Daniel Okrent deixa o posto de editor público do New York Times apenas no final de maio, mas Joe Strupp, da Editor & Publisher [14/3/05], já foi entrevistá-lo para um balanço de seu mandato de 18 meses. Ele foi o primeiro ombudsman da história do jornalão, que resolveu criar o cargo após o escândalo do repórter-plagiador Jayson Blair. Quando sair do Times, Okrent já tem garantida uma bolsa de pesquisa do Center on the Press, Politics, and Public Policy da Universidade Harvard, para escrever sobre sua experiência como editor público.
Okrent compara ser ombudsman com um tratamento dentário de canal, mas ainda assim se diz satisfeito por ter aceitado o desafio. Após a publicação quinzenal de suas colunas, sempre recebia dezenas de e-mails irados e ameaçadores. Em certa época decidiu que pararia de ler e-mails e blogs à noite. ‘Agora durmo melhor’, conta. A ocasião em que se sentiu mais ameaçado foi quando revelou o nome de um leitor que havia escrito e-mails insultando um repórter do jornal. Muitos blogueiros se voltaram contra Okrent e um deles disse que publicaria o endereço e telefone de sua casa, além da localização da faculdade de sua filha.
Com o editor-executivo Bill Keller também houve alguns momentos de atrito, mas, garante o editor público, nunca houve interferência da chefia em seu trabalho. Apesar dos perigos, o ombudsman considera sua experiência positiva. ‘Para aqueles que consideram que o Times é o mais importante veículo jornalístico do mundo anglófono, é empolgante estar envolvido com ele diariamente, passando por todos seus departamentos’.