Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Jayme Blay

‘Em tempos recentes, assistimos a um processo que nos causa indignação e preocupação. Uma verdadeira avalanche de simplificações e de falácias passou a freqüentar os meios de comunicação, com a expressa intenção de demonizar o Estado de Israel, de transformá-lo em vilão e de classificar como ‘expansionista’ um país que, desde a sua criação, em 1948, precisa lutar por sua sobrevivência a cada dia, a cada momento.

Os críticos de plantão esquecem -ou, na falta de honestidade intelectual, ocultam- uma realidade incontestável: existem até nossos dias grupos terroristas que defendem a destruição de Israel e a idéia de ‘jogar os judeus ao mar’, como o palestino Hamas e o libanês Hizbollah. Também há países, como o Irã, que não escondem o desejo de apagar o Estado judeu do mapa.

A luta diuturna pela sobrevivência e a espada que paira incessantemente sobre Israel desaparecem velozmente das análises que buscam responsabilizar o Estado judeu pela tragédia do Oriente Médio. Por que a Israel não é dado o direito de se defender? Por que ignorar que todas as iniciativas de paz sólidas surgidas no mundo árabe contaram com a resposta positiva de Israel? Foram assinados acordos com o Egito e com a Jordânia. Houve o Acordo de Oslo, para criar a Autoridade Nacional Palestina. A Yasser Arafat foi oferecida, em 2000, uma proposta ampla e ousada pelo então primeiro-ministro Ehud Barak. Como resposta, em vez da manutenção do caminho da diplomacia, Israel obteve a sangrenta Intifada.

A Intifada voltou a mergulhar o Oriente Médio no caldeirão do confronto. Recuperou o terrorismo como arma política, uma opção inaceitável em tempos atuais. No campo da luta das idéias, proliferam tentativas de emprestar densidade a um conceito batizado de anti-sionismo, numa iniciativa que tem como objetivo minar a legitimidade de Israel, assim negando ao povo judeu o seu lugar na comunidade das nações e negando o direito a ter sua pátria. Rejeitar o sionismo é, portanto, atacar o direito básico da existência de Israel como uma nação, em violação a um dos princípios fundamentais do direito internacional.

É falso fazer a distinção entre anti-semitismo e anti-sionismo. Conforme Martin Luther King Jr. escreveu, em 1967, o anti-sionismo ‘é inerentemente anti-semita’. Realmente, não é coincidência que as censuras e condenações a Israel em fóruns internacionais e na mídia tenham sido acompanhadas de uma forte escalada dos incidentes anti-semitas em muitas partes do mundo. Conforme notou King, anti-sionismo ‘é a negativa ao povo judeu de um direito fundamental que justamente clamamos para os povos da África, com o que, livremente, outras nações do globo se põem de acordo. É discriminação contra os judeus porque eles são judeus. Resumindo, é anti-semitismo’.

A mídia do mundo árabe, controlada pelos governos locais, transformou-se em recipiente e disseminadora dos mais medievais preconceitos antijudaicos. Há seriado de televisão baseado nos ‘Protocolos dos Sábios do Sião’, um dos principais emblemas da literatura anti-semita. Jornais governamentais publicam textos e charges para perpetuar estigmas já condenados ao lixo da história. Nos meios de comunicação palestinos, glorifica-se o terrorismo e educa-se para a guerra.

Qualquer debate honesto sobre o Oriente Médio deve partir do pressuposto de que não há solução a não ser o caminho de dois Estados, um judeu e um palestino. Aventureiros que posam de intelectuais e que buscam deslegitimar a milenar reivindicação judaica de ter seu lar nacional na terra de Israel prestam um desserviço à paz e às gerações futuras de israelenses e de palestinos. Querer ressuscitar o fantasma do anti-semitismo e rejeitar o direito de Israel à existência representa retrocessos inadmissíveis em pleno século 21.

Jayme Blay, 63, engenheiro, é um dos vice-presidentes do World Council of Synagogues e o presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo.’



