Com o referendo popular sobre a permanência de Hugo Chávez na presidência da Venezuela marcado para agosto, a revista americana Editor & Publisher [16/6/04] publicou matéria criticando o mandatário, que, segundo a publicação, ‘tem se destacado como um inimigo especialmente impiedoso da imprensa, mesmo estando num hemisfério com longo histórico de hostilidade à livre reportagem’.
Chávez é acusado pela publicação de não diferenciar seus opositores políticos e a imprensa – apesar de ser notório que os grandes veículos privados de comunicação venezuelanos abraçaram com fervor e sem preocupação com a imparcialidade a causa dos oposicionistas.
A Editor & Publisher destaca que observadores internacionais têm ficado cada vez mais preocupados com a possível deterioração da liberdade de imprensa no país, à medida que se aproxima o pleito que decidirá o futuro de Chávez.
Enquanto a oposição juntava assinaturas para conseguir o plebiscito, ocorreram ataques de apoiadores do presidente a veículos de comunicação. A sede do diário El Nacional em Caracas foi atacada por manifestantes no dia em que a comissão eleitoral do governo anunciou que a votação ocorreria. Os jornais 2001 e Así es la Noticia também foram alvos de violência.
Casos de multiplicam
No fim de maio, a jornalista Ibéyise Pacheco foi condenada a nove meses de prisão por ter afirmado em sua coluna no Nacional que um coronel tinha mudado uma nota para passar numa disciplina do curso de Direito. Ela está apelando da decisão em liberdade. Também no mês passado, a repórter de TV Patricia Poleo foi levada a julgamento militar por ter mostrado supostos comandantes militares cubanos no quartel-general das Forças Armadas venezuelanas, em 2003. Ainda em maio, um repórter, um fotógrafo e um motorista do Nacional foram agredidos por cerca de 20 supostos agentes do serviço de inteligência militar do governo quando cobriam o revista da casa de um político oposicionista.
Chávez instituiu uma lei pela qual seus discursos têm de ser transmitidos por todas as emissoras de rádio e TV, e alterou a legislação para facilitar a censura governamental e processos contra jornalistas. Sua postura foi condenada pela Associação Mundial de Jornais no último congresso da entidade, realizado recentemente em Paris.