Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Quem sustenta o jornal

Amigos, sou jornalista com muito orgulho e dignidade há 22 anos, no entanto, devo confessar: há uns quatro ou cinco anos deixei de comprar jornal. Assinatura, para me deixar amarrado neles, nem pensar. Sabe por quê? Porque descobri, como jornalista, que somos mais usados para manobrar a massa de leitores incautos do que para cumprir nossa vocação. Tenho lido as notícias, variadas, em diversos veículos, somente pela internet, e comprado revistas específicas, não as noticiosas semanais. Os donos da imprensa não me respeitam como cidadão e eu, por minha vez, não lhes dou meu dinheiro nem minha audiência. Não há crise econômica para justificar a queda na vendagem de jornais e revistas. Vejam os pobres. Estes compram jornais diariamente para ler no trem ou no almoço.

Hoje sou patrão e meus empregados compram jornal (nem sei se aquilo é jornal!) todo santo dia! Não falta dinheiro para a cerveja, o futebol, o cinema, o churrasco. Falta é interesse. A imprensa quer enganar o leitor e este, que não é bobo, fica só com o futebol e os crimes. No primeiro, o gol é fato, no segundo, o morto também. Ambos não dependem do jogo do poder dos donos da imprensa. Então, proponho que se deixe de comprar jornal e revista cada vez mais, até que os empresários entendam quem é que os sustenta.

Paulo França, jornalista, Rio de Janeiro

Está difícil ler jornal – Rogerio Barreto Brasiliense



Empréstimo do BNDES

De que forma a grande população pode ficar informada de que alguns setores da comunicação estão ‘de pires na mão’, e na iminência de receber um empréstimo inédito do governo?

Jorge Choairy, jornalista, São Luís



ARRAIAL NA FOLHA
Convite publicado

Sobre a nota ‘Cadê o convite?’: a Folha de S. Paulo publicou, sim, o tal convite. Não lembro em que edição, nem posso descobrir porque o arquivo online do jornal não tem fotos. Acredito que foi no dia 12/6, no texto ‘Lula reúne família e ministros em arraial’.

João Ricardo Mendonça Oliveira, estudante, Campinas, SP

Cadê o convite? – Carlos Brickmann



Saudades de Danuza

Tendo em vista o artigo de Danuza Leão sobre o arraial caipira do Lula, que a Folha de S. Paulo publicou no dia 15/6, acho interessante retomar a discussão da tal ‘liberdade de calúnia’ (frase supostamente atribuída ao ministro da Comunicação de Governo, Luis Gushiken). Não fosse por um motivo sério – o descarado derramamento da colunista por FHC –, o texto passaria para a história do anedotário jornalístico no Brasil. Esnobe, ressentido e alienado, o artigo é também um atestado do antilulismo de Danuza (ela, inclusive, já sabia que sentiria saudades do reinado tucano). Pergunta-se: haverá isenção em outras incursões da colunista pelos causos do atual governo? Convenhamos, os comentários desta senhora são ostensivamente parciais (eu diria até sentimentais).

Ok, o articulista não é necessariamente um jornalista, mas isso redime os excessos de Danuza? Ela ainda acusa o governo Lula de ser totalitário. O que acham dessa afirmação? Vale dizer que, apesar do bolchevismo de alguns setores do Planalto, se isso fosse mesmo verdade não haveria espaço para a colunista destilar suas asneiras sectárias.

Márcio de Matos Souza, relações-públicas,Salvador



LULA & NYT
Arrogantes e medrosos

O presidente Lula deixou claro que não perseguia o NYT, embora este persiga e tente desmoralizar o Brasil há décadas, conforme pesquisadores atentos provaram. E não cerceava a liberdade de imprensa.

A meu ver, Lula jogou uma carta pesada contra o jornal e seu repórter-pateta, obrigando-os a se manifestarem. E deu certo. Afinal, se tivesse ficado calado, ninguém prestaria atenção nos seguidos fiascos do NYT. Lula declarou que ou Larry se retratava ou teria de deixar o Brasil. Neste caso, o NYT poderia enviar imediatamente outro repórter. ‘Ah, nem o NYT nem Larry se retrataram.’ Que novidade! Leiam como eles fizeram seu mea-culpa sobre a invasão do Iraque e onde a publicaram. Arrogantes, porém, medrosos e com desprezo pela verdade e pelo público. Lula tratou o caso como de Estado. Ou ele cortava o mal pela raiz, logo de primeira e com o maior, ou arriscava-se a virar chacota de tudo quanto é jornalista estrangeiro, mais desinformados e mal intencionados do que muitos brasileiros.

Para quem não sabe, Bush expulsou um jornalista iraquiano por muito menos. Não estou defendendo Bush, que tampouco é parâmetro para qualquer comparação sensata, mas sim lembrando que não se viu a imprensa brasileira subir nos tamancos por causa daquilo. Bush pode expulsar um colega iraquiano e Lula não pode ameaçar de expulsão um ‘coleguinha’ americano? Não se trata de liberdade de imprensa, que esta não foi questionada, e sim de péssima qualidade profissional. Seria o mesmo que o diretor ou o editor demitir um repórter seu por achá-lo fraco e este sair por aí dizendo que teve a liberdade de imprensa cerceada. É preciso lembrar aos brasileiros ‘amigos’ que os americanos escorraçam um mau profissional, seja estrangeiro ou americano.

É mesmo uma visão estranha, esta. Grita-se quando um político ou governante quer a cabeça de um jornalista, e tem-se que gritar mesmo e devolver o sujeito ao seu lugar, no entanto, aceitam-se e estimulam-se contatos até promíscuos com o tal que pede a cabeça, em troca de bens, favores e informações, a maioria direcionada. E o jornalista o sabe e mesmo assim aceita. Ora!

Por último: o jornalista brasileiro lê pouco e presta mais atenção ao seu concorrente direto e a colunistas-pauteiros, mas está cometendo erros grosseiros de português. Um deles é recorrente nos textos que li neste excelente Observatório. É preciso dar mais valor ao próprio instrumento de trabalho: a língua portuguesa. Saudações.

Paulo França, jornalista, Rio de Janeiro

Era da impostura, hora de verdades – Alberto Dines

O verdadeiro jornalismo patriótico – Marcelo Csettkey e Marcelo Gil