Pouco mais de um mês depois de deixar a presidência da News International, unidade de jornais britânicos do grupo de mídia de seu pai, James Murdoch anunciou, na terça-feira (3/4), sua saída da presidência da operadora de TV por satélite BSkyB. James continuará a ocupar um lugar no conselho da empresa britânica, que tem como um dos proprietários a News Corporation.
Apesar de não ser o filho mais velho de Rupert Murdoch, James, 39 anos, era visto como o potencial sucessor do magnata. A pedra no seu caminho, no entanto, foi o escândalo dos grampos telefônicos no tabloide News of the World. O caso de invasão à privacidade de personalidades no Reino Unido assombrava a News International há alguns anos, e em 2011 atingiu seu auge com a descoberta de que cerca de quatro mil pessoas – entre famosos e não famosos – teriam sido vítimas de grampos a mando do jornal. Com a revelação do porte da operação ilegal, tornou-se impossível ignorar o problema. O News of the World foi fechado, executivos e ex-editores do jornal foram detidos, a tentativa de Murdoch de comprar o restante da BSkyB fracassou, e, finalmente, James – que negava que tivesse conhecimento das práticas reprováveis da empresa que comandava – acabou discretamente afastado.
Imagem manchada
A BSkyB cresce aceleradamente e é um dos mais lucrativos negócios no portfolio do império Murdoch – que possui 39% dela. James declarou que decidiu deixar o cargo para proteger a imagem da empresa, que poderia se “tornar um alvo” por conta do escândalo dos grampos. No fim de fevereiro, quando foi anunciada sua saída da News International, o grupo declarou que ele continuaria a ocupar o cargo de executivo-chefe das operações da News Corp na Europa e Ásia. “James continuará a assumir uma variedade de cargos corporativos de liderança, com foco particularmente em importantes negócios de TV paga e operações internacionais mais amplas”, afirmou seu pai na ocasião. A presidência da BSkyB era, agora, o maior cargo executivo de James na mídia britânica. “Tenho consciência de que meu papel como presidente poderia se tornar um para-raios para a BSkyB”, afirmou ele.
Investidores consideram que o escândalo dos grampos ainda está muito ligado à imagem de James, e isso poderia prejudicar os outros negócios do grupo. Há meses, alguns grupos de investidores já pediam a saída do executivo dos conselhos da BSkyB e da News Corp. Alguns destes grupos consideram a saída de James do comando da BSkyB um sinal de que é preciso continuar a pressão para que ele abandone qualquer responsabilidade executiva na News Corp – onde continua como membro do conselho e vice-presidente de operações. Informações de John F. Burns [The New York Times, 3/4/12].