O Project for Excellence in Journalism, instituto de pesquisa filiado à escola de jornalismo da Universidade de Colúmbia e financiado pela fundação Pew Charitable Trusts, divulgou na semana passada a segunda edição do estudo anual ‘The State of American News Media’. Feito em parceria com outras instituições de pesquisa e universidades, o estudo tem como objetivo reunir e analisar a maior quantidade possível de dados sobre diferentes segmentos da mídia americana, entre eles jornais, revistas, TVs aberta e fechada, internet, rádio e mídia étnica e alternativa.
Os resultados revelam que os jornais continuam oferecendo aos leitores as coberturas mais completas e aprofundadas. Mesmo assim, perderam uma boa parcela de seu público em 2004. A queda da circulação no ano passado foi estável – desde 1990 os jornais dos EUA apresentam queda anual de 1% nas vendas –, mas os veículos contaram com um probleminha a mais. A descoberta de que índices de circulação de alguns jornais haviam sido inflados provocou uma crise de perda de credibilidade e insegurança.
Os lucros da indústria da notícia cresceram em 2004. Chegaram a mais de 22%, segundo estimativas de analistas, e devem continuar subindo em 2005. Paradoxalmente, a pressão pelo aumento de receita também cresceu, e com ela as demissões nas redações ainda são uma constante – mesmo nos meios promissores, como a internet. ‘Mesmo com a audiência online crescendo, 62% dos jornalistas de internet disseram que as redações em que trabalham sofreram cortes recentemente’, afirma o relatório. O número representa quase o dobro dos cortes realizados na imprensa escrita, rádio e televisão, que chegam a 37%.
Fontes anônimas e eleições
O estudo descobriu que o uso de fontes anônimas em jornais caiu substancialmente em 2004. Na pesquisa feita com centenas de artigos de 16 jornais americanos, viu-se que em apenas 7% dos textos os repórteres não identificavam suas fontes. Em 2003, este índice era de 29%. Segundo o relatório, quanto maior o jornal, mais ele faz uso das fontes anônimas. Os jornalões, como The New York Times, The Washington Post e USA Today, recorreram a estas fontes, em média, em 12% dos seus artigos, enquanto os jornais menores as usaram em apenas 3% dos textos.
A cobertura das eleições presidenciais de 2004 também foi analisada. Segundo o estudo, a cobertura sobre o presidente republicano George W. Bush foi mais dura do que a dedicada ao candidato democrata John Kerry. Juntando os segmentos de mídia nos EUA, a cobertura focada em Bush foi três vezes mais negativa do que a em Kerry.
Os resultados completos do estudo podem ser encontrados no sítio www.stateofthemedia.org. Informações de Joe Strupp [Editor & Publisher, 13/3/05] e Katharine Q. Seelye [The New York Times, 14/3/05].