‘O ministro José Dirceu anda mesmo sem sorte. Por que ele tinha de dizer logo agora que o país deixará em breve de vê-lo como um Golbery do Couto e Silva, porque será daqui para a frente o João Paulo dos Reis Velloso do governo Lula? Então ele não sabe que é um perigo bulir na memória da ditadura, numa semana em que está para sair um novo livro de Elio Gaspari? Até a sexta-feira, 25, quando a comparação apareceu nos jornais, ninguém tinha dúvida sobre o que esses nomes significavam. Golbery era o general malicioso que fazia mandinga política na Casa Civil. Velloso, o economista discreto que receitou ao país o último elixir de crescimento acelerado. Mas hoje, sábado, com o lançamento de ‘A Ditadura Encurralada’, quarto volume da coleção, a história já mudou de figura, como acontece sempre que desembarca nas livrarias um novo tratado de Gaspari sobre a ditadura.
Desta vez, os caminhos de Golbery e Velloso se cruzam tanto que em certos pontos dessas 525 páginas eles parecem estar em posições trocadas. Em abril de 1977, por exemplo, encontra-se o ministro do Planejamento diante do Conselho de Segurança Nacional, sugerindo que o presidente Ernesto Geisel, no recesso forçado do Congresso, baixasse o quorum para aprovação de emendas constitucionais, ‘destravando a porta para novas reformas depois da reabertura do Parlamento’. E Golbery, na ocasião, tentou enfiar no pacote de medidas autoritárias a revogação do AI-5. Isso numa equipe em que o general Hugo Abreu, da Casa Militar, propôs que se produzisse por decreto a maioria absoluta do governo nas duas casas do Legislativo, com ou sem voto. A proposta do economista saiu. A de Golbery gorou.
De Velloso, o livro conta que inspirou o ministro da Justiça a investigar ‘a naturalidade da família Civita, dona da editora Abril’, e, ‘dissimulado na modéstia’, permitiu que ‘o serviço de divulgação do Ministério do Planejamento informasse que fora agraciado com a grã-cruz da Ordem Estadual Renascença do Piauí’. De Golbery, lembra que, nos panfletos disparados pelos aparelhos de repressão sobre os quartéis, era chamado de ‘Joaquim Silvério desonesto’, ‘advogado dos comunistas-terroristas e comunistas de batina’ e ‘Gregório Branco da Revolução’.
Esses folhetos saíam em capítulos. Compunham a ‘Novela da Traição’. Um deles mostrou-o ‘pendurado numa corda’, com a legenda: ‘Castigo de Traidor é a Forca’. No DOI de São Paulo – ou seja, no Destacamento de Operações e Informações, a central da durindana política – houve presos que ouviram o seguinte: ‘Você sabe onde é que você está? Aqui é o porão do regime! Agora, seu filho da puta, sai daqui e vai falar com aquele comunista de Brasília, aquele puto do Golbery! Vai se queixar lá com aquele comuna, porque a gente não vê a hora de pendurar ele aqui também’.
Mas o ministro José Dirceu não podia mesmo saber dessas coisas. Aqueles eram tempos muito estranhos. Vivê-los, ainda que no olho do furacão, como o chefe da Casa Civil, que os passou entre a liderança estudantil e o cárcere, entre o banimento e a clandestinidade, não era uma garantia de entender claramente o que estava acontecendo. Se fosse, os livros de Gaspari não teriam somado até agora 1.987 páginas sem exaurir seu estoque de surpresas. Sem lê-los, é melhor não falar da ditadura.
Numa semana em que o país queria saber quem matou Lineu, ‘A Ditadura Encurralada’ vem contar como caiu do ministério do Exército o general Silvio Frota. É uma história de 1977. Seu desfecho está narrado com todos os detalhes entre as páginas 22 e 41 do primeiro livro de Gaspari, ‘A Ditadura Envergonhada’, que saiu em 2002. Pelo tamanho da obra e pela antipatia do tema, já deveria ter passado há muito tempo do ponto em que nem o autor agüentasse mais o assunto.