CANNES LIONS / 2004
Carlos Franco

‘Cannes abre com promessa de leões para rádio’, copyright O Estado de S. Paulo, 20/06/04

‘A 51.ª edição do Festival Internacional de Publicidade de Cannes, o Cannes Lions 2004, começa hoje nesta cidade francesa da Côte D’Azur, prometendo, mais uma vez, muito tititi antes da entrega dos leões de ouro, prata e bronze das categorias impressos, filmes, internet, mídia e marketing direto. O primeiro deles, que já começa a estimular profissionais que não podiam sonhar com leões, partiu do próprio presidente do Festival de Cannes, Roger Hatchuel, que antecipou a jornalistas o anúncio que pretende fazer na cerimônia de encerramento: a criação, para o próximo festival, da categoria rádio.

Os criadores de jingles estão felizes da vida. Enquanto o Lions Radio ainda não é oficializado, o que está em jogo este ano são as categorias tradicionais, que há 3 anos incorporaram a de marketing direto, assim como há 5 anos, na onda da internet, foi criada a categoria Cyber Lions. O festival também estuda a inclusão de duas novas categorias, que têm apresentado expressivo crescimento nas estratégias de comunicação: design e relações públicas. Hoje, um grande número de agências de publicidades já têm áreas de design e PA, como definem o departamento de relações públicas, que abrange estratégias de atingir consumidores e formadores de opinião.

Jovens – O festival, que nasceu há 50 anos para premiar as melhores peças publicitárias criadas para o cinema – uma iniciativa dos exibidores que temiam a concorrência, naquela época, da televisão -, sempre acompanhou a evolução da propaganda mundial. Foi isso que o levou a premiar os trabalhos impressos e, assim, ir aumentando o número de categorias, sem se esquecer dos jovens publicitários, que participam efusivamente do Young Creatives. Uma competição onde os jovens talentos mostram sua criatividade e na qual o Brasil tem conquistado prêmios nos últimos quatro anos.

Outra novidade dessa edição de Cannes será a presença de grandes anunciantes, num movimento estimulado no ano passado pelos executivos da Procter & Gamble, que foram acompanhar de perto as inovações na comunicação de produtos. Para Hatchuel, a presença desses grandes anunciantes – que vão participar do júri de mídia – mostra a importância da propaganda como ferramenta de vendas. Aos executivos da Procter & Gamble, vão se juntar os da Coca-Cola, Toyota, McDonald’s, Allied Domecq, General Electric, Kelloggs, Volkswagen of America, Ford Motor Corporation e Hewlett-Packard, que levarão cerca de 650 executivos ante os 400 de 2003.

No festival, esses profissionais se juntarão aos milhares de delegados de todo o mundo, que também lotam os auditórios, onde simultaneamente são realizados mais de 25 seminários, abordando os mais diferentes temas. O rádio será um dos destaques de seminário preparado pelos ingleses que, por causa de congestionamentos em Londres, têm assistido ao fortalecimento desse meio de comunicação.

Faturamento – O negócio da propaganda, segundo dados não oficiais de publicações especializadas, movimenta anualmente mais de US$ 300 bilhões em todo o mundo. A revista americana Advertising Age, uma espécie de ‘bíblia’ do mercado publicitário, estima que as empresas reservem de 5% a 10% do faturamento para propaganda, porcentual que aumenta quando se trata de mercados mais competitivos ou nos quais a propaganda é mais importante que o produto. É o caso, por exemplo, da Coca-Cola, onde a estratégia de marketing é a principal arma de manutenção do mercado.

No Brasil, o setor gira no mercado formal dos meios de comunicação cerca de US$ 8 bilhões por ano, o equivalente a R$ 24 bilhões, segundo do Ibope/Monitor, a pesquisa mais respeitada desse mercado, que não leva em conta os descontos dados por veículos de comunicação a anunciantes.

