Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Quando notícia e opinião se encontram

Segundo o editor-público do New York Times, Daniel Okrent, em seus 16 meses no cargo, entre os 1.200 empregados da redação do jornal, ele nunca encontrou ninguém que tenha sofrido pressão ou sequer sugestão para impor a uma reportagem o mesmo ponto de vista da seção opinativa do diário. Os leitores muitas vezes pensam que não, mas em jornais com uma proposta séria, como são o Times, The Washington Post, The Wall Street Journal, entre outros tantos, não há ordens superiores para dar tendência a uma matéria. Os editoriais, sim, tomam partido, e, no caso do Times, ultimamente, têm sido claramente liberais. Portanto, em geral, há uma separação entre o conteúdo informativo e o opinativo.

A exceção, na qual, segundo Okrent, pode residir a fórmula do jornal do futuro, são as reportagens escritas por colunistas. Cada caderno tem normas distintas para esse tipo de texto, mas, segundo o editor-público, são cada vez mais comuns os textos opinativos inseridos em meio ao conteúdo noticioso, às vezes sem identificação muito clara. No caderno de cultura, por exemplo, as críticas são identificadas como tal e o leitor sabe que refletem a opinião de alguém sobre determinado filme, exposição, peça ou espetáculo. No caderno de esportes, no entanto, são freqüentes capas para artigos que misturam informação com opinião. ‘Max Frankel, editor-executivo do Times entre 1986 e 1994, certa vez me convenceu de que as inovações jornalísticas normalmente surgem nas páginas esportivas’, escreve o ombudsman.

Os jornais, num mundo cada vez mais saturado de informação, poderão se especializar em oferecer notícias com opinião. Os leitores encontrarão em suas páginas tudo aquilo que já sabem da TV, do rádio e da internet, mas adicionado da inteligência e das observações de gente que sabe do que está falando. Contudo, enquanto esse tempo não vem, é bom que o leitor saiba o que é notícia e o que é opinião.