Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ilustradora, designer e compositora carioca

Há poucos meses, uma fratura na clavícula obrigou Marta Manhães de Mattos Strauch a usar tala e tipoia no braço. “Baixinha invocada”, como é descrita pelos amigos, inventou uma técnica para continuar tocando violão sem sentir muita dor. Apesar de tocar e compor, a carioca se destacou mesmo como ilustradora e designer.

Filha de um casal de geógrafos, morou por um tempo, quando criança, na Argentina. O pai, professor, foi adido cultural em Buenos Aires.

Na década de 70, Marta formou-se em design gráfico pela Escola Superior de Desenho Industrial da Uerj (Universidade Estadual do Rio). Na década seguinte, concluiu o mestrado na Schoolof Visual Arts em Nova York, nos EUA. Publicou suas ilustrações, entre outros, no Jornal do Brasil e no New York Times Book Review. Seu primeiro desenho nesta Folha saiu em 1983, no caderno “Folhinha”. Mas só passaria a colaborar regularmente com o jornal a partir de 2008, na seção “Tendências/Debates”, aos domingos.

Ilustrou livros e deu aulas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio. Não só ensinava como aprendia muito no local, por ter tido liberdade para experimentar, conta o designer Guto Lins.

É lembrada como crítica, rebelde, dona de um humor ácido e divertida. Disse a amigos ter musicado poemas de Chacal, sem revelar ao autor.

Em dezembro do ano passado, um de seus últimos trabalhos para esta Folha acompanhava um texto do médico oncologista Paulo Hoff sobre câncer, doença que a levou à morte ontem (26/03), aos 59, no Rio.

Era solteira. Deixa a mãe, Lourdes, 83, e dois irmãos.

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[Estêvão Bertoni, da Folha de S.Paulo]