Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A biografia sem fim

[do release da editora]

Como construir um discurso biográfico sem limitações? Quais os ‘vícios’ dos jornalistas, historiadores e outros biógrafos da atualidade? Em Teoria da biografia sem fim, o jornalista Felipe Pena, que também é professor na UFF e que atualmente escreve a biografia de Adolpho Bloch, critica os pressupostos de sua própria atividade profissional, o jornalismo, quando utilizados para a reconstrução da memória:

‘Se no passado, era preciso ler a biografia de uma estrela para conhecer passagens de sua intimidade que ela julgasse conveniente divulgar, hoje a biografia é escrita diariamente na mídia. O espaço dos heróis (mesmo os pré-fabricados) foi ocupado pelas celebridades. A superexposição substitui a virtude (a arete) como valor supremo. As imagens são preconcebidas. As estórias já foram contadas. E a encenação continua até mesmo após a morte (Elvis ainda não morreu)’.

Como pergunta Muniz Sodré, que assina o prefácio, como então biografar o ‘midiagrafado’? Felipe Pena propõe um caminho alternativo para a construção do discurso biográfico. E ele vale tanto para jornalistas quanto para historiadores e outros biógrafos da atualidade:

‘A idéia básica seria organizar uma biografia em capítulos nominais (fractais) que refletissem as múltiplas identidades do personagem (por exemplo, o judeu, o gráfico, o pai, o patrão, etc). No interior de cada capítulo, o biógrafo relacionaria pequenas editore fora da ordem diacrônica. Sem começo, meio e fim, o leitor poderia começar o texto de qualquer página.’

Parta os biógrafos, um alerta:

‘Não se preocupe em desvendar as páginas da vida alheia. Contemple-as. O rastro de sangue na folha de papel é o que identifica a biografia e os biógrafos. Nós somos os açougueiros da alma.’

Assim, Felipe Pena – o jornalista, o professor e seus demais fractais – nos envolve nessa reflexão crítica sobre um dos gêneros de grande sucesso no mercado editorial brasileiro: a biografia. E a proposta de Felipe Pena, afirma Muniz Sodré em seu prefácio, ‘é, para dizer o mínimo, tão sedutora quanto apelos de memória.’

Felipe Pena é jornalista, doutor em letras pela PUC-Rio, professor-adjunto da Universidade Federal Fluminense e pesquisador registrado no CNPq. Foi sub-reitor da Universidade Estácio de Sá, onde também ocupou os cargos de diretor da Faculdade de Comunicação Social e conselheiro de Ensino e Pesquisa. É autor dos livros A volta dos que não foram (Ed. 7 letras, 1998) e Televisão e sociedade (Ed. 7 letras, 2002).

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