É preciso denunciar o que os três jornais de Uberaba mostraram hoje (28/5). A vereadora Marilda Ribeiro (PT) foi proibida pelo juiz eleitoral de usar a palavra, isso mesmo, usar a palavra em reunião que discutiria o reajuste dos servidores públicos municipais com os servidores. Reunião agendada por ela mesma. O juiz alega que isso seria propaganda eleitoral extemporânea. A vereadora foi à reunião com uma mordaça. Se quiserem ver as fotos podem acessar os jornais da cidade (jornaldeuberaba.uai.com.br, jmonline.com.br, cidadelivre.com.br).
Denis Silva de Oliveira, jornalista, Uberaba, MG
CENSURA AO LEITOR
O tema censura é candente para quem milita na imprensa e para o público em geral. É condição essencial num regime democrático, e todos se colocam contra qualquer tentativa de cerceamento. O alvo é geralmente o governo. Mas há um tipo de censura ou manipulação da opinião pública que é praticado pela mídia de forma pouco aparente, e de que quase ninguém se dá conta: é o trabalho de edição das seções de cartas dos leitores, que são usadas para dar a entender o que pensam os leitores. Da forma como são selecionadas e editadas essas opiniões deixam de ser ‘públicas’ e passam a ser ‘publicadas’, no interesse do veículo. Transcrevo a seguir uma carta enviada por mim ao Globo, auto-explicativa. É um tema para debate.
Sérgio de Souza Tôrres, administrador, Rio de Janeiro
A guerra da Rocinha – Seria educativo que o editor da Seção de Cartas dos Leitores explicasse ao Sr. Luiz Antônio Oliveira Figueiredo, Cartas, 14/4, que o que sai no jornal não é o que as pessoas escrevem, mas sim o que o jornal decide que deve tornar público. Selecionam e editam o que deve ser visto, apoiados no argumento real de que não podem publicar tudo que recebem. Fazem isso obedecendo às idiossincrasias e interesses dos múltiplos corpos editoriais e administrativos, que se distribuem ao longo de um continuum que se coloca entre dois extremos: De um lado, o interesse comercial, do outro também.
Portanto, não se trata de opinião pública, mas de opinião publicada. No caso, eu mesmo estou cansado de escrever sobre o óbvio: só há tráfico porque há consumo. E a sociedade é co-responsável por estimular as drogas lícitas e ilícitas cultivando a transgressão em nome de uma suposta irreverência não-conformista. O assunto rende, mas estamos falando é de jornalismo. A indução ao alcoolismo nas propagandas de cerveja passou em branco (nem uma mísera carta? Só eu mandei umas cinco!) e só foi objeto de regulamentação por iniciativa do Conar. O que, diga-se, não adiantou nada. O mercado de cerveja da forma que é divulgado é um paradoxo que age para matar o seu público-alvo, o jovem consumidor na flor da idade.
Qual o veículo que vai se colocar contra isso, numa hora em que grande parte está tentando alcançar as tetas do Lessa no BNDES? Desprezar a grana da Ambev? Nem pensar. O Luiz Garcia vai dizer que essa é uma péssima forma de fazer jornalismo. Mas que se alguém souber de outra melhor, que avise. Eu, simples leitor, estou de acordo. Só que, como leitor, eu entendo o que se passa. Outros, não. E, o que é pior, tem jornalista que pensa que o que sai nas Cartas é opinião pública. É o tal do auto-engano, acho que do Gianetti. Sérgio de Souza Tôrres
ORIENTE MÉDIO
Esse e-mail é para manifestar meu profundo pesar pela desinformação, ignorância e apelo barato às teorias conspiratórias que proliferam na imprensa brasileira quando se fala do conflito do Oriente Médio. Hoje, 24 de maio de 2004, o jornal Diário Catarinense, de Florianópolis, publicou artigo de Urda Alice Klueger que ilustra o que descrevi acima, exemplo de mau jornalismo e mau colunismo. Abaixo, cópia de minha carta de protesto ao jornal.
