Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

No sótão da Casa Branca

Analisar e comentar o comportamento ético dos grandes meios de comunicação dos EUA é a mesma coisa que revirar um saco de gatos esquecido no sótão da Casa Branca: só vemos bichanos esfomeados e miando com raiva felina. Para comentar a maldade de esquecer os bichinhos no sótão da casa, só os membros da sociedade protetora dos animais, mais talhados a tratar com os problemas que afetam a zoologia doméstica. O artigo vale como manual de ensino para os mais novos, esquecidos, desavisados, incautos e idealistas com a vista turvada de tanto mirar o horizonte, bem como aferir o comportamento do repórter Larry Rohter naquele artigo em que ofende o nosso presidente e foi tão falado por aqui.

A sociedade americana é monitorada por uma caixa preta que também registra dados de outras sociedades, por aqui fingem ignorá-la, mas muitos sabem sobre seus tentáculos gigantescos envolvendo as crises que surgem pelo mundo afora, porém acham melhor absterem-se e assim lemos sobre situações que parecem erros crassos ou, noutras, absoluta normalidade, tudo em harmoniosa seqüência de fatos. Cometem erros que envergonhariam o próprio Judas, mas a seguir caem em si e reconhecem as falhas grosseiras. Mais adiante, fazem exatamente o mesmo, enganam todo o mundo, mas dão o dito por erro escrito. Assim procedem com prêmios Pulitzer ou sem eles. A intenção é manter a massa hipnotizada nas suas linhas esculpidas pelos estrategas políticos.

Há muitos anos editam meias verdades que mais adiante confirmam ou desmentem. Não servem de exemplo como imprensa séria e infelizmente têm seguidores por aqui, como vimos há bem pouco tempo com aquele caso do Larry das biritas. Não nos devemos preocupar com eles, cuidemos dos nossos meios de comunicação, que têm muitas falhas, principalmente quando tentam copiar estilos estrangeiros, e tratemos de os tornar eficientes canais de comunicação que inspirem credibilidade.

Marcos Pinto Basto



Tudo pelo mercado

Até hoje não sei qual é a função da imprensa. Na minha opinião, fiscalizar não é, pois ninguém forma opinião lendo jornal e vai direto para a rua protestar. No máximo escolhe seu candidato no momento ‘mágico’ do voto e de ‘exercer seu direito democrático de votar’. Talvez receber dinheiro para defender certos interesses possa ser a resposta, que diz claramente que, dependendo da ideologia do mercado, quem tem mais dinheiro manda mais, de acordo com a práxis das nossas ‘democracias’ de fachada. Infelizmente não temos alternativa, pois o controle ideológico e midiático da população (como Goebbels e Hitler já sabiam e Bush e Cia. repetem) impedem que algo de verdadeiramente positivo seja feito em prol do desenvolvimento da humanidade (que a palavra desenvolvimento não seja entendida como a quantidade de soja que precisamos exportar para comprar computadores).

Depois de ler também que mercado é o mesmo que democracia, opinião de um médico (provavelmente sem plano de saúde), creio que o conceito está impregnado já na nossa cabeça. A partir daqui, tudo será orientado pelo mercado: tal cidadão não é viável, tá fora do mercado etc. Admirável Mundo Novo puro.

Marcio Gama, biólogo, Brasília

No que precisa dar o mea-culpa do New York Times – Luiz Weis



Um novo Projeto Folha

Contardo Calligaris, em ‘Teorias conspiratórias’, fala em delírios, e deve saber do que está falando, pois, em 20/5, na Ilustrada da Folha, perpetrou um texto (‘As origens do autoritarismo’) que é delírio puro. Primeiro, Calligaris, sem citar outro exemplo que não o do ‘autoritário’ Lula, disse que o autoritarismo provém de pobres que ascendem ao poder. Depois, disse que Lula, na verdade, saiu engrandecido pelo texto de Larry Rohter, pois os americanos certamente iriam nutrir admiração por um pobre que chegou ao poder, mesmo sendo alcoólatra filho de alcoólatra. Continuando, disse que Larry Rohter não ofendeu o Brasil e que a ofensa ao país partiu mesmo de Lula, que atentou contra o ‘direito fundamental’ da liberdade de expressão. Disse ainda que, para um americano, é menos ofensivo ter o país invadido do que ter cerceado o direito à manifestação do pensamento. E chamou Lula de fascista, além de inepto, pois estaria fazendo besteiras porque ninguém diz ao presidente que ele deveria fazer isso ou aquilo ou atentar para isso ou aquilo.

Por fim, Calligaris desafiou o governo, oferecendo o e-mail para o governo se informar sobre o número do RNE dele, Calligaris (como se o governo não tivesse outro meio de saber disso). Diante disso, e diante do fato de o ombudsman da Folha, Marcelo Beraba, estar sonegando e manipulando informações (como bem demonstrou Luiz Antonio Magalhães), de José Serra ser colunista contratado pela Folha e de a Folha estar sempre coalhada de textos de tucanos, vou começar a delirar, também: acho que está em curso um PFPDL (Projeto Folha Para Derrubar Lula).