Mas, à medida que amadurece, a série fica ao mesmo tempo mais legível e mais lida. Está à venda até nas lojas de conveniência dos postos de gasolina, ao lado dos livros de Paulo Coelho. Do primeiro livro, ‘A Ditadura Envergonhada’,saíram até agora 120 mil exemplares. Do segundo, ‘A Ditadura Escancarada’, 95 mil. Do terceiro, ‘A Ditadura Derrotada’, 80 mil. E o quarto ainda vem tão carregado de informações, que só para amarrá-las a suas respectivas fontes precisou de 1.525 notas de pés de página. Cita nada menos de 75 entrevistados, além dos livros, jornais, revistas, obras de referência e arquivos que foram consultados durante uma pesquisa que já dura pelo menos 20 anos e é quase tão longa quanto o regime que não cansa de debulhar.
O maior trunfo de ‘A Ditadura Encurralada’ tinha tudo para ser a sua grande fraqueza. É que, nele, todos os acontecimentos decisivos ficaram para trás: a queda do governo Goulart, o golpe de 1964, a crise do AI-5, a eclosão da luta armada, a carnificina do Araguaia, a derrota do regime na eleição parlamentar de 1974 e até a demissão de Frota. Pela frente praticamente só lhe resta a posse do general João Figueiredo na presidência da República, para fechar, em tom de farsa, o ciclo dos governos militares. E os seis anos de Figueiredo não interessam sequer ao próprio Gaspari, como ele avisou lá vão quase duas mil páginas.
E o resultado é que, livre da obrigação de desenhar o mural, ele agora está solto como nunca para cuidar dos detalhes. Valem por um livro inteiro, e dos bons, as 20 páginas que descrevem como Italo Zappa e Ovídio de Melo, dois diplomatas brasileiros que gostavam de se meter em política externa por falta de pendor para colecionar tapetes persas, viraram pelo avesso as relações do Brasil com a África na independência de Angola e Moçambique, quebrando muita louça no Itamarati e deixando na poeira a ‘figura hollywodiana’ do secretário de Estado americano Henry Kissinger. Vale até hoje pelo menos uma capa de revista a aventura internacional do SNI, que tramou com o general Antônio de Espínola a invasão de Portugal, para retomá-lo dos esquerdistas em plena febre libertária que sucedeu ao Salazarismo. E ainda vale uma edição completa de qualquer suplemento cultural que se preze a dissecação da cabeça dos estudantes, que saíram às ruas nos anos 70 sem gritar ‘abaixo a ditadura’ nem recitar dogmas comunistas, apresentando ao regime um novo tipo de insolência que, por incapacidade de entender, os generais mal sabiam como reprimir. Tinham quase a mesma idade da ditadura. Eram, portanto, muito jovens. E ela estava ficando muito velha.
Isso tudo é brinde, num livro sobre Geisel e Golbery em que o principal personagem é a comunidade de informações, ‘que a ditadura supusera ser um ingrediente de estabilidade’ e ‘tornara-se fator de desordem e indisciplina’. Com mais de 500 militantes do PCB em suas fichas, o DOI sabia mais do partido do que seus últimos dirigentes, naquele momento dispersos ou foragidos. Ao contrário do que acontecera em 1969, não havia mais do outro lado quem falasse, como como os titulares do regime, em ‘guerra revolucionária’. Foi aí que seus agentes, tendo liquidado os inimigos, passaram a inventá-los. Aliás, ficaram mais sanguinários do que nunca. Seus presos se ‘enforcavam’ na cadeia com meias, cintos, toalha de rosto ou até a ‘tira de pano’ do macacão do DOI que teria servido para o suicídio do jornalista Vladimir Herzog, embora o macacão do DOI não tivesse cinto. A máquina da repressão política estava entregue à ‘tigrada’, protegida pela doutrina circular que considerava as denúncias de tortura, ‘por inadmissíveis, inverossímeis’ e ‘por inverossímeis, inverídicas’.
