Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mea-culpa bem-vindo

Sem querer desculpar os erros da cobertura do NY Times, é preciso entender que ela se coloca no contexto da guerra contra o terrorismo deflagrada pelo governo Bush. Desde 11/9/01, houve uma tentativa de controlar a informação em nome da segurança nacional com o apoio da mídia de direita e de outros jornalistas. Na questão das armas de Saddam, cujo único risco seria que caíssem nas mãos de terroristas, a imprensa liberal não se arriscou a contrariar o governo para não ser acusada de fazer o jogo do inimigo e de ser responsável por atentados ainda piores.

É essa questão que marca a disputa pelo poder nos EUA. As eleições de 2000 terminaram num empate técnico e a luta entre conservadores e liberais continua. O NY Times ainda é o porta-voz do que há de melhor no jornalismo americano. O mea-culpa é bem-vindo. Se as lições forem aprendidas, ponto para o jornalismo liberal norte-americano. O jornalismo brasileiro tem muito a aprender, sobretudo quanto à promiscuidade com o poder.

Nelson Jobim, jornalista e professor, Rio de Janeiro



Assuntos deles

Nossa imprensa preocupa-se demais com a confusão que existe na congênere americana, pela ausência de notícias verdadeiras que antecederam o atentado de 11/9 e a invasão do Iraque, continuando depois a pactuar com as mentiras do governo, até surgirem cidadãos corajosos que fizeram essa farsa começar a ser desmontada. Agora começam a voltar-se contra o governo. Mas são assuntos deles, nos quais não podemos interferir, nem perder tempo em grandes comentários, porque já conhecemos quanta sujeira envolve e respinga para cima de todos eles.

Aqui temos muito do que tratar, exatamente na pauta do verdadeiro jornalismo patriótico, como desmascarar essa farsa da aprovação do salário de miséria de R$ 260, começando por questionar qual a representatividade popular dos deputados que aprovaram essa imposição do FMI, esquecendo seus eleitores que tanto propalam representar. Enganar o eleitor é falta de decoro parlamentar, empobrecer a sociedade é burlar a nação; em contrapartida, publicar o nome de todos os parlamentares que votaram pela manutenção desses míseros R$ 260 é verdadeiro jornalismo patriótico!

Marcos Pinto Basto