O cineasta Michael Moore filmou abusos de prisioneiros no Iraque bem antes que as atrocidades cometidas por soldados americanos no país se tornassem públicas. Na ocasião, Moore preferiu ficar quieto até o lançamento de seu filme. Agora, segundo a AP [14/6/04], ele questiona se tomou a decisão correta.
‘Eu tinha estas imagens meses antes da história ser mostrada no 60 Minutes, e eu realmente sofri para decidir o que fazer com elas’, afirmou o documentarista ao jornal San Francisco Chronicle. ‘Eu queria divulgá-las, mas pensei que seria acusado de mostrá-las para fazer publicidade para o meu filme. Isso me impediu de tomar o que talvez fosse a melhor decisão’.
O filme de Moore, Fahrenheit 9/11, ganhou o prêmio máximo no Festival de Cinema de Cannes, em maio deste ano. O filme faz críticas ao modo como o presidente George Bush reagiu aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Além disso, Fahrenheit 9/11 faz ligações entre a família de Bush e a de Osama bin Laden.
O filme chamou a atenção da opinião pública quando o presidente da Disney, Michael Eisner, disse que não permitiria que ele fosse distribuído pela empresa – o documentário havia sido produzido pela Miramax, da qual a Disney é dona. Depois de muita controvérsia, Fahrenheit 9/11 será distribuído em parceria pela Lions Gate Films, IFC Films e Fellowship Adventure Group, e estreará em 25/6 em mais de 700 cinemas nos EUA.
Proibido para menores?
Os distribuidores enfrentam um problema: tentam conseguir com a associação de cinema dos EUA a substituição da classificação de faixa etária indicada para o filme. O documentário de Moore recebeu a classificação R – o que significa que menores de 17 anos só podem assisti-lo se forem acompanhados por adultos.
O conselho de classificação da Motion Picture Association of America concluiu que o filme possui cenas de ‘violência, imagens perturbadoras’ e linguagem inapropriada.
Os distribuidores querem que Fahrenheit 9/11 sejá permitido para adolescentes a partir dos 13 anos. ‘Eu acho que a mensagem do filme é tão importante que ele deveria estar disponível para a maior audiência possível’, afirmou Tom Ortenberg, presidente da Lions Gate Films. ‘Francamente, não considero que ele tenha imagens mais perturbadoras do que as que já foram mostradas nas emissoras de TV a cabo’, completou.
Segundo David German [AP, 14/6/04], as imagens de Fahrenheit 9/11 incluem uma decapitação pública na Arábia Saudita, iraquianos queimados por napalm e um homem iraquiano jogando um bebê morto em um caminhão cheio de corpos.