Uma onda de repressão ameaça as emissoras de TV no Afeganistão, reporta a organização Repórteres Sem Fronteiras [29/3/05]. Liderada pela bancada conservadora do sistema judiciário do país, a campanha tem como objetivo principal banir as emissoras que transmitem programação ‘anti-islâmica’.
Em novembro do ano passado, foi criada uma comissão de controle da programação de TV. Neste mesmo mês, 10 canais a cabo foram proibidos de funcionar temporariamente. O ministro da Informação fez ainda um pedido para que diretores de emissoras estatais e privadas parassem de transmitir programas ‘incorretos islamicamente’, principalmente filmes ocidentais e indianos que mostram mulheres sem véu no rosto e se comportando de maneira chocante para os afegãos.
Em 13/3, o conselho do judiciário pediu ao governo que faça com que os canais parem de levar ao ar programas ‘imorais’. Os cerca de 100 membros do conselho, em Cabul, criticam em especial a Tolo TV, primeira e única emissora aberta privada do Afeganistão. Fundada pelo grupo de mídia australiano-afegão Moby Capital Partners, a emissora se destaca por transmitir filmes ocidentais como Os Dez Mandamentos e videoclipes de artistas como a polêmica cantora Madonna.
Os diretores da Tolo TV negam transmitir programação anti-islâmica. O presidente da emissora sofre com o cerco da comissão desde fevereiro, quando foi intimado a mudar um programa musical e substituir um apresentador. Os membros da comissão também disseram a ele que alguns dos jornalistas da emissora não eram ‘respeitáveis’.