Dessa fábrica de ameaças saiu até um relatório que listava 46 atentados num ano. Seis eram reais. Todas elas, produzidas pela nova modalidade de terrorismo terrorista que o governo chocara nos porões. Houve um dossiê do CIE advertindo que ‘o infiltrado é antes de tudo um legalista, procura agir dentro da lei e da ordem’. Ou seja, diz Gaspari: ‘Não havia saída. Se a esquerda se movia, era acusada de mover-se. Se recuava, era acusada de fingir-se de morta. A tigrada precisava da desordem. Como ela não existia, tinha de providenciá-la’.
Girando em falso, por falta de carne verde fresca para moer, a manivela da comunidade de informações gerava monstrengos, como a ficha do poeta e diplomata João Cabral de Mello Neto: ‘Autor de vários livros de poesia e da peça Morte e Vida Severina, na qual explora a situação psicossocial do Nordeste através de uma forte mensagem de incitamento à luta de classes’. Disparava ameaças anônimas até contra o general Newton Cruz, que ao sufocar passeatas em Brasília de chicote na mão passou à posteridade como uma das feras do regime, mas era chamado de ‘traidor e traiçoeiro’ por manifestos anônimos que lhe prometiam o mesmo fim de Herzog.
Quando atirava a esmo, ela parecia ridícula. Foi assim com a denúncia de uma funcionária da Escola Corcovado no Rio de Janeiro. Aos cuidados do SNI, a intriga floresceu num plano da comunidade alemã para ‘preparar nos bancos escolares uma elite de brasileiros e alemães, que em futuro próximo constitua um grupo de defesa dos interesses políticos alemães no Brasil’.
‘Assombrado com o ‘grau de socialização’ da República Federal Alemã’, explica Gaspari, ‘o Serviço suspeitava dos propósitos de uma campanha que ofereceria cursos grátis de alemão a crianças brasileiras. Conclusão: ‘Pretende-se criar na América Latina […] um foco de contrabando ideológico e de revolução pedagógica, incompatíveis com as diretrizes político-educativas nacionais’. Isso no governo de um general cujo pai falava alemão em casa’.
Dito assim, a repressão parece menos perigosa do que folclórica. Mas ela não estava brincando. Em 1975, quando Golbery foi levado à UTI por duas operações de descolamento de retina e uma parada renal, seus médicos foram abordados mais de uma vez por recados que pediam para deixar o paciente morrer. Mais tarde, a guarda pessoal de Geisel se ofereceu a um comandante para matar o presidente: ‘Chefe, é só o senhor marcar o dia que a gente queima o homem’. Cogitou-se em seguida de derrubar o helicóptero de Geisel com um tiro de bazuca.
E era montado nessa tigrada que parecia rumar para a presidência da República o general Silvio Frota, como em 1967 outro ministro do Exército, o marechal Costa e Silva, levara a sucessão de Castello Branco na garupa da linha dura. O ministro manteve com Geisel uma relação estranha e contraditória. Durante quase todo o governo, se Frota avançava, Geisel recuava, e se Geisel rugia, Frota enfiava a viola no saco. Quando a retaguarda militar acuava o presidente, quem pagava a conta era o programa de ‘distensão’ que Golbery formulou e passou anos cerzindo nos discursos de Geisel, sempre que ele puía. Sem ele, a palavra certamente não teria durado o mandato inteiro. Houve uma fase de recuo em que o país precisou ouvir que distensão era ‘a regularização do abastecimento de gêneros alimentícios’. No palácio, a demissão do ministro foi esperada por tanto tempo que tinha até nome, nos papéis do secretário da presidência Heitor Ferreira. Era o ‘Bum!’ ou ‘A Cousa’. Numa dessas idas e vindas, Geisel chegou a jogar um telefone em cima do secretário, que reclamara da mansidão de sua conversa numa ligação de Frota.