Rogério Ferraz Alencar, técnico da Receita Federal, Fortaleza

Paranóias e conspirações – Entre Aspas



Risco de morte

Sempre quis saber o motivo que leva uma veículo de comunicação a trocar alguns termos por outros. Descubro os motivos: singeleza, evolução da língua, termo politicamente correto, horário apropriado etc. Mas, oras bolas, sempre me intrigou o tal de ‘risco de morte’. Eufemismo? Jeitinho? Sonoridade? Sabia-se lá. Quando se produz um risco (físico, quero dizer) produz-se também um elo entre duas vertentes: direita-esquerda, abaixo-acima, lá-cá etc., além do metafórico ‘vida-morte’, elo este que se refere a ambas as vertentes ao mesmo tempo.

Nunca entendi um ‘risco de vida’ diferente de um ‘risco de morte’. Talvez signifique que o locutor, e o veículo indiretamente, esteja torcendo mais pela vida que pela morte ao dizer ‘risco de morte’. Ainda que eu force ao máximo meu poder de aceitação, continua me parecendo menos necessário que uma revisão no fluxo de tipo de notícias, pois ver a locutora de sobrecenho fechado ao informar a morte de alguém e, logo depois, o mesmo semblante tentando sorrir ao falar da vitória do Brasil no futebol é deprimente.

Sergio dos Santos, redator/revisor, Caieiras, SP



Esqueletos no armário

Mesmo não tendo estudado como o Sr. Rodrigo e sendo como ele tão sábio a ponto de entender tanto sobre tantos assuntos, certamente precisaria de muito espaço para descrever as muitas fraudes e contradições da teoria evolucionista. Como em tão curto espaço falar solidamente sobre as falhas do evolucionismo ao explicar a origem dos microorganismos, dos invertebrados e vertebrados, o aparecimento dos insetos, a transição dos peixes aos anfíbios, e dos anfíbios para os répteis e mamíferos, além dos roedores, mamíferos marinhos etc.? Como descrever em espaço reduzido as notórias fraudes dos ‘homens’ de Java, Piltdown, Nebraska, Pequim etc.? (…) O naturalista N. Mercier, analisando as descobertas arqueológicas feitas em St,. Cesaire (França), em 1979, chegou à conclusão de que o Homem de Neanderthal coexistiu com o Homem de Cro-Magnon. Isto comprova então que o Homem de Neanderthal não foi predecessor do Homem de Cro-magnon. Além disso, ambos foram fabricantes de instrumentos e ferramentas toscas, embora as do Homem de Cro-Magnon sejam mais perfeitas. Ora, em St. Cesaire foram achados fósseis neanderthalenses junto com instrumentos feitos pelo Homem de Cro-Magnon! Em 1989, a revista Nature publicou um artigo de autoria de cientistas franceses e israelenses anunciando a descoberta de um esqueleto neanderthalense, que possuía o osso hióide, que é absolutamente fundamental para a fala. Isto comprovava que o Homem de Neanderthal era anatomicamente capaz de falar. (…)

Outra descoberta feita nas grutas de Shrinadar, na Pérsia, entre 1950 e 1980 pelo Dr. Ralph Solecki, da Universidade de Colúmbia, indica que o Homem de Neanderthal praticava já um culto aos mortos. Solecki encontrou em Shrinadar sete esqueletos neanderthalenses recobertos de pó, que examinado, revelou possuir uma grande porcentagem de pólen de flores. Ora, isto indicava que o Homem de Neanderthal compreendia o símbolo da flor, e, se colocava flores sobre seus mortos, era porque acreditava que alguma coisa deles continuava a existir mesmo após a morte e putrefação dos cadáveres. Portanto, acreditavam que havia algo imortal no homem, e que, de algum modo, haveria um vida após a morte. (…)

A propósito, sobre o outro assunto, permita-me meter o bedelho só um pouquinho. Pelo que deduzi do que o Sr. Rodrigo escreveu o comportamento homossexual se não é aprendido ou escolhido é então originado de quê? Herança genética? (…) Depois de anos trabalhando para educar os meios de comunicação e os legisladores, o conceito de que 10% da população são gays se tornou um fato aceito pela maioria. Embora seja necessário continuar citando esse dado, o número de 10% é regularmente utilizado por estudiosos, pela imprensa e pelas estatísticas do governo. (…)

Caro Paulo, agradeço sua resposta educada e gentil. Já que você citou a Segunda Lei da Termodinâmica, permita-me mostrar-lhe as opiniões de renomados cientistas sobre o assunto, afinal me coloco em meu lugar sabedor de minhas limitações, que são muitas! Nenhuma evidência experimental a invalidou (a Segunda Lei), disseram os físicos G.N. Hatspoulous e E.P. Gyftopoulos: ‘Não há nenhum experimento registrado na história da ciência que contradiga a segunda lei e seus corolários…’. O criacionista Duane Gish comenta: ‘De todas as afirmações que têm sido feitas com respeito às teorias sobre a origem da vida, a afirmação de que a Segunda Lei da Termodinâmica não oferece problemas para uma origem evolutiva da vida é a mais absurda… A operação dos processos naturais em que a Segunda Lei da Termodinâmica é baseada já é suficiente, por esse motivo, para tornar impossível a origem espontânea evolutiva da imensa ordem biológica necessária para a origem da vida.’ (Duane Gish, Ph.D. em bioquímica pela University of California em Berkeley). (…)

José Eduardo Camargo, Sorocaba, SP