Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A sombra de Jack Kelley permanece

Já faz tempo que o repórter Jack Kelley deixou o USA Today por inventar reportagens, mas o jornal, o mais lido dos EUA, continua seguindo regras estritas para evitar novos escândalos, segundo artigo de Howard Kurtz para o Washington Post [21/3/05]. Todos os dias, o editor Ken Paulson consulta o ombudsman Brent Jones para saber se os leitores contestam algo que foi publicado.

O uso de fontes anônimas também está suspenso. O repórter que quiser incluí-las tem que ‘consultar um editor administrativo, identificá-la – o que foi o principal problema da confusão com Kelley –, explicar por que devemos confiar nela e em que ela contribui para a matéria’, explica Paulson.

Desde o caso Jack Kelley, o editor tem promovido a comunicação dentro do USA Today, para que tudo seja feito às claras. Os funcionários concordam que ele tem sido acessível, mas questionam se o diário está melhor como produto, já que, ao mesmo tempo em que se adotaram novos procedimentos de controle do conteúdo, houve corte de pessoal.

Líder nacional

Quando surgiu, nos anos 80, com seu estilo colorido e popularesco, o USA Today era alvo de piada dos outros jornalões americanos. Hoje, como líder nacional, com tiragem de 2.3 milhões de exemplares diários, é imitado pelos concorrentes mais ‘sérios’.

Ainda assim, sua estrutura de cobertura está aquém da concorrência, pois tem apenas quatro escritórios fora do país, incluindo um recém-aberto em Bagdá. Outra representação foi criada na Cidade do México, em parceria com o Christian Science Monitor. Há planos de reabrir escritórios em Boston, Chicago e Austin, segundo Paulson, mas dividindo gastos com outros jornais do grupo Gannett, proprietário do diário.

Com público majoritariamente masculino, o jornal investe forte nos esportes e é criticado por menosprezar a política. ‘Acreditamos firmemente que temos que monitorar o que acontece em Washington, mas também temos que explicar por que isso importa às pessoas em Idaho, Iowa e Montana’, observa o editor.