Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Face a possível fracasso, Bush mata mensageiro

A cobertura que a mídia americana está fazendo da guerra no Iraque não tem agradado nem um pouco o presidente George W. Bush e sua equipe. Denúncias de tortura, levantes de rebeldes, assassinatos de iraquianos colaboradores dos EUA, abandono do campo de batalha por países aliados – e, para não esquecer: Osama bin Laden continua solto e aprontando das suas. Tudo isso tem sido enfatizado pela imprensa.

Como mostra reportagem de Michael Moran para a MSNBC [25/5/04], Bush e funcionários do alto escalão do governo começaram a soltar com mais intensidade declarações e comunicados em que acusam a mídia de estar colaborando para um fracasso dos EUA em sua empreitada no Oriente Médio.

Recentemente, por exemplo, o chefe de pessoal da Casa Branca, Andrew Card, e o secretário de Estado, Colin Powell, em entrevistas para o jornal conservador The Washington Times, atacaram as freqüentes comparações feitas pela imprensa entre o Iraque e o Vietnã. ‘A mídia está fixada no Vietnã’, reclamou Powell. Card concordou: ‘Na minha opinião, ela quer reviver a experiência do Vietnã’. Em março, Bush já havia insinuado algo desta natureza, quando disse que a comparação era falsa. ‘Penso que essa analogia envia a mensagem errada a nossas tropas e ao nosso inimigo’, declarou. Para o ex-correspondente do Los Angeles Times Tom Rosenstiel, que atualmente dirige o Project for Excellence in Journalism, ‘é muito conveniente politicamente para uma administração, que está sob fogo cruzado por sua política bélica, culpar o mensageiro’. ‘Mas, sendo realista, qual é o problema agora?’, pergunta. ‘É a crescente a violência no Iraque, o escândalo da prisão – que não é criação da mídia – e a grande questão de se a política inteira foi conduzida de forma errada desde o começo’.