizonte deve chegar a 25 pontos. As freqüências em que vai operar o sistema pertencem à ITSA, que opera TV por assinatura sem fio na cidade. Em janeiro, haverá também pilotos em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Em São Paulo e no Rio, as freqüências são da TVA e, em Brasília, da ITSA.
Além de conectividade, a TVA vai fornecer conteúdo para o projeto. ‘Sozinha, a conexão não tem grande atratividade, principalmente na escola’, explicou de Lucca. O acordo com o governo federal inclui o TVA na Escola, programa social que combina conteúdo de internet, televisão e impresso. ‘Em Belo Horizonte, o programa terá os canais TV Escola, Futuro e os oficiais, como Justiça e Senado. Em breve estarão disponíveis também o Discovery e o National Geographic.’
Em São Paulo, serão instalados cinco pontos, que vão se somar às 16 escolas públicas que já participam do projeto TVA na Escola, elevando de 20 mil para 28 mil o total de estudantes atendidos. O Rio terá três pontos e Brasília também. Um, que conecta a Sala do Cidadão no Ministério das Comunicações, já está instalado no Distrito Federal.
Em Belo Horizonte, o projeto usa equipamentos fornecidos pela Aperto. Nas demais cidades, a TVA espera vir a utilizar uma solução da Samsung, com quem tem um acordo. A empresa planeja lançar um serviço de internet móvel, baseado no WiMax, em São Paulo, em novembro de 2006 e, no ano seguinte, no Rio, Curitiba e Porto Alegre.’
TELEVISÃO
Motoboys inspiram sitcom
‘Imagine um motoboy que dá um duro danado para arranjar R$ 70 para comprar o anel de noivado de sua namorada. Imagine tudo conspirando contra isso, e mesmo assim, ele conseguindo arrancar boas risadas da situação. Esse motoboy só poderia ser vivido por Lázaro Ramos, o protagonista de Levando a Vida, especial da Globo que vai ao ar hoje, após o Globo Repórter.
Com direção de José Lavigne, a sitcom é uma das novidades de fim de ano da emissora com mais chance de emplacar na grade fixa em 2006. Corre nos bastidores da Globo que, se der certo, Levando a Vida pode assumir o posto de Sob Nova Direção, que está com os dias contados na emissora.
Voltando para a história: esqueça esses motoboys que arrancam retrovisores com os pés. Com texto de Flávia Amaral, a sitcom vai mostrar o dia-a-dia de motoboys bacanas e como esses rapazes são tratados por sua famílias, pelas pessoas das empresas, nas ruas…
TROCA
A noiva de Formiga, como é chamado o personagem de Lázaro, será vivida por Juliana Paes. A bela será a sonhadora Grace Kelly, substituindo Leandra Leal, que estava no projeto inicial. O objetivo era repetir a dupla Leandra e Lázaro como no filme O Homem Que Copiava. Leandra não pôde fazer a série.
Apesar de serem personagens bem paulistanos, os motoboys de Levando a Vida viverão no Rio, mais especificamente no centro da cidade.
A série ainda traz uma linguagem diferente: ao longo do programa, o herói dialoga e interage com a programação da TV, por meio de novelas, comerciais e noticiários.
No elenco da série estão ainda Maria Maya, Regina Dourado, Leandro Léo e André Gonçalves.’
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