Este ano, o Brasil traz a Cannes 1.978 trabalhos publicitários, 64% a mais que os 1.197 de 2003, e ainda assim fica em segundo lugar no número de inscrições. Os Estados Unidos, com 2.660, lidera o número de peças inscritas. De qualquer forma, o País está à frente da Alemanha (1.722), do Reino Unido (1.522), da Espanha (1.049), do Japão (704) e do próprio país anfitrião, a França, com 649 trabalhos inscritos.

Liderança – O Brasil, porém, é líder disparado em inscrições na categoria Press & Outdoor, que premia os anúncios publicados em jornais e revistas, além dos outdoors. São 1.472 peças publicitárias, enquanto a Alemanha, em segundo lugar, inscreveu 1.063 trabalhos e os Estados Unidos, na terceira posição, 903. Na categoria Film – os famosos comerciais para cinema e televisão, que deram origem há 51 anos ao hoje mais prestigiado festival da publicidade mundial – a liderança absoluta é dos Estados Unidos, com 1.177 trabalhos, enquanto o Brasil apresentará 236 comerciais.

Na categoria Cyber Lions, onde a disputa é entre os trabalhos criados para a internet, o Brasil leva 193 trabalhos, mantendo a média dos últimos cinco anos, quando se destacou nessa categoria. Pedro Jorge Caldas Pereira, o PJ da Agência Click, contabiliza 11 Cyber Lions. É o profissional que mais subiu ao palco para domar leões dessa categoria e também um Grand Prix, quando estava na DM9DDB. A Agência Click promete repetir a dose este ano.

Ninguém duvida.’



ECOS DA GUERRA
Folha de S. Paulo

‘EUA ocultaram prisioneiro, diz rede de TV NBC’, copyright Folha de S. Paulo, 17/06/04

‘A rede de TV NBC disse ontem à noite que o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, ordenou no final de 2003 que um prisioneiro iraquiano membro do grupo extremista islâmico Ansar al Islam fosse mantido ‘fora dos registros’. Tal conduta viola as Convenções de Genebra.

Após a veiculação da notícia, um porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman, reconheceu que os militares erraram ao manter um suposto terrorista preso em segredo por mais de sete meses. Whitman disse que ele está detido no Iraque desde outubro -sem ter recebido um número de identificação e sem que a Cruz Vermelha fosse notificada até agora.

‘A Cruz Vermelha deveria ter sido comunicada sobre o preso antes. Nós demos os passos necessários para corrigir a situação’, disse Whitman.

O prisioneiro foi capturado no Iraque em julho e transferido pela CIA (o serviço secreto americano) para um local desconhecido fora do país para ser interrogado. Cerca de três meses mais tarde, ele foi enviado de volta para o Iraque, após o Departamento da Justiça ter alertado que poderia ser ilegal a sua detenção fora do país.

De acordo com a NBC, foi então que Rumsfeld ordenou que o iraquiano fosse mantido ‘fora dos registros’ para evitar que a Cruz Vermelha tomasse conhecimento de seu caso. Segundo a TV, o prisioneiro ainda permanece incomunicável.’



VENEZUELA
Folha de S. Paulo

‘Chávez terá outro programa de rádio’, copyright Folha de S. Paulo, 16/06/04

‘O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou ontem que terá mais um programa na Rádio Nacional, que será chamado ‘Patrulhando com Chávez’. Ele faz campanha para manter-se no poder, já que haverá um plebiscito sobre a continuidade de seu mandato em 15 de agosto.

O novo programa já deverá ser veiculado hoje à noite. Chávez tem outro programa, transmitido tanto no rádio quanto na TV, que vai ao ar todos os domingos. Ele acusa a imprensa privada de ser favorável à oposição.

A mais alta corte venezuelana decidiu que, mesmo que perca o plebiscito de agosto próximo, Chávez poderá candidatar-se à Presidência na eleição marcada para dezembro de 2006. Mas a decisão não deixou claro se ele poderá participar de uma eleição presidencial imediatamente após o plebiscito caso seja derrotado.

A União Européia disse que poderá enviar observadores para monitorar o plebiscito, segundo diplomatas europeus.’