Em troca, no feriado de 12 de outubro de 1977 em que mandou o ministro para casa e o enquadrou definitivamente num pijama, Geisel encontrou no Alvorada um pequeno saco de batatas e um cartão de Heitor Ferreira: ‘Ao vencedor…’. Sozinho, o general ‘restabelecera a autoridade constitucional do presidente da República sobre as Forças Armadas’. Para o regime, era uma mudança e tanto. Quase três anos antes, Geisel assumira uma ‘ditadura sem ditador’. Daquele dia em diante, estava pronto para fechar o mandato como um ‘ditador sem ditadura’, lançando sua candidatura à posteridade como protagonista de quatro dos melhores livros já escritos sobre a história do Brasil.’
Alceu Luís Castilho
‘Manoel Cyrillo: ‘Elio Gaspari cometeu um crime ao ocultar documento da ditadura’’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 24/06/04
‘O ato nesta quinta-feira em São Paulo em homenagem ao operário Virgílio Gomes da Silva, em 1969, contou com uma acusação ao jornalista Elio Gaspari, autor de livros recentes sobre a época da ditadura militar. ‘Elio Gaspari ocultou por anos e anos uma prova de tortura, a gravação de um ditador (Ernesto Geisel) dizendo que matar era necessário’. afirmou o ex-guerrilheiro Manoel Cyrillo na sede do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. ‘E está aqui um dos assassinados pela ditadura, Virgílio.’
Assim como Virgílio, Cyrillo participou do seqüestro ao embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, em 1970. Ouvido pela Agência Repórter Social, Gaspari logo reconheceu seu nome. Mas o jornalista se recusou a comentar o caso. ‘Não dou entrevista, só falo à imprensa’, afirmou.
A frase exata de Geisel, revelada por Gaspari, teria sido dita pouco antes de ele assumir a Presidência: ‘Esse negócio de matar é uma barbaridade, mas acho que tem que ser’.
Segundo Cyrillo, a frase prova que a tortura e as mortes ‘eram coisa do Palácio do Planalto’.
‘Em qualquer país do mundo (a retenção das fitas por Gaspari) seria considerada um crime. ‘Neste país se endeusa o criminoso, o contraventor’, afirmou.
Gaspari tem um projeto de cinco livros sobre a ditadura. Já foram lançados ‘A Ditadura Derrotada’, ‘A Ditadura Envergonhada’, ‘A Ditadura Escancarada’ e ‘A Ditadura Encurralada’.
A reportagem insistiu com o jornalista para que ele respondesse a Cyrillo, mas Gaspari reiterou a postura de não dar entrevista.
Cyrillo é hoje funcionário da Ouvidoria-Geral da Petrobras.’
Luiz Chagas
‘Surge o monstro’, copyright IstoÉ, 28/06/04
‘Enfeixado numa casaca e espetado por uma condecoração, o presidente Ernesto Geisel parecia tão à vontade quanto um peixe fora d’água naquela noite de maio de 1976, em Londres, num banquete oferecido a ele no Palácio de Buckingham. Desde 1963, quando João Goulart compareceu ao funeral do papa João XXIII, nenhum governante brasileiro havia visitado a Europa. E lá estava o ‘Alemão’, empertigado diante da anfitriã, a rainha Elisa-beth II, cochichando para a mulher, dona Lucy: ‘Quem diria, nós aqui no meio deste soçaite.’ No entanto, tal desapego ocultava uma vitória inegável. O general Geisel estava sendo tratado como um estadista, e não como um ditadorzinho latino-americano de opereta.
Esta vocação imperial do austero Ernesto Geisel é um dos eixos que sustentam A ditadura encurralada (Companhia das Letras, 528 págs., R$ 56), segundo volume da trilogia O sacerdote e o feiticeiro e quarto de um painel definitivo de cinco sobre o regime militar escrito pelo jornalista brasileiro nascido em Nápoles Elio Gaspari. O livro cobre os cerca de mil dias que separam a vitória da oposição nas urnas, em 1974, da demissão do general Sylvio Frota, ministro do Exército, em outubro de 1977. Outro eixo no qual se apóia a narrativa é o que o ex-presidente Juscelino Kubitschek chama de ‘O monstro’, referência à opinião pública, cuja presença vinha sendo sentida paralelamente ao crescimento de uma nova esquerda.