Heloiza Golbspan Herscovitz, professora de Jornalismo da UFSC
A coluna de Urda Alice Klueger de 24 de maio de 2004, intitulada ‘Indiferença ao genocídio’, é um exemplo clássico de ignorância, preconceito, anti-semitismo e desinformação. Certamente a autora, com direito a opinião, deveria rever as teorias de responsabilidade social e ética que norteiam o trabalho dos bons jornalistas, incluindo-se aí os comentaristas e articulistas, pois desrespeita os cânones básicos do bom jornalismo que supõe uma visão objetiva e equilibrada das questões públicas. Baseando sua opinião sobre um conflito tão complexo e doloroso para os dois lados na visão do relato de uma amiga e a partir daí concluindo que o povo judeu é o grande culpado pela situação do Oriente Médio, Urda Klueger banaliza a questão, omite o papel dos terroristas suicidas e ignora o histórico e o contexto da guerra civil na região para concluir que tudo não passa de mais uma armadilha norte-americana. Mais uma vez os que preferem enxergar só um lado da questão aliam-se aos proponentes de falsas teorias conspiratórias para explicar uma visão míope da realidade.
Então vamos por partes. Israel não tem petróleo. Ariel Sharon não é presidente de Israel, e sim primeiro-ministro. Muita gente em Israel é contra sua política de ocupação dos territórios. Muita gente em Israel é contra a política de George Bush no Oriente Médio. Mas é impensada a afirmação de que Sharon ‘tem contra si toda a opinião do planeta’. Onde mesmo a autora do artigo encontrou estatísticas sobre esse dado? E Yasser Arafat, teria a aprovação de toda a opinião do planeta? A autora em nenhum momento menciona os ataques terroristas contra a população israelense, os atentados a bomba, as organizações terroristas palestinas. Que genocídio é esse? Só os israelenses matam? E os árabes fazem o quê? São apenas vítimas? A autora ignora o noticiário sobre o Oriente Médio que mostra os dois lados da violência?
Empatizo com a situação vivida por sua amiga Magda e também pelo povo palestino, vítima da mesma situação vivida pelo povo israelense. Mas vamos com calma. Não se pode inferir conclusões nem atribuir culpas à situação do Oriente Médio com base na experiência da amiga Magda. Recomendo que a autora leia mais história e geografia para se informar sobre a questão. É ofensiva a forma como a autora cita os ‘judeus’. Quem seriam os ‘judeus’ que esperavam por Magda num aeroporto da Europa, como se refere a autora? Será que eles usavam estrelas amarelas costuradas às roupas como nos campos de concentração? Ou usavam uniformes do exército israelense e portanto deveriam ser chamados de soldados do exército israelense? Ou a amiga Magda apenas supôs que eram ‘judeus’ e a autora comprou a versão? E o que a autora quer dizer com ‘judeus’ exatamente? Questões para pensar, principalmente por aqueles que acreditam que a ignorância e o preconceito têm efeitos devastadores na opinião pública, como a história já demonstrou. Heloiza Golbspan Herscovitz
DIREITO DO CONSUMIDOR
A única coisa que o governo deve fazer é impor a obrigatoriedade da divulgação das leis, em caso de serviços e bens diversos, e as portarias relativas aos setores dos serviços essenciais, como as companhias de telefonia, energia e água e esgoto. Como os senhores da comunicação estão focando esse assunto, cabe divulgar, em coluna nos jornais ou cinco minutos na TV e no rádio. Principalmente as portarias relativas às empresas dos serviços essenciais. O povo não gosta mais de ler e nem tem mais ânimo para ir à luta. Por que não divulgar direitos e deveres de todo esse universo?
Eugenia Barbosa Braga, dona-de-casa, Recife
TELEDRAMATURGIA
Acertando a informação: a imigração japonesa para o Brasil começou em 1908 (ano 41 da Era Meiji), com o Kasato Maru. A NHK foi fundada em 1926 (ano 15 da Era Taisho). Já a TV NHK é de 1953 (ano 28 da Era Showa).
Marcello Sudoh, sociólogo, Rio de Janeiro