Na noite de domingo (18/12) a união dos grupos representativos dos países não-industrializados do mundo, chamada de G-110, liderada pelo Brasil e formada na Reunião de Hong Kong da Rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) pelos Estados do G-33, grupo dos países em desenvolvimento, entre os quais o Brasil, a Argentina, a China, a Índia, o Paquistão, a África do Sul e a Rússia, o Grupo Africano, composto por 30 Estados da África, a ACP, constituída por países andinos, e o G-90, grupo em que estão a maioria dos países mais pobres do mundo, conquistam uma vitória justa e importante: a fixação de uma data-limite para o fim dos subsídios agrícolas que impõem restrições à exportação de seus principais produtos comerciais.
Conquistam, assim, o direito de vender seus bens agrícolas e derivados sem a concorrência desleal de produtos subsidiados pelos Estados mais ricos do mundo – principalmente a Europa, os Estados Unidos e o Japão –, flagrante desrespeito às regras do direito internacional, da OMC. A vitória foi conquistada pela solidariedade internacional dos mais pobres, forjada na capacidade de diálogo e na persistência. A partir de 2013 será iniciada uma liberalização comercial nos países desenvolvidos para os produtos agrícolas dos não-industrializados.
Essa abertura permitirá uma significativa diminuição da miséria e da pobreza mundial. É que no novo G-110 estão mais de 80% da população humana sobre a Terra.
Mas parece que a família Marinho, de empresários proprietários do maior império de comunicações da América Latina, não gostou muito do resultado da Reunião de Hong Kong da Rodada Doha da OMC. Pode-se inferir, ou, até melhor, constatar-se, claramente, esse viés estrangeirista e amerincalóide dos ‘privatistas’ da grande mídia brasileira, contrário aos interesses nacionais e humanitários, a partir de uma das últimas notícias do Fantástico de domingo (18/12).
Gloria Maria, apresentadora do programa:
‘Terminou há pouco a reunião da OMC em Hong Kong. Ao fim, água fria nas pretensões dos países em desenvolvimento. O G-20, grupo liderado pelo Brasil e pela Índia, não conseguiu conquistar o fim dos subsídios agrícolas dos países desenvolvidos para 2010. Prevaleceu a data proposta pela Europa, 2013. O Brasil, representado na reunião pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, maior defensor do ano de 2010 como limite para os países desenvolvidos concederem subsídios para seus agricultores, saiu derrotado das negociações.’ (Rede Globo, Fantástico, 18 de dezembro de 2005)
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Estudante, Recife