Em A ditadura derrotada (Companhia das Letras, 554 págs., R$ 49,50), primeiro volume de O sacerdote (Geisel) e o feiticeiro (o amigo e chefe da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva), o que se lê são os acontecimentos na cúpula governamental. À época, ao mesmo tempo que Geisel dava o sinal verde para a aniquilação física da esquerda, havia um remanejamento interno visando à vitória nas eleições de 1974, ou seja, a legitimação do regime. Mas o que se sucede é inusitado, pois nem o MDB, a oposição no sistema bipartidário vigente, esperava uma vitória esmagadora. Caso contrário, lideranças da importância de Ulysses Guimarães teriam se candidatado no lugar de novatos como Orestes Quércia, cuja votação foi um fenômeno.
No início de A ditadura encurralada há a descrição de um encontro – mantido secreto durante anos – entre Golbery, Ulysses e Thales Ramalho, secretário-geral do MDB, e a citação de que a censura a diversas publicações havia sido suspensa. Ou seja, algo mudara. Maomés e montanhas passaram a se encontrar. No ar, pairava a frase de Geisel referindo-se a uma ‘lenta, gradativa e segura distensão’. Aliás, ‘distenção’ com ç, como a linha dura do Exército grafava a palavra que podia embutir qualquer coisa. Desde que fosse quando e como o presidente quisesse. Golbery passou a ser atacado por panfletos apócrifos. Sua saúde foi abalada por um descolamento de retina e por uma úlcera perfurada. Geisel imperava. Enquanto cuidava de assuntos como a implantação de usinas nucleares – um retumbante fracasso – e o reconhecimento do novo governo de Angola, apoiado por Fidel Castro, o presidente brasileiro tinha à frente a tarefa de fazer seu sucessor. As opções não eram muitas. Generais de quatro estrelas, haviam 12. Entre os nomes mais viáveis despontavam João Baptista Figueiredo, chefe do SNI, e Sylvio Frota, guindado à posição de ministro do Exército com a súbita morte de seu antecessor Dale Coutinho. Frota não era um conspirador, mas seu coração estava com a ‘tigrada’, apelido dos militares mais rígidos.
‘O monstro’ faz sua primeira aparição na missa em memória do jornalista Vladimir Herzog, morto no Destacamento de Operações Internas (DOI), em São Paulo. A ‘besta’ saída da Universidade de São Paulo, que se denominava trotskista, surpreendeu a todos e voltaria sob forma popular no enterro de quem a previu: Juscelino Kubitschek, político cassado pelo regime. Quando o metalúrgico Manoel Fiel Filho morre em circunstâncias idênticas às de Herzog, Geisel demite o general Ednardo D’Ávila Mello do comando do II Exército e parte no encalço de Frota, que é encurralado em 12 de outubro de 1977.
Elio Gaspari promete o volume final em cinco anos. Em janeiro, o jornalista embarca para os Estados Unidos, onde deverá desfrutar de uma bolsa de seis meses na Universidade de Harvard para as pesquisas, que, somadas às 30 mil fichas armazenadas nos seus computadores, à íntegra do arquivo Golbery e ao diário de Heitor Ferreira, secretário particular de Geisel, deverão formar A ditadura desmantelada ou desmanchada ou um título completamente diferente, não se sabe. O livro tratará do fim do governo Geisel até a posse de João Baptista Figueiredo. No entender do autor, este governo foi ‘a maior vitória de Golbery’, pois estendeu a ditadura por mais seis anos. Frota poderia ter saído em 1975, mas Geisel só queria demiti-lo aos 43 minutos do segundo tempo. Conseguiu. Na ocasião, encontrou um pacote de batatas fritas sobre sua mesa, presente de Heitor Ferreira, que citou Machado de Assis num bilhete: ‘Ao vencedor…’’